BELEZA MORTAL

Prólogo

Chove no momento e o motorista do carro importado desce segurando um guarda chuva preto que mais parece uma cabana. Ele dá a volta no veículo pisoteando as enormes poças. Abre a porta e abriga seu patrão. Logo em seguida abriga também uma maravilhosa morena de cabelos longos e lisos.

- Obrigado Mario, volte para casa, não vou precisar mais de seus serviços hoje.

- Sim senhor, patrão, a que hora passo aqui para buscá-los?

- Depois do café da manhã. – sorrir para a exuberante mulher pendurada em seu braço. O homem toma das mãos do motorista e segura firme o guarda chuva e também andando a passos largos até a cobertura onde um letreiro luminoso vermelho diz “Motel”.

O lugar tem um clima leve e o cheiro de sexo paira no saguão. O cartão de crédito do magnata é aprovado e com um sorriso forçado o funcionário o devolve.

- Boa noite senhor e senhora.

O quarto é luxuoso. Bem espaçoso e perfumado. O magnata se serve de um uísque enquanto a morena vai até o banheiro.

- Nossa, temos uma banheira enorme aqui. – informa a mulher. – imagine as loucuras que podemos fazer dentro dela. – passa a língua nos lábios.

O magnata repousa seu copo no aparador e se caminha para próximo da morena e a puxa para seus braços com avidez.

- Por que não lhe conheci antes? – a beija no pescoço.

- Tudo tem seu tempo queridinho

- Ótimo, agora chegou o meu tempo de lhe provar.

1

Dentro do quarto a cena do magnata morto é ao mesmo tempo cômica e trágica. O rico empresário foi algemado na cama e teve o pênis cortado e posto em sua boca. Souza atento a todos os detalhes observa que o lugar foi palco de loucuras seguidas de tortura e morte. Márcia, sua assistente trás nas mãos coberta por luvas de látex alguns dos pertences do morto.

- Tudo indica que ele foi roubado também.

- Traga o rapaz do saguão, com certeza ele tem algo a dizer.

***

Numa sala reservada, Souza conversa frente a frente com o funcionário do motel de luxo, um dos mais caros da cidade.

- Quer dizer que ele entrou em companhia dessa tal morena?

- Sim, sim, me lembro bem.

- Tem certeza? – indaga Márcia.

- Sim senhora e muito bonita por sinal. – Souza coça o queixo quadrado e se levanta.

- Geovana Prado! – conjetura. Márcia também se levanta.

- Sério?

- Sério, tudo me leva a crer que se trata de obra dela. – ele se volta para o rapaz. – venha conosco meu jovem.

Na delegacia o demorado trabalho de reconhecimento deixa o rapaz um pouco tonto. As fotografias são jogadas na mesa diante dele durante horas. Márcia já estava desistindo quando ele reconheceu Geovana numa das fotos.

- É ela! – aponta.

- Tem certeza?

- Sim, eu jamais iria me esquecer desse rosto, é ela mesma.

Márcia recolhe todas as fotografias e separa a de Geovana. Deixando o funcionário do motel na sala, a bela assistente adentra a sala de Souza que olha atentamente para a tela do computador.

- Pronto chefe, já temos nossa assassina, qual o próximo passo?

- Prende-la. – diz Souza com veemência.

2

Deitada na cama vestindo apenas seu roupão pós banho, Geovana Prado conta as dezenas notas de cinqüenta e de cem reais. Rindo a toa a bela morena de longos cabelos negros desfruta de uma riqueza ilícita em seu apartamento no subúrbio. Ela se levanta rebolando sua protuberância e se dirige ao armário onde apanha uma caixa coberta por uma camurça vinho. Ela a abre e tem seus olhos ofuscados devido ao brilho das diversas jóias. Geovana coloca um colar lustroso e fica a se admirar no espelho.

Ela confere o relógio, faltam duas horas para a sua próxima ação. Ela dá uma corridinha até seu guarda roupas e pega seu vestido, o mesmo usado na noite anterior. Um vestido preto cheio de pedrinhas com decote em “V” que valoriza e muito seu colo avantajado. Abre uma gaveta onde há vários frascos dos mais caros perfumes - com certeza todos furtados - A morena da uma borrifada no ar com um deles e sorrir exibindo sua dentadura branquíssima.

Ela se livra do roupão e completamente nua caminha em direção ao banheiro com as janelas abertas, pouco se importa se há alguém olhando ou não, tudo que ela quer é ser admirada, desejada, causar lascívia nos homens.

O banho é longo, quente, gostoso, a água que escorre dos cabelos negros suaviza sua pele morena bronzeada pelo sol naturalmente. Geovana sai do banho e se veste com o roupão rosa e inicia o processo de se perfumar e de se embelezar. Momentos depois ela está pronta, vestida para matar. Em seguida seu celular toca, uma mensagem informa “Estou a sua espera na porta do prédio”. Sorridente ele pega sua bolsa tira colo abandonando seu apartamento.

