Os crimes de Hércules. Primeiro crime.

Essa história começa na pacata cidade de Mor, um lugar onde as casas na sua grande maioria são bem simples, boa parte dessas casas eram feitas toda em madeira, de uma arquitetura de singular beleza, uma cidade pequena, porém hospitaleira e de um povo alegre e acolhedor. O prefeito da cidade de Mor chamava-se Diomedes, ele era conhecido na cidade pela grande criação de cavalos que possuia em seu aras, a maioria desses cavalos eram selvagens e necessitavam de adestramento para depois serem vendidos. Isso tornou o prefeito um fazendeiro muito rico e ambicioso, que fazia tudo o que estava ao seu alcance para ter o que queria, todos na cidade tem medo dele, e fazem praticamente tudo o que ele pede.

Conta-se os mais antigos, que Diomedes já matou muitas pessoas por dinheiro, abusou de inúmeras empregadas que trabalhavam na sua fazenda, para os moradores de Mor ele é um verdadeiro tirano, que não respeitava ninguém, colocando-se sempre acima da lei, a cidade era governada com mãos de ferro pelo carrasco prefeito, e quem ousava desafiá-lo ou ir contra as suas vontades, rapidamente desaparecia sem deixar rastros, acredita-se que ele tenha construido um cemitério clandestino que fica escondido em sua fazenda, lugar onde, segundo dizem, ele enterra aqueles que são assassinados por seus capangas, os que são considerados seus inimigos, conta-se também que ele alimenta seus cavalos selvagens com partes das suas vitimas, algo que foge à compreensão humana.

Nunca houve quem o contrariasse, nem mesmo o delegado da cidade tinha coragem de se colocar contra ele, mas esse demônio chamado Diomedes estaba prestes a ter uma surpresa, os dias de rei desse maligno prefeito estavam contados. " Tem um ditado popular que diz que" Para alguém bravo só outro ainda mais bravo." E este mais bravo existe e estava prestes a agir.

Tudo começou em um domingo de primavera, como é de costume nas pequenas cidades interioranas, a maioria dos moradores vão a igreja nas manhãs de Domingo, muitos na cidade de Mor gostavam de ouvir os sermões do padre Jonas, um simpático senhor que adorava crianças, neste dia especifico o prefeito Diomedes não compareceu a igreja, o fato chamou a atenção dos que estavam na missa, por ser do costume do prefeito comparecer as missas de domingo, ele nunca havia faltado desde que assumiu a prefeitura, não que ele fosse religioso, mas era puramente estratégia política para agradar o eleitorado. A ausência do prefeito gerou muitos comentários durante a missa do padre Jonas.

_Você viu quem faltou à missa hoje, é a primeira vez que isso acontece__ Disse dona Armênia, esposa do delegado da cidade, que chamava-se Apolo.

_E você acha que eu não percebi Armênia, todos estão comentando, aquele crápula deve estar aprontando só pode.

Do outro lado da igreja outros dois moradores comentavam sobre o mesmo assunto.

_Abner ondes está o prefeito que até agora não apareceu? será que lhe aconteceu alguma coisa, ele nunca falta as missas do padre Jonas.

_Não seja besta Roberto, até parece, vaso ruim não quebra, é mais fácil o capeta mudar para o pólo norte do que acontecer algo com o prefeito, onde já se vil você bem que o conhece, já trabalhou no aras dele, não é mesmo.

_Verdade, eu trabalhei sim, dois anos em seu aras, e só por eu ter se esquecido de dar ração a um de seus cavalos prediletos ele me mandou embora, nem o tempo de serviço ele me pagou, e ainda me ameaçou, pode isso.

_E você ainda se preocupa com uma peste daquelas, faça-me o favor né Roberto.

Der repente, entra a passos largos na igreja, um dos polícias que havia na cidade e que nesse dia tinha ficado de plantão na delegacia.

_Delegado Apolo, delegado Apolo, por favor, delegado Apolo, uma desgraça nos aconteceu.

Dizia o policial repetidas vezes.

_Meu filho o que significa isso, tenha mais respeito com a casa de Deus.

Admoestou-lhe o padre Jonas.

_Desculpe seu padre, mais o caso é de extrema importância, acabaram de encontrar o prefeito Diomedes morto em seu aras.

Quando o policial disse isso o delegado deu um salto do banco onde ele estava sentado, o delegado colocou as mãos sobre a cabeça ele não conseguia creditar no que estavam ouvindo, a igreja toda virou em um grande alvoroço de vozes e conversas paralelas misturados a xingamentos e risadas, parecia mais um circo do que uma igreja.

_Quietos todos__ gritou o pedre jonas em alta voz__ isso é assunto para o delegado, silencio, por favor, respeitem a igreja de Cristo.

Na mesma hora o delegado levantou-se do lugar onde estava, pediu licença ao padre e foi direto para o aras do prefeito, nem passou na delegacia. Quando lá chegou, um dos empregados o conduziu ao lugar onde estava o corpo de Diomedes, o corpo do prefeito estava estendido no estabulo dos cavalos, os animais estavam muito agitados, ao ver o corpo ou o que sobrou dele, o delegado quase desmaiou de tão terrível que era a cena diante dos seus olhos, dois cavalos ainda comiam partes do corpo de Diomedes, os cavalos só pararam depois de serem mortos por um dos policiais, coisa estranha, nunca antes vista.

_Meu Deus, o que aconteceu aqui, ligue para o legista e para a funerária, vamos tira-lo daqui, e por favor mandem chamar um veterinário urgente, eu nunca vi dizer que cavalos comecem carne, ainda mais humana, tem algo de errado com esses cavalos.

Tanto o policial que acompanhava o delegado como o empregado das aras nada disseram, apenas acenavam positivamente com a cabeça. Um detalhe estranho chamou a atenção do delegado, na testa do prefeito, ou melhor, no que sobrou dela estava escrito, Hércules, e o numero um em algarismo romano.

O delegado coçou a cabeça sem saber o que significava aquilo, ele estava desconsolado, andando de um lado para o outro, pois há muitos anos que a cidade de Mor não presenciava um crime tão bárbaro como aquele. Mas este seria apenas o começo de algo que aterrorizaria a cidade de Mor e seus moradores, não só ela como também as cidades circunvizinhas.

A noticia se espalhou por toda a cidade e apesar dos moradores estarem de certa forma aliviados pela morte do tirano prefeito, ficaram temerosos, pois sabiam que havia um perigoso assassino a solta.

A cidade toda ficou com medo desse tal Hércules, e já não saiam de suas casas. Hércules era o nome do assassino, e era só isso que o delegado sabia dele, dois detetives da capital foram solicitados para ajudarem a solucionar o mistério caso.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 18/01/2016
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