Mistério na Rua da Escola. - Cap Final – Dando um drible no tempo.

Maurão explicou a Jairo que conseguiu viajar no tempo com segurança apenas uma vez e que na ocasião trocara o refrigerante, que era vendido antes, pelo refrigerante da festa. O tal Beijinho. Ele inventara o beijinho com algumas substâncias naturais e colocara nele alguns viciantes que não faziam mal a saúde. Queria que a juventude se curasse do mal do século, que para ele eram as vicitudes em geral: fumo, drogas entre outros. Conseguiu esse progresso e tinha certeza de que a pessoa a quem ele deu a fórmula, jamais deixaria de fabricá-lo. Era muito lucrativo, delicioso e era um vício produtivo. Só precisou voltar lá uma vez mais. Agora o problema era que ele perdera a fórmula do combustível por ser improdutivo nesta época. A cidade mais próxima ficava a muitos quilômetros de distância.

Os líquidos que o Jairo trouxe eram testes do combustível. Quase todos eram fiáveis mas tinham um pequeno defeito. Maurão conseguiu modificar as substâncias usando uma na outra e assim conseguiu fabricar o combustível que precisava. Agora tinha que decidir se voltava ou não para sua época.

_Maurão mas, e a sua aparência? Você não vai existir mais.

_Não é bem assim. Veja, a foto está se apagando mas eu estou inteiro. É só uma questão de época. Não poderia estar lá se estou aqui e ainda tecnicamente não nasci.

_Eu também desaparecerei na foto?

_Existe um tempo hábil para que isto aconteça.

_ Quanto tempo?

_Estou aqui a dois meses.

_Eu, há um mês.

_Eu acho que se sumir na foto não existirei mais em Vila Florida.

_Eu não quero sumir!!!

_É por isso que tem que ir embora.

_Só vou com você!

_Só temos combustíveis pra duas viagens. Estamos em quatro pessoas. Temos que levar as duas viaturas. E o meu fusquinha?

_A gente vai com ele e uma viatura. Depois volta com novo combustível e leva a outra.

_Mas e se não conseguirmos voltar aqui exatamente?

_Conseguiremos!! Eu te ajudo.

_Não! Eu tenho que ficar aqui.

_Sem você eu não vou!

A polícia informou que a perícia técnica chegou a um laudo sobre os desaparecimentos. Não prosseguiram com o inquérito porque ninguém foi encontrado com as viaturas. Tudo foi revistado. A cidade inteira e a vizinhança. Não foram encontrados vestígios suficientes sobre os carros, pra determinar a causa do desaparecimento. E muitos outros blá, blá , blá, blá, blá que eles sempre dizem nessas horas.

"A escola “Candida Oliveira Gomes” Será palco de um culto ecumênico...” Era o caro de som que passava convidando a todos. O culto seria Ás 19 horas e todos estaríamos presentes até a Diva.

A tarde se arrastava naquele dia e o sol parecia que não queria se por. Andei pela Rua Das Onze Horas quebrando a esquina que dava pra Rua Das Rosas. Sentei no canteiro central da praça da Matriz e fiquei algum tempo despetalando mal-me-quer. Fis isso até o padre me chamar a atenção:

_Que é isso menina? Ta ficando louca? Para de destruir as flores!

_Desculpe-me Padre Celso, eu tava distraída. Sua bênção!

_Deus te abençoe Diva! Sei que está triste, mas tudo vai se resolver. Você vai ver. Deus não desampara seus filhos. Vai pra casa e faça uma oração. Vai se sentir melhor.

_Sim senhor!

Deixei o padre pra trás e andei mais um tempo entre os canteiros de Buganvileas, observando seus espinhos. Sentia como se meu coração estivesse varado por eles. A Hora da celebração estava chegando. O sol brilhava no morro espalhando no lusco-fusco cores infinitamente lindas. Uma imagem que só podia ter sido criada pelo grande Criador do mundo. As nuvens criavam figuras fofinhas que iluminadas pelo por do sol ficavam ainda mais belas. Carneirinhos, jacarés entre outras figuras. De repente, de dentro de uma nuvem grossa e branquinha, saíram raios de sol que se espalhavam em forma de leque em direção a terra. Pareceu Deus falando a Abrão naqueles filmes. Então falei com Ele:

_Deus, fazei com que isto tudo seja apenas um pesadelo e que acabe logo!!! Esperava que Deus me respondesse mas nada aconteceu.