3

A bola da vez é um executivo de uma das maiores empresas da cidade. De descendência alemã, o homem possui uma postura impecável, séria, mas, diante da beleza quase sobrenatural de Geovana ele é capaz de imitar uma bailarina. Dentro do carro eles trocam calorosos beijos. Calvo e sem barba, Alberto Hickmann faz da poderosa morena seu troféu. Geovana se deixa ser apreciada e desejada pelo neto de alemães. Ainda dentro do carro a caminho do motel, Hickmann tenta possuí-la. Seu motorista vez por outra assiste a tudo pelo espelho interno.

- Vamos com calma meu cachorrão alemão, o melhor deixei para o motel.

Minutos depois eles se encontram dentro do quarto transando como dois animais furiosos. Hickmann com o tom de pele mais vermelho do que de costume se envolve nos braços e pernas da morena. Geovana para o que está fazendo e faz um pedido ao executivo.

- Posso realizar minhas fantasias? – ofegante Alberto mal consegue responder.

- Tudo o que você quiser minha rainha.

Nua ela vai até a sala e abre sua bolsa onde estão guardadas as algemas e uma faca reluzente. Somente as algemas são levadas para o quarto ardente. Bastante sensual, Geovana algema Alberto Hickmann na cama.

- Feche os olhos meu dog alemão.

- Sim, sim. – diz o executivo relaxado.

Geovana desliza seu corpo fenomenal no corpo do executivo colocando uma venda em seus olhos.

- Volto já!

- Não demore minha rainha.

A faca é retirada da bolsa tiracolo refletindo o jovial rosto de Geovana Prado. Na outra mão um lubrificante barato. Ela entra no quarto e fica a estimular o membro de Alberto que parece está flutuando nas nuvens. A faca fria é sacada. A lamina afiada entra em contato com a carne do pênis do alemão. O sangue jorra manchando todo o lençol. Aos berros Hickmann tem a garganta cortada e em seguida o pênis é colocado em sua boca.

***

As luzes vermelhas e azuis das viaturas policias dão novas cores as paredes dos prédios ao redor do motel. Souza conversa com um dos PMs vestindo sua tradicional camisa pólo cinza e calça social preta.

- Então a nossa tal ‘beleza mortal” entrou em ação outra vez. – diz Souza anotando algo no tablet.

- Pois é, o alemão foi encontrado com o pinto na boca e o gogo cortado, igualzinho ao outro.

- É meu chapa, ela é mais esperta do que pensamos. – se afasta. – já colheram os depoimentos?

- Sim senhor, segundo os funcionários, Alberto Hickmann chegou aqui por volta das 10 e lá pelas uma da manhã, essa tal Geovana saiu sozinha tranquilamente pela porta da frente.

- Ela é perigosa e faz questão de que saibamos disso, até mesmo sua identidade ela não esconde. – Souza olha atentamente para as janelas espelhadas do motel. Márcia chega trazendo mais informações.

- Chefe outra vez roubo seguido de morte ou vice versa, Geovana limpou o pobre do alemão.

- Tudo bem, acho que o nosso trabalho acabou por aqui. – Souza consulta o relógio. – vou para casa, qualquer informação não hesite em me ligar, entendeu?

- Sim senhor.

4

Para Souza viver sozinho sempre foi um problema. Conviver com a saudade do filho que foi morar com a mãe ainda pequeno é algo que o machuca bastante. Quando Luis Souza conheceu sua ex esposa Suzana ele ainda não era o policial que ele é hoje conhecido e de uma certa forma temido. Suzana era estudante de jornalismo na época e os dois se envolveram por um a caso numa das ocorrências policias. Ao ver a jovem loira com seu bloquinho de anotações arriscando a vida para preencher algumas horas de estágio, ele quis saber nome e endereço da corajosa e futura jornalista.

- Que contraste! – diz Souza.

- O que disse?

- Uma bela jovem como você nesse ambiente hostil de uma delegacia.

- Para você vê como são as coisas, preciso cumprir essas horas de estágio senão fico pra trás.

- Será que posso ajudá-la com alguma coisa? – se oferece Souza.

- Sim, preciso mesmo de ajuda, que tal começarmos com as ocorrências?

- Como quiser.

Tudo começou no corredor da delegacia e dias depois os dois já se encontravam nos bares e logo no apartamento de Souza. Suzana e Luis namoraram por dois anos. Ela se formou e ele lhe propôs em casamento coisa que ela aceitou logo de cara. A cerimônia foi simples, os pais de Souza vieram do interior para abençoar a vida do novel casal. No inicio o relacionamento com os pais de Suzana foi meio conturbado. Por ser negro, Luis sofreu preconceito por parte do pai da noiva.

- Minha filha, justo um negro?

- Pai, qual o problema, eu o amo.

