Arabella - Parte III

Tudo estava pronto. Ela tinha cem mil em mãos. Preparara sua bolsa e roupas, armamentos e tudo o que era necessário.

Pegou um táxi até uma rua sem movimento e dela caminhou até o local. Encontrara a casa. Segundo as informações da mulher, o marido dela estaria dormindo. Pegou sua pequena ferramenta para abrir portas e sorrateiramente iluminou o local. Estava na cozinha e precisava ser rápida, quando avistou a sala. De lá, avistou uma escada, que daria nos quartos. Subiu-a sorrateiramente e andou pelo corredor escuro. Avistou então uma porta entreaberta e muito cuidadosamente, empurrou-a com os dedos. A porta fez um pequeno barulho, que pelo jeito não foi ouvido por ninguém.

Ela se preparou. Pegou a faca que levava em sua mochila e a segurou. Colocou a mochila de canto e usou a lanterna. Havia alguém na cama. Um homem. Só poderia ser ele, os mesmos traços físicos descritos. Se preparou para cortar-lhe a garganta, quando sentiu uma mão em seu rosto, e de repente tudo se apagou.

- “Aonde estou?” – Ela se perguntou em voz alta. Um clarão a iluminava. Estava deitada em uma cama de hospital, completamente nua e presa por cordas.

- “Perto da morte” – Uma voz masculina lhe respondeu. Ela olhou melhor e viu um homem atraente de cabelos negros a admirando, seus olhos verdes por trás da franja. Douglas.

O topete do primeiro dia já não existia mais. Ele trajava roupas de açougueiro e parecia enraivado, de uma maneira conservadora.

- “O que houve?” – Ela perguntou assustada – Por que você está fazendo isso comigo?

- “Este é o meu trabalho. Como você, eu não sou o único que sabe mentir”.

- “Como assim, seu trabalho? Me tire daqui!”

- “Eu mato pessoas que matam pessoas, como você. A diferença é que mato pessoas que merecem morrer.” – Ele sorria e a olhava com seus olhos verdes, maliciosos. – “Já parou para pensar em quantas pessoas inocentes você já matou? Tudo por dinheiro?”

- “Você não tem a moral de me dizer isto, você é um assassino, assim como eu! E nem ao menos mata por dinheiro, e sim por prazer!”

- “É ai que você se engana.” – Ele caminhou pelo cômodo – “Eu recebo pra isso. Já estava na sua cola há tempos, minha linda”.

Ele parou e abriu uma pequena porta espelhada. Colocou uma senha e retirou de lá de dentro uma pequena faca enferrujada. A faca do velho.

Se aproximou dela, com um olhar quase piedoso e a admirou, desejando-a. Talvez se lembrando dos encontros quentes que ela lhe proporcionara. Apesar de tudo, era uma bela mulher. Se a houvesse conhecido em outros tempos, talvez seriam felizes. Inteligentes e bons de cama, ambos com sangue nas mãos e com os hormônios à flor da pele. Talvez poderiam se casar e ter filhos, três lindos filhos. Mas ela estragara tudo. Por que tinha de se meter com gente inocente? Ele não entendia mesmo o ser humano. Por que uma beleza destas estaria se preparando para a morte, em uma velha cama de hospital? Que péssimo fim ela teria. Ele sentiria saudades, talvez... Mas ela matou gente inocente... Ela tem sangue inocente em suas mãos, e tudo isso por dinheiro. Por quê? Eles poderiam ser tão iguais. O quanto sofreram as pessoas mortas nas mãos da bela mulher? Ele não sabia... Mas o faria pior, ela precisava sentir o que é a dor da morte. Ela não era inocente, mas matou gente inocente, e pagaria por isto. Preparou então a sua velha faca... Aquela que iniciara tudo e que nunca lhe abandonou. Ergueu-a no ar e...

- “Tato...”

Ele a olhou meio assustado, meio surpreso. Ninguém o chamava de Tato há anos.

-“Mate-me. Acabe logo com isso”.

- “Arabella?” – Ele dizia com lágrimas nos olhos. Ela estava ali, depois de tantos anos... Como nunca percebera?

- “Vá em frente” – Ela dizia firmemente.