Fui pra casa e cheguei exatamente ás 18 horas. Minha mãe deu-me um abraço e mandou-me tomar banho. E foi o banho bem morninho que me refez as forças. Pus meu melhor vestido e fui pra escola. Era cedo ainda quando cheguei. A turma ainda não tinha chegado. A Diretora pediu a minha ajuda e logo me dispus a ajudá-la. Levei cadeiras pro pátio. Levei os microfones e instalamos próximo ao chafariz, no palco arrumado pra celebração.

Eu disse a Diretora que não tinha gostado da ideia do chafariz pois o Maurão iria achar de muito mau gosto, lembrar dele com um chafariz. Logo ele que vivia lutando contra o desperdício de água. Ela argumentou que o chafariz renova a água e assim não há desperdício. Á água cai pela gravidade e retorna para o anjo que despeja novamente na piscina.

A população compareceu em peso pra rezar pela alma de Maurão, dos dois policiais e do Jairo. Faltava dois minutos pra dezenove horas, quando a diretora resolveu buscar um ventilador pois a multidão abafou o local e por isso o calor estava insuportável. O padre estava cansado de esperar e por isso se sentou a uma distância de três metros do chafariz. Foi montado o pequeno palco pra ser usado na hora da celebração a uns três metros de distância do chafariz. Ao fundo se via os canteiros de flores plantados pelos alunos na aula de Artes. Foi uma ideia pra relaxar olhando a paisagem. Cuidamos do jardim pessoalmente todos os dias. Era o Jairo quem mais molhava as flores. Sempre chegava mais cedo pra essa tarefa. Cheguei a pensar, o que seria das flores no ano seguinte pois estávamos no último ano naquela escola. As flores estavam murchas e por isso me afastei de todos e fui molhá-las.

Não sei de quem foi a ideia, mas começaram a cantar uma música bem legal pra criar um clima de amizade entre todos e despachar um pouco a tristeza. A música do Maurício Manieri, dizia: “Amigos nunca dizem adeus..." E aconteceu uma explosão no meio do chafariz. Foi uma confusão danada. Era gente correndo, chorando, desmaiando, uma loucura.

O padre foi o primeiro a correr e logo atrás os professores da escola. Pouca gente ficou pra ver a cena, que foi a mais hilária que eu já vi. O fusquinha do Maurão apareceu em cima do chafariz e parecia um pêndulo balançando pra lá e pra cá. O Maurão estava dentro dele e do outro lado estava o Jairo que ria muito da confusão e de alívio por se ver em casa de novo.

Na rua da escola outra explosão despachou o povo de volta ao pátio da escola a tempo de verem os dois serem retirados ao mesmo tempo do fusquinha.

A outra explosão tinha sido causada pela chegada dos dois carros da polícia que amarrados um no outro chegaram ao mesmo tempo. Estavam todos intactos. Pessoas e carros. O povo ficou muito interessado em viajar para o futuro depois do discurso do Maurão, que explicou tudo o que tinha acontecido. Mas ele deixou claro que havia sido a última viagem, pois deixara pra trás tudo que pudesse levá-los a outra aventura dessas. A única viagem no tempo que ele queria fazer, seria muito lenta. Minuto por minuto. Queria ver seus netos nascerem e nunca mais cometeria essa asneira de novo.

Eu e o Jairo, aproveitamos a confusão e sumimos dali. Há quem diga que fomos vistos a caminho da cascata, outros que fomos pra casa e mas nós queríamos mesmo era ficar sozinhos, com nossos corações em festa. De agora em diante viveríamos cada dia juntos e aprenderíamos com os erros e acertos que cada dia nos trouxesse. A turma dos nerds, sempre unida, se formou na universidade, e montaram uma equipe de cientistas pra estudar as viagens espaciais. Esta história de viagem no tempo não os interessava mais. Mas para que não esquecêssemos disto, eu resolvi escrever este livro e contar pra vocês nossa história. Quem sabe algum de vocês não inventa de fazer uma viagem dessas algum dia, einh? Deus os livre!!!

Fim

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 16/10/2014
Reeditado em 22/10/2014
Código do texto: T5000935
Classificação de conteúdo: seguro