- Quer dizer que teremos netos mestiços é isso? – diz olhando para a mãe de Suzana que sempre reprovou as atitudes do esposo.

- Ubirajara, pare com isso, a vida é dela. – abraça a filha. – teremos netos misturados sim e serão mui amados por nós.

Souza sempre levou o caso numa boa, nunca entrou em atrito com o sogro, sempre que ouvia piadinhas ele as ignorava.

O tempo passou, Jéferson nasceu e com ele as brigas e desentendimentos. Suzana cresceu na profissão e Luis Souza já não podia suportar uma mulher autoritária dentro de casa. Claro que ela passou ganhar mais que ele como oficial de policia. Suzana se tornou uma das principais âncoras de uma famosa emissora de radio da cidade, ficou conhecida e isso deixava seu marido enciumado.

Mas o que culminou no divorcio foi o fato de Suzana ter recebido proposta para ser representante internacional dessa rádio e de ter aceitado sem ao menos consultá-lo.

- Não sabia que era você quem decidia as coisas sozinha.

- Pois é, Luis, sabe o que significa isso?

- Sim, o fim de tudo.

E foi mesmo. Doloroso como toda separação é. Souza perdeu a guarda de Jéferson que foi embora com sua mãe para o Japão. Desde então, Souza, para não cair numa depressão, enfiou a cara no trabalho e conseguiu chegar onde ele está hoje.

***

A música dançante toca no rádio e ela exibe seu corpo esbelto, malhado e bronzeado dançando sozinha. No rosto a satisfação de ter mandado para o inferno mais um. Requebrando como se fosse uma dançarina de boate, Geovana transpira sensualidade. Ela aumenta o volume do rádio e não se importa se já passam das três da madrugada, tudo que ela quer e extravasar.

5

Gordo e bastante imponente, assim é o congressista Rubens Cardoso. No auge de seus 65 anos, Rubens é um homem que coleciona memoráveis títulos pelos bons feitos pela sociedade, mas também é dono de uma ficha criminal de dar inveja ao maior mal feitor que possa existir, só exerce o cargo de congressista por que o povo tem memória curta. Seu rosto é marcado por um semblante sempre fechado e olhos frios como gelo, quem não o conhece pensa em se tratar de um velho psicopata.

Antes de ingressar na política ele era amigo de um poderoso e honesto empresário chamado Henrique. Ambos viviam suas vidas para fazer com que os negócios crescessem de forma que a empresa ficasse bem situada no mercado. Rubens e Henrique eram considerados os deuses do empresariado, em um ano a empresa cresceu o que deveria crescer em cinco. Finalmente a HR estava no topo. Os investimentos eram altos demais e isso já estava pesando no orçamento.

- Henrique, temos que conseguir verbas para manter essa empresa de pé.

- Sei disso, Rubens, mas, no momento é só o que nos resta fazer.

- Você vai ficar ai de braços cruzados e assistir a tudo que construímos desmoronar?

- É claro que não, Rubens, eu só não quero enfiar os pés pelas mãos.

Após essa reunião, Rubens se envolveu com pessoas perigosas que lhe forneceram verbas. Novamente a HR estava municiada e com bastante dinheiro em caixa. Isso levantou ainda mais as suspeitas de Henrique que certa noite enquanto brincava com sua única filha recebeu a visita inesperada de Rubens.

- Henrique, temos que conversar.

- Não tenho mais nada para conversar, tudo o que eu tenho pra falar, falarei em juízo.

- Você teria coragem de depor contra mim, seu amigo? – Henrique volta a brincar com sua filha.

- Não consigo mais lhe ver como amigo e sinceramente. – faz uma pausa. – nossa sociedade acabou.

Depois dessa declaração de Henrique só o que se ouviu foram tiros e o carro de Rubens arrancando com os pneus.

Rubens ficou anos sumido do país. Nem mesmo a policia internacional conseguiu encontra-lo. O que dizem é que ele se disfarçou de mendigo durante anos na Europa. Agora ele é um político respeitado, ninguém mais lembra do passado tenebroso do congressista. Ao sair de uma calorosa reunião ele dispara com seu carro para sua mansão. Sua pressa tem nome; Geovana Prado. Enquanto dirige ele faz uma ligação.

- Diga minha flor? Sim, hoje, estará em sua conta, pode deixar.

Os dois se conheceram á um pouco mais de um mês e assim que Rubens bateu os olhos na morena na festa de inauguração de uma emissora de TV, o congressista não pensou em mais nada a não ser levá-la para cama. Durante os comes e bebes o convidado especial depois de discursar e de devorá-la com os olhos, desceu da tribuna convencido de que daquela noite ela não lhe caparia. Rabiscou bruscamente seu número de celular no guardanapo e o entregou para o garçom que de quebra levou uma gorjeta.

Geovana estava sensacional. Um vestido vermelho colado ao corpo emoldurando suas formas e uma vasta cabeleira negra quase azul. Até mesmo o garçom ficou hipnotizado com tamanha beleza da mulher.

