Deus Africano

Um vídeo nas redes sociais chamou a atenção: alguém usando uma máscara Kple Kple matou um homem enquanto este estava em conversa em tempo real com uma moça. O mascarado olha ainda para o webcan e diz:

– Ele não está sendo justo com a esposa e nem contigo então adeus.

O caso agravou quando um segundo vídeo começou a circular: uma senhora, reconhecida como pedinte, foi morta, ao sair do banho, pelo mesmo homem mascarado, mudando a frase:

– Se você tem casa, carro, comida não é justo passar por mendiga.

Após o segundo assassinato não teve jeito, tiveram que chamar a melhor equipe: Camilo, Sophia, Sonia, Saramago e Luimar.

Camilo, sereno como sempre, chegou com a sua equipe, ainda bem intrigado com o estilo do assassino, ele entrou com a adaga na mão acerta a vítima, fala o que quer e sai. Quem está brincada de quem sou eu? Essa era a pergunta a ser respondida. Mas era hora de dar os comandos:

– Lui e Saramago investiguem os vídeos, vocês talvez consigam ver algo que a maioria não consegue. Sonia precisou conhecer as vítimas, converse com a família delas. Sophia vem comigo precisamos olhar melhor os locais do crime, enquanto ele brinca de Quem sou eu, nós brincamos de Caça ao Tesouro.

Já na cena do crime. Depois de andar pelo cômodo do crime, Camilo resolve dar uma volta pelos outros cômodos. Uma pequena dúvida surge em seu pensamento: Porque ninguém ouviu o grito ou foi ao encontro da vítima? Agiu então, após uma breve análise:

– Sophia vem aqui!

– O que foi chefe?

– Conseguiu alguma informação na sala?

– Só respingos de sangue que apareceram no vídeo. Após ele deve ter guardado a arma.

– Pode verificar se há indícios de utilização de sonífero aqui na cozinha, por favor?

– Com certeza.

Sophia abre a maleta, usando uma lanterna de luz verde percebeu que quando apontava para os tecidos ela mudava de cor. Utilizando-se de seus conhecimentos químicos ela conseguiu identificar que se tratava de um sonífero orgânico que também expelia um corante amarelo, mas devido a baixa amostragem e a grande variedades de plantas nesse perfil era impossível identificar a planta.

Novamente o grupo reunido. Hora de compartilhar as informações. Tomando a palavra o perito em informática:

– Observando as imagens percebi que, no primeiro vídeo, ele sabia que estava sendo filmado; e no segundo, ele mesmo ligou a câmera. Ele não tem medo de aparecer, mas houve um estudo prévio do comportamento da primeira vítima, afinal, ele sabia quando ligaria o computador para falar com a moça.

– Desculpe, chefe, mas não agüentei ficar só assistindo vídeos no computador com este cara! Então liguei para o departamento que investiga o caso e descobri – prosseguiu Saramago – que nenhuma das casas houve sinal de arrombamento, ou seja, o assassino conhecia a rotina das duas vítimas, para poder entrar na casa sem se notado e executar o crime.

– Observando o local do homicídio percebi que aonde aconteceu o crime de fato, não tinha informações relevantes, mas os parentes estavam na casa. O que me deixou intrigado foi não houver reação de ninguém... – ponderou Camilo.

– Ele me chamou então e descobri o porquê: o assassino usa um sonífero que emite um corante amarelo, todos foram dopados – concluiu Sophia.

– As pessoas que acabei conversando, não conseguem se lembrar do dia do evento, mas pelo que me disseram eles desconhecem alguém que teria motivos – esclareceu Sonia – Mas gostaria de ver o vídeo novamente afinal, existe alguém que não foi dopado e está envolvida diretamente.

– Concordo. Vamos nos dividir então...

– Desculpa, chefe, mas não vai dar tempo – interrompeu Lui – Novo vídeo do assassino.

O assassino mascarado aparece com sua faca impedindo que um homem seminu siga em direção a porta e diz: “Um pai de filhos que transa com menininhas não é justo”.

– Temos como conseguir saber onde está a vítima?

– Criptografei o computador que enviou o vídeo, aqui está o endereço – diz Lui anotando e entregando a Saramago – O homem tem muito material pornográfico caseiro, as moças têm de 13 a 16 anos, aproximadamente. O assassino estava certo, quanto a isso...

– Luimar para de divagar e se concentra! Sonia ajuda ele nisso, ok. Tenta pegar esse assassino.

