AS MARCAS DA MÃO DE SANGUE (mini conto)


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A sala toda lacrada, vidros blindados, à prova de fuga, armadilha escondida entre os véus azulados das cortinas, sem luz além de uma vela, flores murchas espalhadas pelos cantos e lados. Myrella sentia o ar ficar pesado, o peito apertado, a voz rouca e baixa, estava ficando entrecortada e o sofá marrom, único móvel dentro daquela sala, estava ficando embaçado diante de sua turva visão. Myrella resgatando o resto de suas forças, rasteja até uma das paredes de vidro blindado e praticamente de joelhos, soca o vidro diversas vezes, sem mais algum ar para respirar, sente o sangue escorrer por suas orelhas, os poros do nariz parecem se dissolver em ondas rubras, sufocando a garganta, Myrella percebia na frieza dos membros, que a vida se esvaia. Tentando quebrar a parede de vidro, nela fica apenas, a marca ensanguentada de sua palma...e por detrás do espelho de um lado só, Andrey acende um cigarro, e se aproximando da  sua cela de vidro, com um riso cínico de vingança nos lábios,  lambe a marca de sangue deixada por sua mão, como se fosse um último beijo.

 
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 22/10/2016
Reeditado em 22/10/2016
Código do texto: T5799383
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