- Senhora. – estende a mão com o guardanapo. – isso é para senhorita.

- Grata.

Sentindo que o velho mordeu a isca, resta a penas fazer um charminho para esquentar ainda mais o clima. De um lado do salão o congressista ergue vagarosamente a taça de champanhe. Ela joga os cabelos e sorrir. Ostentando uma barriga proeminente, Rubens se levanta e caminha a passos curtos. Interrompido pelo anfitrião, o congressista se irrita mais não demonstra. Geovana também se levanta e se encaminha para o corredor que dá acesso aos banheiros. Vendo que sua diva se deslocou, Rubens tratou de encurtar a conversa e partiu atrás da morena.

- Com licença. – pigarreia Rubens. – posso falar com você um minuto?

- Sim! – diz Geovana em tom amistoso.

- Bom, creio eu que na porta de um banheiro não seja o lugar adequado para uma conversa.

- Tudo bem, o senhor pode...

- Dispenso as formalidades, pode me chamar de Rubens.

- Tudo bem, Rubens, me aguarde no jardim.

- Posso pedir que levem uma garrafa champanhe?

- Por mim está ótimo.

No jardim onde um chafariz harmoniza o ambiente com o som da queda d’água, Rubens e Geovana conversam amigavelmente. Vendo que velho irá demorar chegar onde ele realmente quer, Geovana coloca seu pé entre as pernas curtas e gordas do congressista.

- Hum, você é rápida menina.

- Adoro homens corpulentos. – ela estica um pouco mais a perna e repousa o pé na saliência da calça do velho político. – então, Rubens, vamos ficar só no champanhe?

- O que você me sugere então?

- Ir para sua casa e te lambuzar com meu óleo.

Uma hora depois num quarto de motel, Rubens é envolvido pelos ardentes braços de Geovana que o enlouquece com suas praticas selvagens sexuais.

- De onde vieste garota?

- Xiii. – coloca o dedo indicador nos lábios de velho. – só aproveite o momento, congressista.

A noite foi pouca, por isso, logo pela manhã antes do café, Geovana o acordou para mais uma transa. Rubens esqueceu completamente do compromisso que teria e atendeu ao telefonema de seu assessor com Geovana praticando equitação em seu colo.

- Diga a eles que chego ai em meia hora.

Desde então os encontros passaram a fazer parte da rotina frenética do político. Eles transam quase que todos os dias e com isso, Geovana vai engordando sua conta bancaria as custas do velho caduco.

6

O nome Geovana atormenta a mente de Souza até mesmo nos raros momentos de folga do policial. Um pouco depressivo devido à saudade que sente de seu filho - e por que não dizer de sua ex Suzana - Luis Souza tenta aliviá-la tomando de uma só vez cachaça pura. Debruçado no balcão de um bar poeirinha ele não sente a aproximação de Márcia sua assistente.

- Que fossa hein!

- Nem diga. – coça a cabeça. – então? Quais as novidades?

- A nossa amiga Geovana tem um namoradinho, sabia?

- Como assim? Conhecemos ele?

- Lembra de Rubens Cardoso?

- Sim, o político com mais ficha criminal do que Fernandinho Beira mar.

- Exatamente, ele tem sido visto com uma morena em jantares e comemorações.

- Ele é o próximo da lista então?

- Acho que não. – presume Márcia. – eles já estão juntos á algum tempo se ela tivesse que matá-lo já o teria feito.

Souza escorrega do tamborete.

- Essa mulher é escorregadia demais, o negocio é cercá-la. Faça o seguinte, certifique se essa tal morena é mesmo ela, certa disso ligue para o Frota, tudo certo?

- Comigo tudo bem, e com você? – Souza se vira para o balcão nenhum pouco disposto a responder.

- Por favor, mais uma dose desta. – chama o balconista erguendo o copo. Márcia encolhe os ombros e o deixa.

***

Depois de fazerem sexo pela segunda vez, Geovana e Rubens recuperam as energias deitados olhando para o teto. Como é praxe a linda morena faz suas cobranças fazendo lembrar as garotas de programa com que Rubens já esteve.

- Já fizeste o deposito? – Rubens hesita em responder. – te fiz uma pergunta.

- Ainda não. – Geovana se enrola nos lençóis.

- Mas você prometeu amor, pô, estou precisando dessa grana pra ontem.

- Não tive tempo, farei isso assim que chegar em casa, tudo bem? – a morena se levanta dissimulando.

- Poxa, queria tanto lhe fazer uma surpresa. – o congressista ergue-se na cama.

- Que tipo de surpresa?

- Foi lançado no mercado um novo tipo de óleo, queria experimentar. – num salto o velho pega seu celular e com meia dúzia de toques ele faz a transferência.

- Pronto, quero você bastante cheirosa no nosso próximo encontro.

