O PARAÍSO É LOGO ALI cap. 4

_Sim, sou eu. Você não enlouqueceu. Obrigada pelo que fez com o prefeito e com os jovens. As coisas vão se acertar. A ponte tem que ficar pronta até a tarde de hoje. Preciso trazer os jovens e o prefeito até aqui. Tem que ser hoje!!! A ponte tem que ficar pronta hoje, Entendeu?

Não entendi coisa nenhuma, mas era melhor fazer o que ela me pedia. O operário dissera que haveria chuva no final da tarde, mas a ponte ainda não estava concluída. Recrutei todos os transeuntes que passavam para ajudar nas obras e às 16 horas da tarde a ponte estava pronta. Não era a mesma. Tinha Os arcos mais brancos pois a pintura estava recente. O assoalho da ponte lembrava as características antigas porém estavam mais rústicos. Os de antes eram um poucos lustrosos devido ao constante uso.

Helen me ligou às dezesseis horas. Eu estava no IML da capital. Partira para lá, para liberar os corpos do prefeito e dos rapazes. Foi um pouco difícil dispensar os ataúdes em que eles estavam e levá-los sem nada. Acharam tudo muito esquisito e quiseram chamar a polícia. Mostrei-lhes meu distintivo e disse-lhes que ficassem tranquilos pois as coisas estavam perto do fim. Mesmo assim não quiseram liberar. Precisei chamar o promotor e explicar tudo a ele. Mas aí é que a coisa ficou feia. O promotor achou que eu estava querendo usá-lo e ficou revoltado comigo. Já ia mandar me prender, quando eu tive uma ideia. Pedi insistente a ele que colocasse as mãos nos corpos e ele, a muito custo, aquiesceu. Depois de verificar a temperatura dos corpos ele desconfiou que eles não estavam mortos e só então liberou para que eu levasse os cinco embora. Coloquei seus corpos dentro de uma van alugada e parti depressa rumo a Candance Citty. Helen me ligou quando eu estava na metade do caminho, atendi pondo o celular no Viva-voz. Ela me disse que a chuva já havia chegado mas que o sol brilhava no horizonte. Eu teria que chegar lá antes do sol se por. Eu não entendia porque mas sentia que o sol poderia me devolver minha Helen. Corri como nunca fiz na minha vida. Se a polícia não estivesse comigo provavelmente, correria atrás de mim por excesso de velocidade. Mas o Promotor colocou duas viaturas atrás de mim para que não houvessem problemas. Ele achava que as pessoas que eu estava levando iam para o hospital e precisavam chegar com urgência. Eu sabia que o hospital não lhes devolveria a vida. Mas precisava confiar em Helen. Eu a amava e queria de volta a minha Helen.

Quatro quilômetros antes de chegar a cidade, o pneu da Van estourou e quase que fui jogado despenhadeiro abaixo. Ainda bem que sou um ótimo motorista. Consegui o controle da Van novamente e estacionei ao lado da rodovia. As viaturas estacionaram logo atrás. A coisa se complicou. Eu precisaria confiar nos policiais e por isto contei a eles o que estava acontecendo. Um deles me conhecia pois já havíamos trabalhado juntos e fomos parceiros no mesmo carro. Ele convenceu os outros a confiar em mim. Amarramos a Van na viatura e ela foi puxando-a até a cidade. Quando chegamos na ponte, parecia que era festa de tanta gente que havia lá. Eu só sabia que não era festa pelo silêncio que reinava naquele lugar. Havia um arco iris do outro lado da ponte e a chuva fina caia insistente. O sol brilhava e fazia com que as cores do arco-íris. ficassem mais intensas. Helen estava lá, do outro lado da ponte próximo ao arco iris. Os jovens que estavam no hospital estavam com ela e pareciam bem melhor de saúde. Corriam pra lá e pra cá felizes e tagarelas enquanto aguardavam a gente se aproximar. Ela Então veio ao meu encontro e eles a seguiram. De três em três, os jovens sadios, foram pegando os corpos na van e trazendo em direção ao arco-íris. Eles levavam-nos até Helen, ela os tocava e fazia uma oração silenciosa. Logo depois seguiam em frente e passavam debaixo do arco-íris. Como a fila dos corpos era grande pois eram em cinco, fiquei só observando o cortejo chegar em Helen e não consegui tirar os olhos dela. Quando passou o último cortejo eu então passei o olhar adiante e foi então que eu reparei o que acontecia. Quando passavam embaixo do arco-íris, os jovens e o corpo desapareciam diante de nossos olhos.

