O mistério da clareira 2

A delegacia é pequena, mas, ainda assim, o aquecedor não consegue dar conta do frio que invade o lugar. Paulo está sentado em frente ao relatório, mas não consegue lê-lo, não consegue nem mesmo tocá-lo. Aquela sensação de impotência e angustia voltaram com tudo e agora se misturavam a uma enxaqueca terrível que o estava impedindo de pensar. Do outro lado, Giovana o observava enquanto foleava os arquivos do caso. Sabia bem que tudo aquilo era mais do que uma investigação para ele, já havia se tornado pessoal. Paulo se sentia responsável pela morte da pequena Juliete, sentia-se incompetente por não ter conseguido encontra-la a tempo, sentia-se um idiota por não ter acreditado na pista que lhe passaram. Caminhando até a mesa do parceiro, Giovana colocou a mão em seu ombro e tentou lhe passar alguma confiança.

-Precisa encarar isso, Paulo.

-Ela está morta por minha causa, Geo. Se eu tivesse acreditado naquela pista...- Paulo colocou as duas mãos espalmadas no rosto e, pela primeira vez em anos, sentiu vontade de chorar.

-Não foi sua culpa, Paulo. A pista não era boa...e se alguém tem culpa, é o desgraçado que fez isso. Não podemos deixar ele se safar...

-Vou mata-lo, Geo. Esse desgraçado merece a morte...

-Se o matar o livrará de pagar por seu crime. O estará beneficiando. O que precisa fazer é relaxar e focar na investigação. Estarei com você...- Enquanto conversavam, um casal adentrou a delegacia desviando a atenção de todos. O homem tinha um enorme par de olheiras e parecia muito abatido. A mulher estava bastante pálida, parecia estar a dias sem dormir e comer. Os dois se aproximaram de Paulo e Giovana e o homem os encarou com tristeza.

-Senhor Soarez, eu...

-Não...por favor, não nos diga: “Eu sinto muito!” . Diga apenas que vai encontra-lo.

-Farei o possível, senhor! Prometo que usarei todos os recursos disponíveis.

-Isso não será o suficiente...minha filha está morta porque a polícia prometeu fazer o possível. Quero que faça o impossível, quero que encontre esse desgraçado.- A senhora Soarez explodiu em um choro compulsivo e precisou ser amparada. Paulo engoliu as palavras em seco e Giovana o encarou procurando acalmá-lo.

-Estamos juntos nessa, Paulo. Vou te ajudar...

-Tenho que encontra-lo, nem que seja a ultima coisa que faça na vida.

-Vai com calma...

-Não se preocupe. Te vejo mais tarde...

-Para onde vai ?

-Te explico depois...

Continua...

Carol S Antunes
Enviado por Carol S Antunes em 12/03/2016
Código do texto: T5571462
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