Ele ergueu então a faca... Sabia que era errado, mas precisava fazê-lo. Se preparou, e em uma fração de segundos a cortou. O barulho da lâmina pode ser ouvido. Um alívio o percorreu e ele a admirou. As cordas que antes a prendiam, jaziam cortadas ao chão. Ela o olhava enquanto ele deixava a faca cair e tirava o avental. Ela estava completamente nua, sentada na cama. Ele se aproximou e a beijou, ela começou a tirar a roupa dele, e o puxou para si. Os dois deitaram na cama e ele começou a beijá-la por inteiro, desta vez muito mais calorosamente. Perceberam então a falta que um fez na vida do outro. Ele a penetrava de uma maneira incrível, que a fez atingir o orgasmo em menos de dez minutos.

Ela estava sentada no rosto dele, enquanto lambia seu membro e ele passava a língua pelo clitóris dela. Ele a penetrava com os dedos enquanto sua língua a percorria inteira, levando-a ao delírio. Ela não se aguentava de tesão. Sentava em seu rosto e sentia prazer como nunca. A barba dele a roçava por baixo, e ele acariciava os seios dela com as mãos. Ela estava completamente lubrificada e sentia que ia gozar. Sentou então no colo dele e começou a penetrar em seu membro, já muito duro. Ela estava quase gozando, e ele também. Ela apertou as mãos nos ombros dele e contraiu seu membro, foi mais forte e mais forte, até que...

- “Vejo que vocês dois fizeram um ótimo trabalho...” – Uma voz feminina vinha da porta. Era a mulher do café. Trajava uma saia vermelha pra baixo do joelho, e uma camisa social, elegante, deixando à mostra seus fartos seios. Usava um salto alto preto e uma elegante bolsinha de mão, preta, toda brilhante. Seu cabelo estava preso em um coque elegante, com uma presilha de rendas.

Ela apagou o cigarro que fumava e abriu a bolsa. Sacou um pequeno revolver e apontou para os dois, que se encontravam acanhados no canto da cama, completamente nus.

- “Ele é bom de cama, não é, Michelle?”

- “É, ele é sim” – Ela respondeu, desafiadora.

- “O combinado era eu entrar e encontrar a garota morta. Pegar a grana e fugir. O que aconteceu com o nosso combinado, Douglas?” – Ele se calou – “RESPONDA!” – Ela gritava.

- “Não pude, Maria... Simplesmente não pude...” – Ele respondeu. Ela se sentou na ponta da cama. Acendeu outro cigarro e continuou apontando o pequeno revolver para os dois.Parecia muito nervosa.

- “Mate-a” – Maria entregou a faca ao chão para Douglas.

- “Não posso”. – Ele respondeu firmemente.

- “MATE-A OU EU VOU MATAR OS DOIS”.

Ele pegou a faca reluntante. Olhou significantemente para Arabella e esta entendeu o recado. Em uma fração de segundos, Arabella desarmou Maria com um chute e no mesmo instante, Douglas cortou a garganta de Maria. Ela agonizava ao chão, enquanto tentava estacar inutilmente o sangramento. Os dois a assistiram morrer.

- “Finalmente poderemos ficar juntos, meu amor” – ela dizia.

- “Eu te amo!”

Eles finalmente se abraçaram aliviados. Ela sentiu o cheiro de seu doce perfume, e de repente, uma queimação nas costas.

- “Me desculpe” – ele disse, sofrendo com o que fora obrigado a fazer, mas não se descontrolando nem se emocionando. Apenas assistiu a Arabella cair ao chão. Ela tinha as mãos ensanguentadas por verificar o que havia acontecido em suas costas. Fora esfaqueada pelo homem que um dia, havia lhe prometido amor eterno.

O brilho de seus olhos negros foi aos poucos, sumindo. Seus belos cabelos loiros eram agora tingidos de vermelho, pelo seu próprio sangue que jazia ao chão. Observou um homem loiro esbelto se aproximar. Estava sem camiseta e boa parte de seu corpo estava queimada. Ela pode observar uma cicatriz do lado esquerdo do peito dele. Observou-o entregando um pacote de dinheiro para Tato, e a olhava com nojo e desprezo. Aos poucos, sua visão foi se apagando, levando consigo todo o sentimento de dor e traição.