O envelope

Ao passar pela sala ela viu o objeto. Observou que estava em seu nome e curiosa o abriu. A princípio se chocou com as fotos contidas no envelope. Eram apenas duas. Em uma ela estava sentada no parapeito do décimo terceiro andar do prédio onde trabalhava e chorava, na outra estava estatelada na calçada com a cabeça rachada e virada em um ângulo incomum. Depois do choque ela riu. Quanta criatividade tinha esse pessoal de hoje. No mínimo aquilo era um presentinho do enteado que a odiava por ter que dividir o pai com ela. Decidiu fingir que não recebera as fotos. Não falaria sobre Isso com ele .O deixaria sem graça.

Eram duas horas da tarde quando ela começou a sentir uma sede intensa. Estranhou pois voltara do almoço há pouco tempo e já tomara dois copos de água. Tentou se concentrar no serviço, mas o incômodo foi se tornando mais forte. Com a boca ressequida ela tentou dizer a colega mais próxima que iria até a cozinha, mas a voz não saiu.

Após matar a sede ,sem nenhum pensamento ela se aproximou da janela e a abriu. Como sonâmbula subiu no parapeito e sentou. Um vento forte a despertou e trouxe de volta a realidade. Chorando ela viu onde estava e tentou voltar para dentro, mas seu corpo começou a tremer incontrolavelmente e ela despencou. Seus gritos se perderam na velocidade da queda.

Dias mais tarde um office boy encontrou na caixa de correio de casa um envelope. Em uma foto estava olhando com interesse uma loja e na outra ele era atropelado por um ônibus.