Geovana lançando seu olhar cheio de veneno e volta para a alcova beijando seu amante o convidado para ficar mais um pouco. Agora um pouco mais rica certamente o sexo será mais intenso, mais selvagem. Naquela cama de motel não existe amor e nem carinho, somente sexo com cheiro de traição e ambição.

***

Márcia, junto com a chefe da equipe da divisão de homicídios, analisam minuciosamente cada imagem das revistas e jornais onde Geovana e Rubens aparecem juntos. De repente um comentário de Vânia tira a assistente de Souza totalmente do objetivo.

- E a sua obsessão pelo chefe, já deu uma acalmada? – Márcia dá mais uma olhada nas revistas.

- Acho que ele ainda a ama.

- Suzana?

- Sim. – vira mais uma página. – outro dia o vi bebendo num bar totalmente destruído.

- Não seria à hora de você usar todo esse seu charme para consola-lo?

- Sei lá, Souza parece que só tem olhos para aquela loira e de quebra ainda tem o Jéferson.

- Amiga, não desista, invista, você é uma mulher interessante pode muito bem dá novo rumo à vida de Souza.

O foco já não são mais as imagens nas páginas das revistas que passam como um borrão, Márcia fica a imaginar como seria sua vida ao lado de Souza. No automático as paginas vão passando e ela não vê Rubens e Geovana flagrados juntos num restaurante por um paparazzo. Vânia precisou alerta-la quanto as fotos.

- Amiga, viajou, olha o casal aqui.

- Nossa, pior que viajei mesmo, legal, aqui estão eles.

***

7

A conversa informal com sua assistente acompanhada de um café bastante forte entra em assuntos um pouco desconfortáveis para o policial que por mais que tente não consegue se esquivar.

- Você ainda tenta manter contato com Suzana? – pergunta Márcia provando do liquido fumegante.

- Sim. – assopra o café. – mas ela sempre se torna uma pedra de gelo.

- E o Jéferson?

- Está crescendo, conversei com ele outra noite, já está um rapazinho.

- Pois é o tempo está passando, não acha?

- Muito e senti que ela também está se esgotando. – gira o restinho de café na xícara.

- Do que está falando? – indaga Márcia.

De repente a tranqüilidade do lugar é quebrada por uma confusão. Um rapaz passa correndo derrubando tudo que está a sua frente. Souza se levanta e vai atrás do meliante. Márcia deixa seu café de lado e vai investigar. A perseguição a pé segue em alta e perigos velocidade pela calçada. O rapaz já percebeu que a policia está em seu encalço e trata logo de sacar sua arma. Preocupado com os civis Souza tenta levar a perseguição para fora da linha de tiro dos passantes. Se o marginal corre muito, Souza corre muito mais, graças os longos períodos de academia e caminhadas. O garoto entra num beco e ao ver o muro alto, como um animal encurralado ele começa a disparar sem direção certa. Com a calma de sempre Souza se abriga entre os postes e espera a munição do babaca acabar. O rapaz ainda tenta pular a alcançar o alto do muro.

- Cai fora seu verme. – esbraveja o meliante. – eu já matei e não custa nada eu repetir, não tenho nada a perder com isso. – para não deixar o marginal ainda mais nervoso Souza se mantém em silêncio. – sei que você está ai seu otário, vou meter uma bala no meio da sua cara. – atira mais uma vez. Pelos cálculos do especialista, resta apenas uma bala. O rapaz continua ali sem saída e rosnando como um cão raivoso. – seu desgraçado não adianta se esconder, sei onde você está enfiado. – atira. Corajosamente Souza sai de trás de um do postes e fica frente a frente com o bandido. – merda, está de colete verme. – puxa o gatilho e o trinta e oito não dispara.

- Não sabe contar? Verme burro. – Souza provoca a ira do marginal que joga fora sua arma e parte pra cima com socos e ponta pés. Com agilidade o policial vai se defendendo. Souza ainda pensa em sacar sua pistola e finalizado, mas, resolve por em pratica as aulas de Jiu jitsu. Em questão de minutos o vagabundo está no chão e enroscado nos braços fortes de Souza. Mais um pouco de pressão e o marginal apaga.

***

Márcia conversa com o comerciante que foi assaltado quando vê Souza chegado trazendo o rapaz algemado.

- Esse é o meu chefe. – Brinca sua assistente.

- Pare a primeira viatura que passar e enjaule esse merda. – o celular de Souza toca. – Fala Frota pode falar. – pausa. – sim vou precisar de seus serviços.- outra pausa. – valeu te encontro na DP então. – desliga e olha para Márcia. – então se trata de Geovana Prado a namorada do corrupto Rubens Cardoso?

- Sim, com certeza, eu trouxe a revista para você ver. – abre o exemplar do mês passado.

- Ótimo. Ela pode ser linda, mas é perigosa vamos apanha-la.

