À Noite...

À noite, ela não estava preparada para o que aconteceu, talvez fosse demais, ela não estava sozinha naquela casa grande, mais alguma coisa a assombrava, brincava dizendo que morava com seus fantasmas, só não imaginava que esses seres disfórmicos a assombrariam por dias, era tanto esse temor, que o padre da igreja próxima, ia com frequência abençoar a casa. Não que isso resolvesse alguma coisa, mas por via das dúvidas, era uma alternativa.

Numa certa noite, ela estava com amigos em um bar, bem descontraída e comentando sobre o que estava acontecendo, eles riam dizendo que faltava alguém para dividir a casa, talvez uma namorado, ela sempre dava de ombro e fazia cara de desaprovação. Quando fora para casa, uma amiga a convenceu a passar a noite com ela, foram lá as duas experimentar essas assombrações. Nas primeiras horas enquanto dormiam, alguns sons puderam ser ouvidos. As vozes diziam coisas aleatórias, como: "Mate essa intrusa" ou "Você é minha". É claro que a amiga não ouvia essas vozes, e não passavam de sussurros. Certa vez, ela acordou na sala, deitada no chão e sem saber o que ouve, corre desesperada para o quarto, subindo às escadas, cai e sente algo pegando sua perna, olhando para ver o que ouve, não vê nada, mas aparece uma marca de uma mão como que se fosse uma queimadura. A sua amiga fica apavorada com aquilo e foge.

Desemparada e sozinha, não consegue fugir desse inferno, já que mesmo saindo de casa voltava para dentro toda vez. Sua casa, localizada na 1408 Hills Avenue na cidade de Water Hill. Essa rua fora aberta em uma região de colinas, onde havia tribos indígenas e uma seita satânica dividiam espaços. Diziam que bruxas vagavam pelas florestas próximas, sacrificando inocentes e fazendo pactos diabólicos. Dá pra imaginar o que a jovem Patty estava passando sozinha naquela região. A casa mais próxima ficava à alguns quilômetros dali e dificilmente Patty conversava com eles. Não podendo chamar ajuda, passa a ceder aos pedidos dos seres entrando no jogo deles.

Seus amigos não a ajudavam e nem mesmo a visitavam, temiam que fossem morrer em algum momento. Patty certa vez fora para a escola, e tendo uma nova visão da realidade podendo ver as fraquezas das pessoas, suas debilidades e seus fracassos, usava isso como arma de dominação. Uma colega de turma, a rica Emilly, a irritava muito, sempre zombava de Patty, dizendo que ela era estranha e usava roupas de velório. Patty então a trancou em uma ala isolada da escola, com pouca iluminação, fazendo Emilly conhecer seus demônios e tendo um vislumbre de sua morte. Assustada e desesperada tenta fugir, mas a única porta parecia selada, e gritando ninguém a ouvia. Olhando para trás viu a si mesma, segurando um picador de gelo e com golpes, furava sua garganta repetidas vezes. Horas depois, conseguiram abrir a porta, já que deram pelo desaparecimento da jovem, e a encontraram caída no chão com a garganta toda perfurada e segurando um picador de gelo.

Patty, nem mesmo se assustou com a história toda, fora para casa tranquilamente. Quando abrira a porta, sua casa estava como se tivesse sido invadida, depois de anos de abandono. Descera no porão e olhando para o fundo, vira Patty acorrentada e com uma mordaça na boca e com um símbolo satânico na barriga em sangue. Essa versão assombrada de Patty, tinha possuído a forma de seu corpo e passava a fazer obras diabólicas. Ela dizia: “todos viram a sua cara, quando a garota da escola foi encontrada morta, nem mesmo pisquei”. Emilly foi levada direta para o hospital, mas já falecera antes mesmo de chegar ajuda. Patty ainda acorrentada, sentia pela menina que fora morta na escola, mesmo não tendo muita amizade com ela, sentia que matá-la não era a solução.

Outro caso de assassinato fora noticiado dias depois, por um jornal local de uma cidadezinha em outro estado, uma garota chamada Úrsula. Estudava na escola de ensino médio, aparentando ter 16 anos, popular entre os alunos, de família influente na cidade. Encontrada enforcada no banheiro feminino, e com marcas de violência pelo corpo. Patty, sempre se vangloriava quando noticias assim eram mostradas na TV. Ela sempre voltava para a sua semelhante e dizia: “Eu também posso estar em dois lugares ao mesmo tempo, na verdade, eu estou em todos os lugares”. Sempre dizia que a alma humana ou o espírito, era seu parque de diversão, poderia corromper quem quer que fosse. Até agora, só houveram casos de suicídio de garotas adolescentes, que na sua maioria eram populares entre os alunos. Patty que ainda estava acorrentada, agora já debilitada e fraca, já caíra no chão e toda pálida, conseguira chamar atenção da Patty maligna. Ela por sua vez, cedia do seu tempo para ouvir as lamentações de sua prisioneira. Ela dizia: “o que você quer?”. Tirando a mordaça da boca. Patty entre uma respiração e outra: “o que você quer comigo? Com todas essas mortes, porque precisa me manter aqui?” A versão maligna de Patty agora com a cara colada na prisioneira: “quero que você veja o que sou capaz de fazer, enquanto você assiste impotente o sangue escorrendo nas ruas”. Patty: “aonde você quer chegar com isso”. Bad Patty: “acabar com a sua reputação. Após esse diálogo, a TV da sala anuncia outra noticia triste, mais uma garota é encontrada morta, agora em casa, no chuveiro cheio de sangue com os pulsos cortados, a garota em questão, chamada Sally, não era popular e nem frequentava escola alguma. Vinha de uma família pobre e já vinha de uma depressão profunda. Bad Patty, parada em frente à sua prisioneira contava os números de mortos, que agora passava de dezenas.

