Marina Menina Mulher 7° cap.

01/05/2014

Uma luz no fim do túnel...

Querido diário, hoje acho que vai dar tudo errado. Não quero fazer passeio algum com a tia. Ela não vai aceitar mas vou tentar evitar. Tô desconfiada de que é alguma cilada. Sei lá o que pode ser. Mas vindo dela, coisa boa não pode ser. Tomara que a Diana chegue logo. Voltei lá de novo e ela ainda não tinha chegado.

A tia chegou e me levou a força. Disse que eu não tinha querer. Fui levada pro meu quarto onde fiquei um tempão trancada sem entender nada. Mais tarde me deu uma fome danada gritei e a Antoinete me trouxe suco de laranja e disse que era só isso. Lembro que fiquei meio lesa e acordei quando chegamos em um hotel no norte da cidade e a tia me sacudiu.. O nome era Delux Hotel, mas a casa era uma espelunca. Chegando lá a tia falou pro dono do hotel que eu tava pronta. Não entendi nada na hora, mas depois fui com ela pra um quarto no andar de cima e ela me deixou fechada no quarto dizendo que voltava logo. Tentei sair mas a porta tava trancada. Fui até a janela mas era muito alto pra pular. Como fui burra não trazendo meu celular! Era só ligar pra Diana agora. Será que a tia já sabia o que tava acontecendo e tava me afastando dela pra não ser pega em flagrante?

Ah! Diário, foi o pior momento da minha vida, quando a porta se abriu e entrou um homem. Pensei que era minha tia e fiquei assustada. Foi ele entrando e fecharam a porta do lado de fora. Disse que iria me dar algum dinheiro pelo serviço. Não entendi qual era o serviço, mas aceitei pois precisava de dinheiro pra fugir dali. Ele veio pra cima de mim tirando as roupas e eu fiquei com raiva do mundo. Não disse uma palavra e deixei ele fazer o que quizesse. Depois, realmente deu-me um bom dinheiro e bateu na porta, que se abriu e ele saiu deixando a porta aberta. Pequeno descuido dele. Saí correndo pra rua e procurei a Pri. Ela ainda não sabia de tudo. Tentei não falar pra ninguém. Tinha medo. Contei tudo pra ela dessa vez. Fomos até a casa da Diana, mas ela não voltava mais. Escrevi um bilhete pra ela e enfiei embaixo da porta. Me distraí conversando com a Pri e minha tia me pegou. Levou pra dentro e me trancou no quarto.

Cheguei em casa animada, depois de irmos ao Juizado de Menores fazer os procedimentos legais para cuidar do caso da Marina. Não disse pra Marina ainda, mas sou advogada e vou cuidar pessoalmente do caso dela. O juiz que havia cuidado do caso dela ha dois anos atrás, havia sumido misteriosamente. Se é que algum dia existiu. Não foi encontrado nenhum juiz com o nome de Adalberto conforme ela me dissera. Pensei que ela iria ficar muito feliz com o andamento das coisas. Mas para minha surpresa encontrei o bilhete dela me contando a última da tia.

A Priscila me ligou dizendo que estava dezesperada, porque a tia de Marina havia levado a menina, na marra, pra dentro de casa.

Procurei Marina na casa dela, mas a empregada disse que ela havia sumido desde ontem e não havia voltado. Que a tia estava preocupada com ela. Se ela não voltasse pra casa ia chamar a polícia.

Eu sabia que era armação, por causa do bilhete e do que a Priscila me dissera, Fiquei revoltada e liguei para o Ernesto pra ver o que dava. Ele me orientou pra entrar com um pedido de ordem judicial de busca e apreensão da menor, porque tinha certeza de que a criança estava na casa, trancada em algum lugar. Era muito tarde e por isso, eu só poderia entrar com a petição no dia seguinte, depois que o fórum abrisse. Preparei a papelada durante a noite. Fazia dois anos que eu não mexia com nada da minha profissão, mas ainda sabia fazer muito bem uma petição. Nem dormi e nem comi nada. Qualquer minuto poderia ser fatal. Fiquei atenta a qualquer barulho que viesse da casa ao lado. Silêncio total. Desde que eu fui morar ali, nunca havia visto isso acontecer. Toda noite tinha bastante barulho e hoje foi a noite silenciosa. Estranho, mas esperado. Sentei na calçada em frente a minha casa e fiquei a esperar o dia amanhecer. Cochilei e só acordei com o sol alto e por causa do barulho de um carro saindo em disparada. Era o velho Cadilac da baronesa.. Tinha alguém do lado do carona. Estava dormindo. Ou... Dopada. Era isso. Era Marina. Tive certeza.

Entrei em dezespero. Liguei pro Ernesto mas ele não atendia o telefone pois estava em uma audiência. Chamei a polícia e eles me disseram, que era pra eu ter certeza. Que eu não tinha provas contra a mulher e nem sabia o nome dela. Pensei que, provavelmente, era um dos visitantes noturnos da mulher. Peguei o meu carro e tentei fazer o trajeto, que imaginei que o carro faria. Fui primeiro para o tal hotel, que Marina mensionara no bilhete. Mas o carro não estava no estacionamento. Rodei até às dez horas e trinta minutos. Mas não vi nada. Não encontrei a pequena Marina.

Fui pra casa tomar um banho e voltar para o Forum para entrar com a petição. Tive medo de ser tarde demais outra vez.

Continua...

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 02/09/2014
Reeditado em 02/09/2014
Código do texto: T4946287
Classificação de conteúdo: seguro