DORES


RATOS

A aflição crescente, a boca costurada à linha. Quarto ínfimo, escuro, o cheiro de urina e coisa podre invadindo as narinas, o corpo quebrado coberto de mel e agora soltam ratos, dezenas de pequenas bocas roendo cada milímetro de pele exposta, a garganta rasgando o grito que não tem permissão de sair, a mente só pede insanidade para que tudo logo se acabe...


TRAIÇÃO

Um belo par de coxas morenas sobre os meus lençóis de seda, o som do seu cantar no chuveiro, eu voltei de viagem um dia antes, tola queria lhe fazer uma surpresa e a surpreendida fui eu. Uma dor no peito e um ódio enlouquecedor me tomaram intensamente. Sem pensar nas consequências, pego o cinzeiro de vidro pesado sobre a mesinha de cabeceira e com golpes certeiros dilacero a cabeça morena ainda adormecida, o sangue se espalha pela cama, silente parto sem rumo.


 
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 20/05/2017
Código do texto: T6004704
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