Caçadora

Há 4 anos fui pega pela policia e indiciada por 14 homicídios, os quais eu confessei. Eu matei 14 homens, degolei e encaminhei a cabeça em bandejas de prata para suas respectivas famílias com uma carta longa em que eles descreviam crimes sexuais que tinham cometido. Tudo começou quando esses 14 homens começaram a seqüestrar garotas, violentavam, matavam e devolviam partes do corpo para a família. A policia, sempre ocupada, nunca chegou perto deles. Certo dia eles seqüestraram minha irmã, e eu recebi três dias depois seus olhos dentro de uma caixa de vidro embrulhado com uma folha de jornal com a manchete “seqüestradores ainda não foram identificados pela policia”. Eu não sei dizer ao certo o que houve dentro de mim quando abri o embrulho e encontrei a caixa de vidro, fiquei em silencio por alguns segundos, depois subi as escadas, entrei no quarto da Sarah e coloquei a caixa sobre sua cama, arrastei meus olhos para a janela de vidro diante de mim e senti alguma coisa despertar dentro da minha cabeça. Eu não chorei e não me desesperei, apenas senti uma fúria sádica tomar conta de mim. Dois dias depois recebi os dedos da mão direita, e o anel preferido dela escrito “paz, amor e vida”. Irônico eles me devolverem o que para ela significava vida e agora me apresentava sua morte. Cerca de dois meses seu corpo estava montado e congelado do necrotério, fui à única que presenciou cada detalhe da cremação. Visitei uma amiga da faculdade da minha mãe, a qual trabalhava em um laboratório forense, pedi que me ensinasse a procurar digitais no sistema.

- Você quer procurar alguém?

-Sim – respondi cautelosa – um namorado meu, acredito que ele não seja o que diz ser.

A busca não foi fácil, mas encontramos o proprietário da digital escondida na manchete, era de “Carlo Antunem”. Levei alguns meses para o stalkear*, descobri que ele é casado, tem dois filhos, uma garota de 13 anos e um menino de sete anos, trabalha com comunicação em uma grande empresa, é muito bem sucedido e guarda uma lembrança de cada garota que ele seqüestra. O segui todos os dias durante um ano, memorizei o local que ele encontrava os outros caras, os horários de cada um, seus gostos em relação às meninas, o que cada um amava e o que cada um odiava. Meu primeiro alvo foi Carlo, mandei um e-mail dizendo que precisava o encontrar em uma empresa nova que estava interessada em seus serviços. O que não foi minha surpresa, ele caiu na minha conversa e apareceu em um terreno abandonado no local e hora marcada.

- Oi? – ele gritou – Alguém aqui?

- Para um seqüestrador você é bem inocente.

Ele me olhou por cima dos ombros e um largo sorriso atravessou seu rosto, ele se sentia por cima da situação, e esbanjava confiança por seus olhos. Ele virou seu corpo lentamente e ficou diante de mim, forcei um confronto visual e ele cedeu. Ele era alto, cabelos pretos e curtos penteados para trás com muito gel, usava roupa social, e um relógio grande – para demonstrar poder – que escondia parte de uma tatuagem. Não havia medo em seus olhos, não havia duvidas, mesmo que estava diante de alguém que nunca viu em um luar que nunca esteve.

- E quem é você? – ele fez uma pausa enquanto seus olhos passeavam em meu corpo – Devo dizer que é muito linda.

- Corta o papo furado e vamos tratar de negócios.

Ele deu um passo para frente e uma armadilha de urso fechou em sua perna fazendo seu corpo descer e tombar ao chão, eu senti seu grito entrar em minha cabeça e me fez sorrir, inclinei a cabeça pra frente lentamente, olhei por cima dos óculos e soltei um leve sorriso.

- Você não parece ser tão confiante agora – gargalhei.

- Quem é você?

- Caçadora.

Dei as costas e deixei as palavras morrem atrás de mim, me inclinei e peguei um pano, depois caminhei até Carlo com passos lentos e olhar fixo em sua ferida que jorrava sangue, ele desceu os olhos e quando voltou os olhos pra mim saltei sobre ele cobri seu rosto, ele jogou as duas mãos para o rosto mais já era tarde, ele não tinha mais como respirar, e logo ele perdeu a consciência.

Duas horas se passaram e ele voltou em si, estava amarrado em uma cadeira e já não tinha uma das pernas, ele se desesperou. Eu me aproximei e me sentei diante dele, com uma faca afiada comecei a cutucar o curativo o deixando ainda mais desesperado.

- Vamos fazer um acordo. Você escreve uma carta admitindo que matou todas aquelas garotas, e conta detalhes, e eu não mando esse vídeo – apontei para uma câmera filmadora atrás de mim – para sua mulher, seus filhos, e seus colegas de trabalho.

- Você é louca.

- Não. Eu sou um monstro, e você me criou.

Ele cerrou as sobrancelhas demonstrando estar confuso. Joguei o punho contra seu rosto e parei centímetros diante de seus olhos deixando o anel muito bem visível.

- Sarah.

Ele sussurrou o nome da minha Irma com tanto desdém que eu desci o punho fechado sobre sua perna ferida e ele gritou, seus olhos deixaram algumas lagrimas descerem e eu ri sobre seu rosto.

