mulher fatal

Quando a madrugada trazia o mais profundo silêncio, ela corria até a

pequena janela. Fixava os olhos naquela rua aparentemente morta por longos

minutos. Então, sua mente fantasiava tudo que uma jovem garota de 16

anos jamais deveria se quer sonhar. Nesse momento podia sentir o sangue

quente circulando em suas veias, deixando-a absorta em seus pensamentos

pecaminosos.

Baixava os olhos e sorria repentinamente, um riso ensandecido que

assombraria até mesmo os mais intrépdosdemônios do inferno. Começava a se despir ali

mesmo e fazia daquela minúscula janela o seu palco. Dançava suavemente e

pousava as mãos entre os seios, enquanto girava a cabeça em uma

tentativa de visualizar alguém naquele lugar desértico. Eis que então, uma

hora ou outra sempre passava algum carro com um jovem magnata no volante

que inebriado com o que via, parava afim de apreciar o espetáculo.

Aquela garota tinha um charme que despertava os mais selvagens

instintos, e pior, tinha plena consciência disso. Erguia os braços e

começava acenar para o motorista, mordendo os lábios e movimentando os

quadris freneticamente. Erguia as pernas e as colocava para fora da janela e em um ato

contorcionista invejável passava na fresta que certamente deixaria uma

criança em maus lençóis. Os pés descalços pareciam flutuar naquelas

pedras que cobriam a calçada e a porta do carro era aberta por suas

ágeis mãos.

Sentava-se imediatamente no banco carona, e o motorista já perdido em seus

desejos mais profundos, olhava-na em êxtase, e era retribuído com um

doce e quente beijo, que parecia incendiar seus corpos. Encostava

suavemente seus rubros lábios na orelha do jovem e sussurrava

excitantemente:

- Me leve com você!

O carro saía em disparada, e antes que se pensasse em parar em qualquer

motel de luxo, ela calmamente pedia para que o motorista seguisse um

caminho dito por ela em uma espécie de sinfonia celestial, que prendia a

atenção máxima de seu ouvinte. Chegando no local estabelecido, ela então

puxava o condutor em uma lascivolalidade desesperada, e em instantes o

sexo mais sujo e promíscuo acontecia. Nesse bairro afastado, atrás de

dois terrenos abandonados, ela elevava o que se conhecia como prazeroso

a um nível inimaginável.

Quando tudo chegava ao fim, ela se levantava e a luz da lua cheia era o

holofote principal para sua próxima cena.

Seus longos cabelos loiros, já desgrenhados eram jogados para o lado e

seus olhos começavam a escurecer. Se abaixava e perscrutava

seu mais novo amante com uma intensidade avassaladora. Sentindo-se

desconfortável, sempre havia a vontade de se levantar, mas aquela voz suave

impedia sem maiores dificuldades. Em poucos segundos o indivíduo se via

diante das piores coisas que já fizera na vida. Via-se os crimes

cometidos, os gritos de ódio, as palavras cínicas, a arrogância nos

olhos. Suas unhas finas e pontiagudas adentravam a pele do rosto e

era inevitável não expelir sangue. Com movimentos rápidos e precisos, cravava

suas unhas na barriga de seu algoz, arrancando-lhe gritos

esganiçados. Mexia e remexia as mãos naquele poço de órgãos e sangue, com

a certeza de que sua vítima não faria nenhum movimento. Não por falta de

vontade, mas sim por estar sob efeitos incompreensíveis a humanos

comuns.

Suas mãos subiam lentamente até alcançarem o coração, que era lentamente

arrancado. Ela o segurava nas mãos, com a alegria de quem levanta um

troféu. Sorria assustadoramente e o colocava na boca. Fazia inúmeras

trocas de expressão, das mais angelicais as mais horripilantes, enquanto

colocava e retirava o órgão ainda pulsante da boca, espalhando sangue por todo o seu

corpo, e mesmo assim, tentava transmitir uma sensualidade no ato. Quando

decidia, o mastigava de uma vez. Voltava a arrancar generosos pedaços

daquela carne ainda fresca, comendo-os selvagemente. Assim que se sentia

saciada, seu corpo já havia se tornado um mar vermelho. Finalmente

lembrava-se de que era um demônio que conseguira após inúmeras batalhas,

adquirir um avatar humano para habitar. Abria os braços e gotas vermelhas

pintavam o chão.

Começou a dançar sobre o cadáver, relembrando as mais de cem pessoas que

assassinara de forma idêntica. As gargalhadas eram irônicas ao

recordar as manchetes de jornais que mostravam a polícia totalmente sem

norte para as investigações.

Fitou demoradamente o céu azul e retomou sua forma humana, linda e sem

qualquer rastro dos horrores anteriores.

Colocou as mãos na cabeça e lembrou que seu prazo acabara ali. Sentiu-se

leve e poderosa por tudo que fizera. Levantou os braços e então

sentiu-se sugada pelo solo úmido até as chamas fumegantes daquele

inferno que tanto amava.

deleite

As gotículas de água reluziam naquele corpo perfeito. Assim era Irene,

com seus vinte e poucos anos, cabelos longos e lisos, traços finos e um

busto incrivelmente grande. Havia acabado de sair do banho, e vestiu-se

para dormir. Seus olhos azuis

sempre distantes, refletiam sua amargura. Já estava casada com Vicent a

três anos, fato este que foi consumado por meras questões familiares.

