O Maníaco do crematório – DTRL23

Que odor diabólico era aquele que mesmo a quilômetros de distancia era possível sentir? Um cheiro insuportável, fúnebre. A fumaça escura borrava o céu da tarde formando figuras enigmáticas na vermelhidão do pôr do sol. E aquele cheiro de desespero invadia a cidade.

O crematório era o causador de tanto repúdio,passara anos sem funcionar e agora voltara como se nunca tivesse sido fechado. Recortado contra o céu sinistro era sustentado por bolor, rachaduras e que há anos servia de lar para animais noturnos, roedores e corvos que invadiram o local.

Porém seu funcionamento diário era preocupante, não havia tantos corpos na cidade para que fossem cremados, particularmente a maioria preferia virar comida para germes sete palmos abaixo da terra molhada a ser cremado. Então de onde vinha tanto luto? Perguntas que não era respondidas, uma curiosidade que atormentava e um medo que desamparava os moradores da cidadezinha.

Gorgo era quem trabalhava naquele crematório enigmático, ele era um homem vistoso, atraente e jovem, bem casado e com um casal de filhos. Diante dos olhos da sociedade era um homem de valores, de fé e de honra, porém apenas ele sabia o que acontecia nos interiores da câmara da morte, antes que o fogo consumisse o corpo de belas moças que precocemente morriam. Tudo começara com desejos constantes de acariciar a pele das moças, tão belas deitadas imóveis e desprotegidas, diante dele e do silêncio lutuoso do crematório. Seu desejo diabólico foi crescendo, aumentando e saindo do controle, a ponto de fazê-lo usar aqueles corpos gelados como objetos sexuais e saciar sua vontade sob a penumbra de um desejo proibido.

Porém a falta de novos corpos como os daquelas moças fazia com que seu desejo só aumentasse. Inundado de uma mente macabra, Gorgo decidiu que levaria seus próprios corpos para cremar. O cemitério ao lado era um local assustador e escuro, mas não era o suficiente para impedir que algumas mulheres fossem prestar homenagens aos seus entes queridos. E sempre que uma delas era vista entre as criptas segurando flores se tornava uma vítima perfeita, em seguida seria cremada, o que não levantaria suspeitas e não restariam provas.

O sangue começou a ser derramado dentro do cemitério terminando no interior do crematório, Gorgo estava no ápice de seus desejos doentios, fazia suas próprias vítimas, as matava e em seguida abusava delas de várias formas, a excitação de vê-las deitadas sem vida e sem nenhuma reação era mais forte que a sanidade. E a cada semana fazia uma vítima diferente, ora de cabelos lisos e dourados, ora morena com lindos cabelos ondulados. Sempre que avistava uma mulher sozinha sob o luar, entendia que era uma vítima.

Gorgo cremava o corpo de um homem naquela noite, o cheiro mortuário invadia todo o local e as faíscas invadiam os olhos de maldade do maníaco, a luz da lua iluminava os túmulos e de longe ele conseguiu ver uma vítima, uma moça muito formosa, seu corpo era deslumbrante e cobrindo o seu rosto um lenço que a deixava misteriosa e desejável. O homem sem pensar saiu na calada investindo sua insanidade contra a moça, enquanto caminhava devagar se escondendo entre os crucifixos, corujas o acompanhavam com os olhos de censura e as baratas despregavam-se do chão abrindo o caminho para o assassino. Quando estava bem perto da mulher, espreitou-se atrás de um túmulo e ficou se preparando para o bote certeiro. A mulher abaixou-se para deixar uma rosa sobre um túmulo e ao se levantar novamente já não podia se desprender do golpe do homem, sem rodeios o maníaco passou a lâmina em seu pescoço e a arrastou para o crematório enquanto ela se debatia entre os últimos suspiros de vida.

Ao voltar para o crematório o fogo já havia se apagado e as trevas possuíam a câmara, mas Gorgo não se intimidou com a escuridão, deitou a mulher de costas e começou a tirar sua roupa, seu coração acelerava de pura endorfina, começou a acariciar seus seios e a descer as mãos até encontrar a vagina onde lhe penetrou com vontade, sentia-se como um deus, nada a mulher poderia fazer para impedi-lo, a escuridão lhe passava uma sensação de mistério onde ele apenas podia sentir e não ver. Repetiu a dose por várias vezes até que se sentiu satisfeito.

Acendeu o forno e começou a preparar o crematório para o novo corpo, e quando virou-se para enfim observar o cadáver levou um susto, aqueles cabelos lhe lembravam o de alguém, alguém que ele possivelmente conhecia. Caminhou devagar até o corpo e temendo pelo pior afastou os cabelos descobrindo a sua maior desgraça, ali deitada sem vida e com uma quantidade de sangue saindo de sua garganta estava a sua esposa, ao olhar para o lado notou uma garrafa de café e uns biscoitos caseiros, ela havia ido levar um café para ele durante o trabalho, com certeza passou pelo túmulo de seus pais antes, e ele em sua insanidade tirou-lhe a vida da forma mais terrível.

Pegou a no seu colo enquanto as lágrimas escorriam, uivou de puro desespero como um lobo uiva para a lua cheia e em seguida se sentiu tomado por um ódio descomunal, sem rodeios jogou o corpo da mulher dentro do forno enquanto se vestia com um capuz preto, luvas e uma navalha de aspecto letal. Agora que sua vida se tornava uma desgraça, ele seria a própria daquela cidade, saiu rumo ao cemitério com a navalha em mãos, uma densa neblina se despregava do chão enquanto as corujas observavam aquela silhueta com um longo casaco e com um coração negro como o próprio demônio havia pintado e iria assassinar quantas pessoas fosse preciso. O maníaco do crematório estava com sede de sangue e vingança, se sentindo mais vivo que nunca.

DTRL23

Tema: Necrofilia