- Está chorando bebê? Chora pra mim, vai.

Bati outra vez o punho em sua perna.

- Para – ele gritou – isso dói.

- Minha irmã pediu pra você parar? – gritei – Pediu?

Ele não respondeu, desceu o rosto para tentar esconder sua lagrima.

- Pediu? – gritei ainda mais alto batendo ainda mais contra sua perna – responde.

- Sim.

- E você parou?

- Sim.

- Mentira - gritei e bati o cotovelo em sua perna – fala a verdade – inclinei o corpo pra frente e deixei o ódio explodir em meus olhos – parou?

- Não.

Sua resposta saiu em forma de grito desesperado. Cortei a corda que prendia sua mão direita e coloquei um caderno sobre suas pernas e uma caneta.

- Você tem 20 minutos, ou você morre como um homem descente para seus filhos, ou eles te verão chorar e sangrar até a morte como um frouxo.

Normalmente dizer isso a alguém como ele não funcionaria, mais neste caso ele tem um pânico inexplicável em se sentir covarde e isto me ajudou. Ele escreveu a carta, eu a coloquei em um envelope rosa, cor preferida da minha irmã, e coloquei sobre seu colo.

- Se a carta cair você perde a cabeça – sussurrei sobre seu ouvido enquanto amarrava sua mão novamente – se ela continuar onde está te dou um tiro fatal e acaba a brincadeira.

Ele engoliu a seco, eu me afastei, peguei um espelho com o mesmo material da caixa que ele mandou os olhos da minha irmã e lancei sobre ele, o espelho partiu em muitos pedaços, ele inclinou seu corpo para o lado oposto deixando a carta cair.

- Opa – gargalhei – pega a carta.

Cruzei os braços e assisti sua tentativa desnecessária para recuperar o envelope.

- Deixe-me te ajudar.

Me inclinei ao seu lado, peguei a carta e joguei em seu rosto.

- Escolhe – apontei para uma mesa no canto próximo a parede – uma faca, uma espada ou uma serra?

Ele começou a chorar como uma criança, as lagrimas lavavam seu rosto, soluços surgiam de repente e por um segundo pensei estar emocionada, mais foi apenas impressão.

- Para de chorar e morre como homem corajoso que matou 20 garotas.

- Não posso morrer, meus filhos e minha mulher precisam de mim.

- Acha que eu me importo? Você tem sorte de eu estar descontando apenas em você.

Ele arregalou os olhos e não previu a faca que lancei em seu pescoço, ele jogou o corpo pra trás e a cadeira tombou com ele, eu saltei por cima da cadeira e cravei a faca em seu pescoço e comecei a cortar a carne com muita raiva, ele gritava e cuspia sangue. Cortei ainda mais rápido, bati a faca no osso até ele quebrar, e continuei cortando, seu corpo entrou em um estado em que tentou puxar o ar desesperadamente soltando um ruído único. Agarrei seu cabelo repleto de gel e puxei sua cabeça pra cima.

- Olha bem pra mim – sussurrei.

De repente lancei sua cabeça contra a parede , abri uma caixa que tinha uma bandeja de prata, coloquei a cabeça dentro e a carta por cima. Enderecei para sua casa, entrei em seu carro, dirigi até a porta da casa dele, coloquei a caixa sobre o carro e caminhei para o lado oposto da rua ligando para a polícia. Me sentei no chão próximo a casa dele e presenciei a chegada da polícia, a multidão de curiosos, o desmaio da mulher, a perícia chegou para avaliar o carro. Senti uma paz tão grande, aquela sensação de dever cumprido. Voltei pra casa, jantei um frango assado maravilhoso e vi minha mãe sorrir pela primeira vez desde que minha irmã morreu, depois fui ao túmulo dela.

Três anos depois eu estava diante da polícia respondendo pela morte dos assassinos da minha Irmã.

- Você admite ter matado aqueles 14 homens?

Um delegado alto e rechonchudo me questionou com um olhar cansado.

- Sim.

Ele arregalou os olhos e engasgou com o café que tomara.

- E por qual motivo?

- Mataram a minha irmã – respondi – não mereciam a vida.

- Você não é deus pra definir quem vive e quem morre.

- E eles são? – reagi – não sou Deus, sou uma caçadora, falta um, e eu vou atrás dele.

Ele me encaminhou para uma psicóloga, dois psiquiatras e uma clinica onde passei 4 anos e fui taxada como psicopata. De repente aquele delegado surgiu na clinica.

- Tori, eu tenho uma proposta bem interessante pra você.

- É? – questionei revirando os olhos – e qual seria?

- Te dou um nome novo, uma vida nova fora do pais se você encontrar uma pessoa para mim – ele fez uma pausa dramática – e matar as quatro pessoas que seqüestraram ela.

- E quem seria essa pessoa?

Ele arrastou os olhos pra mim e sua fisionomia mudou, realmente era alguém importante, ele arrastou uma foto na mesa, desci os olhos para a foto e joguei novamente sobre ele. Inclinei o rosto pra frente e sorri.

- Quando eu começo? – sorri.

Continua....

Ashira
Enviado por Ashira em 21/04/2015
Reeditado em 27/09/2016
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