Um demonologista de New Orleans chamado Jack, acompanhava os noticiários, e fazia anotações diárias sobre os acontecimentos. Ele morava sozinho, escolha própria, pois preferia dedicar todo o seu tempo em caçar demônios. Nunca encontrara algum deles, mas nunca descartou sequer alguma possibilidade de encontrá-los. Vendo que os acontecimentos eram distintos, encontrara uma conexão entre as mortes, algumas garotas eram mortas de formas diferentes, mas o padrão sempre se repetia, e voltava sempre para a cidade de Water Hill e assim por diante. Arrumou as malas e partira em busca de provas da existência e ação de seres demoníacos. Sua viagem fora um pouco conturbada, pois já de início tiveram que trocar de motorista, pois a pessoa encarregada de levá-los até Water Hill, falecera uma noite antes da viagem de ataque cardíaco com 58 anos. Jack vira que agora teria que ir para a cidade de qualquer jeito. Durante a viagem, sentira o frio e os arrepios lhe incomodar, na estrada sem iluminação alguma a não ser os faróis do ônibus e dos carros que vinham no sentido contrário, vira vultos que corriam na beira da estrada. Em um dos momentos de plena escuridão, o motorista dormira no volante e causara um acidente grave, batendo na encosta e tombando. Jack sofrera alguns machucado e batera a cabeça, mas não o matando. Conseguindo levantar, gritava pedindo ajuda e se havia alguém vivo, ninguém respondeu. Levantando, com uma das pernas machucadas, saíra do ônibus pela janela, não vira nada, uma neblina cobria os campos e alguns sussurros vinham de dentro do ônibus, diziam: “não vá para Water Hill, sua vida corre perigo”, de repente uma mão agarra sua perna e ele acorda dentro do ônibus com o motorista o acordando, já chegamos. Jack, ainda confuso com o pesadelo que tivera por horas e vendo que todos os passageiros estavam vivos, ouvia ainda aquela voz dentro da cabeça dizendo repetidas vezes, “não vá para Water Hill”. Mas mesmo assim, já que não havia escolha, saíra do ônibus e pegara um táxi até um hotel no centro. Já todo empolgado sobre os casos da cidade misteriosa, tomara um banho e fora almoçar para então dar início a sua pesquisa. Conseguira um endereço de uma das casas de uma das garotas que cometera suicídio. Chegando lá convencera a mãe da garota a deixá-lo entrar, mesmo temendo ser um sensacionalista ou um blogueiro querendo chamar a atenção. Mas não era, nesse caso Jack se mostrou respeitoso e não se aprofundava muito nos assuntos, só perguntava aquilo que lhe era importante. Com essa conversa inicial, pegara o endereço da escola, e lá o endereço de alguns alunos, inclusive de Patty. Fizera uma lista e inciou sua busca pela garota mais popular de todas. Chegara à sua casa, e tocara a campainha, de primeira ninguém veio, mas depois apareceu uma garota toda desarrumada e já aparentando extrema palidez, uma fraqueza tremenda e Jack via que ela mal conseguia andar. Patty o atendeu perguntando o que queria, já com uma voz fraca. Jack ficou assustado com aquilo mas mesmo assim conversou com ela. Perguntou: “você frequenta a escola, Water Hill High School?” Patty dissera que sim, “o que tem isso haver comigo?”. Enquanto Patty falava, Jack ouviu de longe, vozes sussurrando ao fundo, palavras de ódio, dizendo que Patty deveria matá-lo. Jack ficou estagnado na porta, sentia que estava no lugar certo, mas o medo e o temor tomavam conta da suas ações. Depois desse momento aterrorizante, Jack se despedira de Patty e seguira seu rumo a uma outra casa. Chegando a casa da família Lutz, atendera a porta a Senhora Lutz. Jack se apresentou, dizendo ser um pesquisador da área paranormal, o que fascinou a mulher em questão. Jack perguntara sobre a garota Patty, se havia alguma coisa de estranho com ela, a senhora Lutz dizia que ela faltara alguns dias de aula, e que ouviu alguns comentários que ela estava sofrendo de anorexia. Jack comentou que quando a encontrou vira que estava muito magra, mas que ouviu sons estranhos vindo de dentro da casa. A senhora Lutz não sabia o que eram aquilo, mas falou que se Jack era mesmo da área paranormal, deveria dar uma olhada mais de perto, de preferência a noite. Jack se preparou para ir à casa de Patty como dissera a senhora Lutz. Em frente a casa, Jack observava o que acontecia, não havia uma luz acesa seque, se aproximou da varanda e não ouvira um som de passo, não havia vozes, somente os sussurros, que agora era diferentes, diziam: “não entre nessa casa, vá embora de Water Hill, sua vida corre perigo”. Jack se lembrara de seu sonho no ônibus durante a viagem, agora fazia sentido, pois sentia o temor até na espinha. Nem hesitou em bater ou tocar a campainha, abriu a porta e foi entrando com uma lanterna na mão. Na sala só havia coisas quebradas que se houvera uma invasão, não parecia que alguém de fato morasse ali. Segui escada acima, para os quartos. Espera que houvesse alguém dormindo, mas entrara em todos eles, e não encontrou ninguém, mesmo assim vasculhou atrás de pistas. Com a luz da lanterna, vira símbolos que denotavam algo diabólico ali. Tirou algumas fotos e voltou para a entrada da da casa, quando chegou viu uma porta lateral, que nesse caso dava para o porão, um ótimo lugar para se ir. Desceu com a lanterna na mão, devagar temendo encontrar algo assustador, não havia sinal de Patty, vira sangue no chão e alguns símbolos diabólicos, não entendia o que estava acontecendo por lá, tirou algumas fotos e quando estava saindo, as vozes que o fez ficar estagnado na porta, diziam outras palavras de ódio: “você irá morrer”. Jack agora mais assustado do que nunca, saíra correndo de lá e não olhou para trás. Abriu a porta e saiu como se não houvesse amanhã, a porta fechara com força. Sua estadia na casa de Patty atormentou alguns demônios que agora espalhavam ainda mais suas mortes.