Quando tudo acabou, todos os jovens entraram no arco-íris e sumiram da minha vista. Corri para o lado para ver se conseguia vê-los do outro lado mas não havia ninguém na outra margem do rio. O arco-íris, funcionava como uma ponte sobre a outra ponte. Ali era a passagem para outro mundo. Um mundo em outra dimensão, que nós, reles seres humanos, não conseguíamos ver. Helen estava ainda sob o arco-íris me esperando. Ela sabia que eu tinha presenciado tudo. Estendeu-me os braços e me chamou:

_Vem!

_Não entendia bem o que estava acontecendo e não queria ir adiante sem entender direito. Quem era Helen? Seria algum tipo de bruxa? E o arco-íris o que representava pra ela. Que gente era aquela? O que teria acontecido com a ponte? Porque tudo isto. Eu chorava e andava de encontro a ela. Caminhei, quase todo o percurso, mas parei próximo ao arco-íris. Quando cheguei perto, ela me abraçou e trocamos o mais delicioso beijo, de todos os que eu já havia experimentado em toda a minha vida. Ao fim de nosso beijo, sentamos na ponte e ficamos em silêncio com as pernas balançando e fazendo sombra sobre a água. Helen me avisou que já eram quase cinco horas e que ela precisava ir. Chamou-me para acompanhá-la mas eu tive medo. Pedi que ela me contasse tudo e ela disse que contaria. Perguntei-lhe então:

_Helen, vou vê-la de novo?

_Sim, claro que sim. Preciso ir para recuperar minhas forças

_Vai me falar a verdade?

_Sim. Vou contar-lhe tudo do princípio ao fim.

_Eu te amo.

_Ah! O amor! Que sentimento sublime!!!

_Não enrola vai. Conta logo! Você é uma bruxa?

_Não.

_Então o que era aquela oração que você fazia pelos jovens mortos?

_Eles não estavam mortos . Eu me sinto responsável por eles aqui. Fui eu quem os trouxe. Estava apenas pedindo perdão.

_Tá, então conta tudo agora!

_Bem, Quando o criador fez este mundo não o criou em apenas uma dimensão. Existem várias dimensões em um só mundo, e este não poderia ser diferente. Em nosso mundo as pessoas tem uma capacidade mental muito elevada desde a infância. Desculpe-me, não quero diminuir a sua raça.

_Tudo bem, já notei a diferença.

_Somos preparados pra usar a inteligência em prol dos menos favorecidos e isto é fato. Durante anos percebemos que alguns de nossos jovens tinham a capacidade prejudicada por alguns fatores externos que os estava prejudicando. Tínhamos que descobrir a causa disto. Um homem da sua dimensão, descobriu um meio de cruzar o portal e chegar a nossa dimensão. Ele criou este portal sem querer. As pessoas estavam cruzando este portal e as raças estavam se misturando. Claro que a juventude não conseguiu resistir e passou no portal. Acharam a brincadeira tão divertida que não quiseram mais voltar.

_ São os jovens que estavam na ponte na hora do acidente?

_Não, e não foi um acidente! Mas deixe-me continuar. Em nossa dimensão as pessoas não envelhecem.

_Deu pra notar!

_Mas ao cruzar o portal, a idade vai se tornando física como a de vocês. Aqui, envelhecemos como vocês. Algumas pessoas de nossa dimensão, não acham justo o fato de não envelhecerem. Querem viver o suficiente apenas para aprenderem o que precisam e depois morrerem como vocês. E assim darem lugar a outros que vão nascendo. Por isso passaram pelo portal e vivem aqui no meio de vocês. Alguns se arrependem e voltam para a nossa dimensão. Mas ao chegar lá, se lembram dos amigos que aqui fizeram e voltam pra cá outra vez.

_ Este portal não fica aberto direto, senão as pessoas poderiam passar direto por ele , não é?

_Sim, é preciso que esteja chovendo e fazendo sol ao mesmo tempo para que se abra o portal. O arco-íris é o sinal da abertura do portal. Mas ele só se abre em ocasiões muito oportunas. Candance Citty é um local privilegiado. Aqui chove bastante e faz bastante sol.

_E se as pessoas não achassem o caminho de volta?

_Para que as pessoas achassem o portal e o caminho de volta a casa, como existem mais de uma ponte na cidade, desenhamos informações na entrada desta ponte.

_Mas porque a ponte foi destruída?

_Algumas pessoas influentes da nossa dimensão descobriram o que estava acontecendo. Estas pessoas, não são nossos governantes. Quero deixar claro que os nossos governantes são completamente a favor de ajudarmos vocês.

Elas revoltaram-se contra a miscigenação das nossas culturas. Alguns de vocês cruzaram o portal sem querer e acabaram misturando nossas raças. Estes jovens que aqui estão estudando, já são uma mistura.

_Por exemplo, a Gisele é uma mistura?

_Não. Ela e outros gênios são daqui mesmo. Fenômenos que acontecem por ai.

_ Quem era aquela mulher que sempre chorava ali perto da ponte?

continua...

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 04/11/2014
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