Seu pai a obrigara a se comprometer com esse homem trinta anos mais

velho, para se beneficiar nos negócios. Vicent era um típico ranzinza e

autoritário que muitas vezes agredia Irena apenas para mostrar que tinha

força e poder.

Ela se olhava no espelho e relembrava todas as tristezas desse casamento

que não a trazia nenhuma alegria. O marido a a tratava como objeto,

preocupando-se apenas com o prazer próprio. Nunca tivera uma noite feliz

com aquele homem que aprendia odiar a cada dia, mas o medo a impedia de

tomar qualquer atitude.

Já exausta, deitou-se na cama e se cobriu, o marido já roncava

irritantemente, como fazia todas as noites. Sua mente era um turbilhão

de pensamentos e começara a prever uma insônia completa. Minutos depois,

sentiu uma mão grande e macia a afargar-lhe os cabelos ainda úmidos.

Sabia que aquela não eram as mãos de sVicent, mas a sensação era

totalmente nova, e ela se sentia feliz em ter os cabelos remexidos de

forma tão singela. Aquelas mãos desceram para a nuca e um arrepio foi

inevitável. A ponta dos dedos lhe massageavam toda a face, lhe

acariciando as bochechas, a ponta do queixo e ela se sentia entregue

como jamais sentira. De repente, aquelas mãos pararam e ela se sentiu

quase suplicante por aqueles carinhos, mas a pausa durou apenas alguns

segundos que para a moça pareceram horas. Sentiu seus lábios sendo

sugados e um beijo quente e ardente, que a deixou sem fôleco aconteceu.

Ela passou a retribuir e se sentia alucinadamente excitada, com os

lábios em movimentos ininterrúpitos. Não se importava com quem estava

beijando, só queria sentir aquele prazer todo, queria que aquilo durasse

para sempre. As mãos dele foram descendo e tocaram seus senhos que já

se encontravam entumecidos desde o início. Ele os tocava com perícia e

ela por muitas vezes deixou escapar sons quase inaldíveis, mas que

transmitiam a plenitude que sentia. Aquela boca fumegante se encostou ao

ouvido de Irene e sussurrando disse: venha comigo, eu posso te oferecer

tudo que mereces, seja minha! Ela se descontrolou e agarrou os braços

dele, puxando-o para si, as mãos dele a dispiam lentamente e seu corpo

tremia incessantemente a cada toque. Sentiu-se finalmente invadida,

dominada e aquilo era como estar no céu. Os movimentos dos quadris eram

fortes e ritmados. Ele parecia interpretar cada movimento, cada

expressão e a levava a um prazer nunca imaginado. Começou a gritar alto

e se contorcer freneticamente enquanto ele despejava os fortes jatos de

esperma dentro de si.

Sentia-se feliz como jamais acreditava ser possível, e então aquela voz

grave e sedutora sussurrou novamente em seu ouvido:

Você é perfeita! Venha comigo!

Acabe com este infeliz e te levarei comigo.

De repente seus olhos se abriram e se viu deitada, totalmente nua, e

sabia que algo tinha acontecido porque se lembrava de tudo. Olhou para o

lado e o marido ainda dormia profundamente. Aquelas palavras que lhe

foram sussuradas não saíam de sua mente e ela se levantou da cama e

praticamente em tranze foi até a cozinha. Procurou pela faca mais afiada

e seguiu de volta ao quarto. Entrou o mais sorrateiramente possível,

seus pés mal faziam barulho naquele chão de taco. Olhou para aquele

velho com um ódio mil vezes maior que o que tinha a algumas horas atrás.

Seus olhos o fitavam fixamente e em um ato rápido e certeiro, enfiou-lhe

a faca no pescoço, atravessando a garganta. Vicent se revirava e emitia

sons estranhos enquanto o sangue jorrava por toda a cama. Irene começou

a sorrir e já não parecia a moça delicada, triste e extremamente frágil.

Saltava e dançava totalmente nua, vendo o marido morrer lentamente.

Assim que a agonia de Vicent terminou, ela sentou-se no chaõ o quarto e

começou a sentir dores na barriga. Parecia haver algo lhe precionando o

ventre com uma força descomunal. Começou a gemer de dor e a ter

contrações pélvicas. Sentiu que havia expurgado algo, e quando olhou

para baixo, havia uma espécie de feto recém-gerado caído. Ainda existia

um cordão que o ligava a ela, e então começou a sentir-se cada vez mais

fraca. Aquela criatura estava sugando-lhe todas as forças e em questão

de minutos Irena estava morta. Totalmente sem cor, rosto pálido e com o

corpo totalmente rígido, se contraindo sozinho devido as condições de

dor e desespero que morrera.

O feto ficou no chão e uma sombra negra invadiu o quarto. Retirou o feto

da mãe e começou a sorrir.

Agora era só levar aquele feto com características humanas a senhora do

inferno para que ela gerasse o demônio mais poderoso do mundo.

lucke
Enviado por lucke em 29/03/2015
Reeditado em 30/03/2015
Código do texto: T5188035
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