O CASO JUAN (Part. 4 - O Desfecho)

Com a posse do documento em mãos e confiando na sua veracidade, fosse qual fosse a sua origem, não foi difícil arrancar confissões do assassinato do meu amigo. Bastou um pouco de pressão psicológica naqueles retardados. Achavam que eu sabia tudo. E, de certa forma tinham razão, mas eu ainda não sabia que sabia de tudo. Apenas joguei verde pra ver o que acontecia. Na verdade, hoje eu não lembro por qual motivo fiz isso. Foi estúpido. Mas foi certo, e eles se entregaram.

Teria Juan arquitetado a própria morte para fazer com que os culpados pela morte do seu filho fossem, de alguma forma, julgados? Teria sido a segunda parte do manuscrito escrita, de alguma forma, pelo seu espirito enquanto o seu corpo jazia no fundo do rio? Outra pessoa não teria escrito, eu conhecia muito bem a sua caligrafia. Mas teria sido mesmo estes policiais que mataram o garoto também? Não sei. O fato, é que nunca vi alguém morrer tão artisticamente. E a história que fora a mais verídica e profética obra literária do meu amigo, nunca foi publicada, pelo contrário, fora enterrada juntamente com ele, no bolso do seu paletó.

E se vocês estiverem se perguntando sobre a infeliz, saibam que hoje ela é uma mulher da capital. Às vezes a vejo, anda sempre correndo, anda sempre ocupada. Descobriu que na cidade grande é mais fácil fingir a felicidade e até mesmo acreditar nela. Descobriu que aqui o tempo passa mais depressa, e, nos casos em que a vida a vida é, no seu todo, uma grande perda de tempo, as grandes cidades são perfeitas.

Lucas Esteves
Enviado por Lucas Esteves em 09/04/2014
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