Sombra
 
Ato – X
 
Capítulo 5
 
   Após meus desentendimentos com Thomas, Catherine decidiu separar o grupo, assim ordenou que Charlie ficasse ao meu lado, em uma missão que nos levaria até o Tennessee.
-O que sabe sobre nossa tarefa? – Perguntei a ele.
-Catherine pediu para encontrarmos uma garota, pelo que disse, ela é parecida conosco.
   Nossa viagem levou algumas horas, o ônibus fez duas paradas para refeições e idas ao banheiro. Era um pouco estranho estar entre pessoas normais e tentar parecer o mais relaxado possível. Se havia algo que sentia falta naquele momento, sem dúvida, era de poder não me preocupar com nada, como na infância e antes de conhecer toda aquela realidade distorcida.
-Sabe algo sobre a garota? – Perguntei.
-Não, a não ser o nome, Évie.
   Chegamos ao destino pouco tempo depois, Charlie já demonstrava certo cansaço. Alugamos um quarto em um motel e comecei a fazer algumas pesquisas em um laptop.
-Você pode me ouvir? – Sussurrou uma doce voz em meus pensamentos.
-Olá. – Respondi de imediato. – Sim, posso. Como vai? Évie? – Conclui.
-Como sabe meu nome? – Perguntou ela, um pouco assustada.
-Estamos aqui para ajudar, você conversou com Catherine, não foi?
-Sim. Bem, pensei que ela me deixaria para trás.
-Não! Você está bem? Está segura? – Insisti.
-Estou sim, qual é o seu nome?
-Ah, claro, me desculpe. Sou Derek.
   Charlie acompanhou-me até a estação onde ela estava escondida, em um vagão de um velho trem que a muito tempo não deveria circular por aí. Évie era loira e tinha aproximadamente minha altura, um e setenta, seus olhos eram azuis claros e havia recém completado dezoito anos.
    O vagão estava coberto de coisas que ela havia encontrado pela cidade, fotografias rasgadas e molduras quebradas, algumas peças de roupa penduradas sobre uma fina corda logo atrás de seu colchão. Sentei em um pequeno sofá que havia entre uma geladeira e a escrivaninha onde estavam alguns romances franceses.
-Fico feliz que esteja bem. – Charlie não fazia ideia de como agir diante dela.
-Obrigada. – Agradeceu Évie. – Para onde vamos? – Completou.
-Catherine insisti em permanecer aqui por um tempo, ela acredita que ainda podemos encontrar mais de nós.
-E não estão encontrando? – Intervi.
-Sim, você entendeu. Apenas não acho necessário que todo o nosso grupo se concentre aqui, a Europa também está cheia de crianças poderosas.
-Sempre quis conhecer a Europa. – Évie parecia feliz.
-E logo irá conosco, você e todos os outros.
   Ela correu até ele e o abraçou, claro que havia algo escondido sobre aquele belo olhar. Charlie começava a demonstrar suas fraquezas.
-Talvez seja a hora de conhecê-la melhor. – Observou ele.
-Charlie? – Ele tocou a testa de Évie, tentando penetrar em suas memórias.
-Não se preocupe. – Falou.
   Claro que o fato de os olhos dela terem brilhado e uma onda de energia ter arremessado Charlie para longe foi bastante assustador, mas, ele havia ultrapassado um limite importante.
-Por favor, desculpe. – Grunhiu ele, tentando se levantar sem sucesso.
-Você está bem? – Perguntei.
-Mais ou menos.
-Talvez devesse aprender a fazer perguntas invés de querer arrancar respostas a força.

 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 20/03/2017
Reeditado em 02/04/2017
Código do texto: T5947234
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