***

Ele é perigosa demais, linda demais, faz os homens imaginarem as piores loucuras. Acende o desejo ardente no sangue másculo. Enquanto se lustra com o óleo que prometera a Rubens na outra noite. Um óleo feito especialmente para ela a “beleza mortal”. Geovana pretende dar a seu amante uma noite coberta de prazer e dor, uma noite que ele jamais esquecerá. O celular vibra “é ele”.

- Boa noite meu amor. – diz ela. – já estou descendo.

Lentamente ela coloca seu novo vestido comprado especialmente para essa noite. Vai até a janela e observa as estrelas, elas parecem brilharem para ela. Respira o ar sombrio que só a noite tem. Volta para o centro da sala e pega sua faca e sente sua frieza na lamina. Tal objeto já pos ponto final em vários canalhas, vários traidores e repugnantes seres reprodutores. Ela a beija e a coloca em sua também nova bolsa tira colo junto com uma peruca loira. O apartamento cheira morte, se não fosse o aroma de frutas do óleo o lugar seria um verdadeiro salão da morte, um campo de concentração. Ela está pronta, rebolando ela deixa o lugar para sempre, terá que encontrar outro ninho, outro refúgio.

8

No elevador Rubens e Geovana trocam beijos e não se importam com a câmera que filma tudo. Ele enfia suas mãos e apalpa os seios, muito inescrupulosa ela sorrir para a câmera e da uma piscadinha.

No quarto as respirações se misturam e os gemidos também. A performance de Geovana esta noite é única, sem igual. Rubens está ruborizado com tamanho desempenho de sua amante. O óleo é espalhado no peito do congressista enquanto a mão fina e macia da mulher desliza num sobe e desce em câmera lenta.

***

Souza e Márcia desde cedo se encontram a uns 500 metros do motel. Sem paciência o policial soca o volante.

- Tem certeza que eles entraram lá.

- Absoluta, minhas fontes são seguras, relaxa. – objeta Márcia.

- Temos informantes lá dentro?

- Sim.

- Tudo bem, vamos aguardar então. – se espalha no banco do motorista.

***

Rubens não parece em nada com aquele político sério e imponente do dia a dia usando uma coleira e andando de quatro no piso frio do motel. Geovana pede para que ele lamba seus pés, ele obedece. Exige que ele se coce, ele prontamente atende. Ela rir, debocha, gosta do que vê.

- Ladre meu cãozinho. – como um cachorro louco ele late e late alto.

- Muito bem, agora deite-se que a sua dona vai lhe dar um trato.

- Que demais, garota você é de outro mundo.

***

Márcia se sente incomodada e ao mesmo tempo feliz por está ao lado do homem que ama. Ela por diversas vezes perdeu o foco pensando mil e uma coisas como; porque ele não me beija? Por que não coloca sua mão em minha perna? O devaneio é interrompido pela indagação do chefe.

- Fez tudo como pedi? – pergunta tamborilando no volante.

- Sim, teremos o flagrante que tanto procuramos essa noite.

- Ótimo.

***

Deitado, nu e amarrado, Rubens recebe todo o tipo de prazer existente numa cama a dois. Geovana sobe em seu colo e dança como uma nativa. Seus olhos se certificam se ele está bem amarrado. Logo em seguida ela o mordaça e dança mais um pouco. Beleza mortal se inclina a lambe a orelha direita do velho e sussurra.

- Henrique Prado. – Rubens na mesma hora perde toda noção de tempo e de espaço ao ouvir tal nome. Geovana continua a rebolar em seu colo. Ele ainda confuso tenta se livrar das amarras. – o que foi? não lembra de mim, sou aquela garotinha que viu o próprio pai ser morto por um covarde á anos.

E como se lembra. A mente de Rubens volta no tempo, para ser exato no dia em que ele matou seu amigo e sócio na sala de casa brincando com sua pequena filha. Um tiro certeiro na cabeça espalhando miolos no chão e no rosto angelical da pequena Geovana que sem parar e inutilmente tenta acordar seu pai.

- Pai, papai, acorde, acorde!

O rosto do assino de seu pai ficou em sua memória e ela, mesmo se tratando de uma criança nutriu dentro dela um sentimento subversivo, vingança.

E agora ela está ali, em cima de seu inimigo literalmente. A faca e é retirada de debaixo do travesseiro. Ao ver a lamina reluzir o congressista se desespera e com os olhos ele pede clemência e ela entende.

- Minha vida se transformou num inferno depois daquele dia seu merda e foi por sua culpa. Agora você irá pagar por tudo.

A faca é introduzida dezenas de vezes no peito até não haver onde penetra-la, até não haver mais vida no velho político. Rubens morre ali, nu, sem defesa alguma, uma morte terrível. Seus olhos arregalados demonstram tamanho foi o pânico na hora de sua partida para sempre.

***

Souza perde de vez a paciência e resolve ir até o motel mesmo sob protesto de Márcia.

- Souza, qual foi, vamos aguardar.