No dia seguinte, Jack acordou com a TV anunciando mais uma morte, nesse caso não era por suicídio, o corpo era de Patty Smith, que falecera dias atrás por desnutrição. Indagado pela noticia, Jack voltou para suas fotos e observava os símbolos que se colocados em ordem, era uma invocação a entidades malignas, que tomavam forma de qualquer pessoa. Ao sentar na cama e a TV ainda ligada, se lembrara de uma pessoa estranha no ônibus que sentara atrás dele. De início não deu muita bola, mas durante o sonho, vira sua imagem se arrastando por entre os bancos e sussurrando as palavras: “não vá para Water Hill, sua vida corre perigo” e depois agarrando seu pé. Jack levou um susto quando descobriu que Patty já estava morta muito antes dele chegar na cidade, já que não a conhecia, não sabia que ser era aquele. Se imagina que a entidade em questão, tinha tomado a forma de Patty e cometido os assassinatos em forma de suicídio, logo após Patty falecer, presa em uma corrente no porão, e sem possibilidade de pedir ajuda, fora encontrada dais depois, por uma colega de sala, Summer, que fugira quando fora anteriormente à casa de Patty, assustada com uma entidade demoníaca. Jack analisara os fatos e sem saber o que fazer, resolve ir à casa de Patty mais uma vez, agora determinado a encontrar esse ser diabólico, dá de cara com a porta aberta, entra e desce logo ao porão, e encontra Patty acorrentada e dizendo coisas sem sentido, mas Jack a pegou no colo e perguntou sobre o acidente do ônibus, e Patty disse que o tinha alertado para não vir para Water Hill, que a vida dele corria perigo. Mas Jack disse que veio assim mesmo. Patty olhava no fundo do olho de Jack e o fez ver o acidente mais de perto. Quando o motorista dormiu no volante durante o sonho, não era eu que estava lá, mas a entidade demoníaca, olhe mais de perto. Jack levantara de seu acento e fora para perto do motorista, havia um ser negro todo disfórmico que o controlava e causara o acidente, Jack levou um susto, mas isso não o assustou, pois ele sabia que estava vivo. Porém quando Patty se arrastava por entre os banco do ônibus, e dizendo para não ir para aquela cidade, Jack não imaginava, que após o acidente, não havia sobreviventes e ele era o único que iria até Water Hill, Patty o alertou para não ir, pois sua alma ficaria preso aqui pra sempre como eu. Jack acordou da visão que Patty o mostrara e quando olhou para trás, vira a entidade negra e disfórmica parado e não mais tinha a forma de antes. Desde então, Jack e Patty permaneceram presos em Water Hill cometendo os mais diversos assassinatos possíveis. O corpo de Jack fora enterrado no cemitério de cidadezinha próxima com a lápide: “um demônio encontrei, e a morte também”.

Patty Smith ainda pode ser vista nas ruas, vagando tenebrosamente pelos becos, quando sentir um arrepio na nuca, um frio na espinha, saiba, Patty sabe como atormentar uma pobre alma, afinal, “a noite nos pertence”.

Alfredo José Durante
Enviado por Alfredo José Durante em 21/06/2016
Código do texto: T5673658
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