Alguns minutos depois.

– Maldito! Ele realmente tinha muito material pornográfico de adolescentes!

Sophia chama os outros dois, que estão no quarto onde o corpo foi assassinado.

– O que foi Sophia? – perguntaram após atenderem o chamado.

– A vítima da vítima. Foi dopada, com o veneno que causa amnésia. Ela não vai se lembrar de nada. Mas pelo cheiro no ar, consegui identificar o veneno. O veneno é produzido por uma gramínea amarela africana, sonífero e causa amnésia se for fervido e inalado.

Enquanto isso, a dupla de que ficou assistindo os vídeos, conseguiu informações bem interessantes. Primeiro, ao analisar o segundo e o terceiro vídeo conseguiram traçar um perfil físico do assassino: homem magro, negro, 1,80 de altura. No segundo vídeo, Sonia percebeu algo bem interessante: ele conhece a moça com quem o morto falava.

Não demorou muito para tomar uma decisão. Pegou o telefone e ligou para Camilo:

– Chefe, precisamos falar com a jovem do primeiro vídeo. O nosso mascarado a conhece.

– Certo – confirmou e deu a ordem – Saramago, vamos com a Sonia na casa da moça que recebeu o primeiro vídeo, talvez consigamos informações valiosas lá.

Saramago e Camilo passaram na delegacia para buscar Sonia e dirigiu-se a residência da vítima que se chama Aline.

– Boa tarde! Aline se encontra? – perguntou Saramago ao ser atendido por uma mulher de meia-idade.

– Não sei, quem são vocês e o que querem com minha filha? – está foi a reação dela.

– Somos da polícia, divisão especial de homicídios, a sua filha presenciou um, mesmo que foi online – respondeu Camilo.

– Posso chamá-la, mas ela ainda está muito abalada talvez não consiga falar.

Depois de alguns minutos de conversa, não conseguiram muitas informações, mas quando o irmão de Aline apareceu, tudo mudou: o homem se encaixava no perfil físico do assassino.

Saindo de lá Camilo comentou:

– Não sei se prestou a atenção no cheiro que tinha lá, mas era o mesmo que encontramos na cena do crime.

– Tenho uma informação para vocês também: o irmão dela se encaixa perfeitamente em nosso perfil físico montado através da comparação de imagens.

– Ele é um caçador nato, só sai da toca para caçar – comentou Saramago.

– Obrigado Saramago – agradeceu Camilo, pegando o telefone e ligando – Lui, consegue o computador da primeira vítima pra mim dá uma olhada nas imagens, e verifique algo diferenciado.

Mal desligou o telefone e ele toca novamente: Sophia.

– Chefe, identifiquei o catalisador que transforme um calmante e repelente natural em um poderoso sonífero: fluoreto de sódio, ou nosso enxaguante bucal. Qualquer um tendo os dois poderia fazer essa mistura. Não ajuda muito.

– Talvez ajude. Consegue ir até a delegacia e ajudar o rato de computador com as imagens?

– Deixa comigo.

– Ok, então – desliga o telefone – Vamos para a delegacia, vamos ter as últimas informações para terminar o joguinho de quem sou eu.

Enquanto os três se dirigiam para a delegacia, a química chegou até a delegacia e ajudava o perito e informática a analisar a última imagem gravada no computador da primeira vítima. Uma movimentação ao fundo chamou a atenção de Sophia e Luimar.

– Quem está ao fundo? Aproxime a imagem – pediu Sophia, prontamente Lui obedeceu.

– Homem interessante, bolsa interessante, erva interessante e máscara interessante. Acho que achamos nosso assassino – conclui Luimar.

Chegando o restante do grupo. Os dois já os esperavam.

– Saramago faz o mandato para esta pessoa, ela foi imprudente demais.

– Não foi. Ela estava na toca, mas não pensava que ela também podia ser vigiada lá.

Prenderam o rapaz, irmão de Aline, denominado Bruno.

– Encontramos todos elementos que usados para assassinar as pessoas em seu quarto. Tem algo para falar em sua defesa? – perguntou Camilo.

– Só estava fazendo justiça. Nenhuma delas era justa com as pessoas. A máscara que eu usava dizia tudo

– Sabe qual o seu problema: você não sabe o que significa justiça para o povo africano que usa essa máscara. Justiça para eles é ser caçoado na frente do grupo, ser exposto ao ridículo, por isso ele é o espírito da justiça e do divertimento. Matar não é da justiça africana.