- Mau faro não me engana, essa mulher é esperta pra caramba. – o radio de Márcia chama.

- O que? Mais como? – ela olha para Souza furioso. – tarde demais.

- Droga! – Souza corre pela rua feito um maluco e Márcia também.

Na entrada do motel Souza olha para todos os lados na esperança de encontrar sua assassina. Ele sobe os degraus de dois em dois deixando uma Márcia sedentária para trás. No quarto a cena é praticamente a mesma exceto por um detalhe um tanto quanto curioso. O pênis de Rubens introduzido entre as nádegas flácidas do congressista.

- Será que ninguém a viu saindo dessa espelunca. – vocifera Souza.

O tal informante de Márcia tenta se justificar.

- Perdoe-me senhor, esse motel entra e sai pessoas a toda hora a movimentação aqui é frenética. – Souza furibundo dispara pela porta.

- Diga isso para a família dele.- se refere a Rubens morto na cama.

No saguão o policial interroga a recepcionista.

- Nenhuma mulher morena saiu daqui ou passou por aqui?

- Por aqui passam diversas mulheres senhor. – Souza conta até dez diante do pouco caso da funcionaria.

- Quero as imagens das câmeras de segurança.

9

Na sala da segurança do motel Souza e Márcia não piscam diante do monitor. O chefe da segurança passa cuidadosamente os vídeos quando Souza pede para que ele congele a imagem.

- Veja, é o momento em que eles chegaram. – coça o queixo. – agora quero as imagens do elevador. – o segurança vai passando e as encontra. Geovana e Rubens se beijando. O coração de Souza se enche de cólera quando ela dá aquela piscadinha para a câmera. – safada, ela sabia exatamente o que pretendia fazer, está brincando com a gente. – o chefe da segurança e Márcia se entreolham. Souza esfrega as mãos no rosto e pede que avance com as imagens. O homem aperta alguns botões e pronto. Os olhos de Souza não param, ele praticamente está em cima do monitor. Ele consegue vê num entra e sai do motel uma mulher loira de braço dado com um velho. – é ela!

- Como assim? – diz Márcia.

- Tenho certeza, a vagabunda colocou uma peruca e enganou o “seu” informante.

- Me desculpe.

- Tudo bem, mas, a partir de agora eu resolvo, tudo bem?

- Tudo bem. – Márcia ajeita as madeixas negras atrás das orelhas. Souza agradece ao chefe da segurança e sai da sala.

***

Longe dali Geovana termina de dar prazer ao velho dentro do carro. A anos o velho Durval não sentia tanto prazer.

- Minha filha que boquinha maravilhosa essa tua.

- Maravilhoso é você vovô por me ajudar a sai daquele lugar em seus braços.

- Não foi nada, sempre que quiser pode me ligar.

Geovana sai do carro caindo aos pedaços de Durval e anda tranquilamente pela calçada. Ela dobra a esquina e retira a peruca a jogando num monte de lixo.

10

Márcia ainda sem coragem para olhar no rosto de Souza toma seu chá pensando em tudo que passou enquanto seu chefe fala ao telefone.

- Ótimo, não podemos perder mais tempo, valeu, vou desligar.

Ele volta para a mesa do bar onde os burburinhos se sobre saem. Vendo a decepção quase tangível de sua assistente, Souza resolve baixar a guarda.

- Não fique assim, também já dei alguns moles.

- Estou me sentindo a pior das piores.

- Não sinta, apenas tome seu chá, isso lhe fará bem.

- Só estou assim porque vacilei com você. – finalmente ela consegue levantar a cabeça.

- Comigo? Ou com a lei?

- Não com você, eu lhe admiro Souza, pra mim você é o melhor, quando eu soube que iria trabalhar com você vibrei muito pos sabia que estava entrando para uma faculdade pratica, ira aprender muito a seu lado, mas, agora tudo está acabado. – Souza engole seco e cria coragem para segura-la no rosto.

- Ei, não se tortura assim, você é boa, olhe para trás veja quantos casos resolvemos juntos, eu não teria conseguido se não fosse você a meu lado. – enquanto falava, Souza pode observar o quanto Márcia é atraente e delicada. – vamos pegar essa maldita e ai comemoraremos tomando chá em meu apartamento, fechado? – Márcia consegue sorrir.

- Fechado. – o telefone de Souza toca.

- Sim. – pausa. Souza olha para sua assistente e sorrir. – muito bom.

- Boas noticias?

- Mais que boas, pedi que Frota ficasse de olhos em todos os hotéis caso alguma mulher alugasse um quarto e foi o que aconteceu, “meu” informante – Márcia torce o canto da boca. – lhe informou que uma morena exuberante alugou um quarto nesse mesmo bairro, ela é mesmo terrível, nos desafia a cada instante.

- Então o que estamos esperando, vamos entrar lá e prende-la.

- Não, ainda não. – Márcia franze o cenho.

***

Muito gostosa, muito fatal, assim é Geovana Prado na porta de uma casa de eventos caros esperando um trouxa a convidar para entrar. Extremamente feliz por vingar a morte de seu pai, ela transpira satisfação. Os convidados ricos e famosos vão chegando e admirando a beleza da morena ali retocando a maquiagem. Um homem sai de seu carro e joga a chave para que o manobrista o estacione. Ao ver aquela deusa ali parada ele não acredita e resolve conferir de perto.

- Sozinha? – Geovana se vira lançando seu olhar fulminante.

- Nunca.

- Sério? Tens um amigo imaginário?

- Me referia a você, tolinho. – rir.

- Quer entrar e me fazer companhia?

- Adoraria.

Tal homem adentra ao lugar bastante iluminado, bastante movimentado exibindo seu troféu de aproximadamente um metro e sessenta e nove de altura, de pura sensualidade. Logo o garçom lhes oferece uma mesa.

- O que vão beber?

- Champanhe, e você. – pergunta o ricaço.

- O mesmo.

Quando o garçom se afasta o rico começa com as formalidades.

- Prazer, me chamo Ricardo, Ricardo Mello, e você?

- Geovana, Geovana Prado.

- Uau, que belo nome, faz jus a dona.

- Pois é meu pai tinha bom gosto. – diz mexendo nos cabelos.

- O que faz da vida Geovana? – ela olha ao redor como com que buscando as palavras, a vontade foi de dizer “sou uma assassina profissional e você será minha próxima vítima. Mais só o que ela conseguiu dizer foi.

- Estudando e trabalhando.

- Você está estudando o que?

Geovana já estava achando aquele papo um porre, mas resolveu leva-lo numa boa.

- Gastronomia. – a bebida chega e Ricardo tomam um curto gole.

- Hum, muito interessante.

Eles se olham por um breve momento.

- Quer sair daqui? – pergunta Ricardo.

- Vai me levar pra onde?

- Para minha cobertura que fica aqui perto, o que acha? – Geovana estica a perna e encosta o pé nas partes intimas de Ricardo.

- Acho ótimo.

11

O quarto recebe a luminosidade da luz de fora quando Ricardo e Geovana entram já se beijando. A morena é insaciável e rasga a camisa do Ricardo que apalpa as nádegas avantajadas da garota.

- Quero realizar com você todas as minhas fantasias e loucuras.

- Sou toda sua cachorrão, toda sua.

- Eu tenho alguns brinquedinhos guardados, gostaria de usá-los em você. – a beija no pescoço.

- Vai me amarrar na cama por um a caso?

- Como adivinhou?

- Desde quando te vi senti que você gosta de dominar.

- Então? Topa?

- Normalmente eu faço esse papel, mas, depois é a minha vez, tudo bem?

- Tudo ótimo.

***

Ricardo pega as algemas e empurra Geovana contra a cama. Aos poucos ele vai abaixando as alças do vestido preto e num gesto rápido ele a prende na cabeceira da cama. Ele toca os seios e pernas da morena que se contorce no leito ardente.

- Me consuma meu homem.

- Calma, ainda tenho mais brinquedos, vou buscá-los.

- Não demore.

Geovana fica ali deitada imaginando as piores e maiores loucuras que Ricardo vá fazer com ela. Tudo que ela quer é mata-lo, mas, antes disso ela vai se divertir, faze-lo gemer de prazer e desejar que ela seja sua pela resto da vida e quando ele achar que tudo está sob seu comando ela entra em ação com sua faca o fatiando. Geovana fecha os olhos embriagada de tesão e ao abri-los ela dá de cara com Souza a olhando.

- Ei, quem é você? – pergunta totalmente desorientada.

- Sou Luis Souza e esse é Frota, nós somos policias e você está presa por assassinato.

Ela olha para Frota que joga longos beijinhos para ela.

- Bom trabalho Frota, você disfarçou muito bem.

- Obrigado chefe.

***

Geovana algemada com as mãos para trás adentra a cela na companhia de uma policial do presídio feminino onde as maiores criminosas estão encarceradas. Ao ouvir o som do cadeado sendo trancado finalmente sua ficha cai e sem ela mesmo perceber uma lágrima rola em seu rosto sem maquiagem. Realmente aquele uniforme azul escuro não combina nem um pouco com seu estilo, ele esconde a beleza sobrenatural da filha de Henrique Prado. Ao caminhar para o funda da cela onde há mais mulheres, Geovana sente uma onde de pânico percorrer todo o seu corpo. Uma presa corpulenta negra para de alisar os cabelos de outra companheira de cela e fica a olhar para Geovana que gira os calcanhares. Na mesma hora a presa gorda comenta.

- Hum, até que você é melhor que nas fotos de revista. – Geovana finge não ser com ela. – estou falando com você gostosona, é melhor você não fazer jogo duro, aqui quem manda é a mamãe Cidão, entende?

- Não sou homossexual entende? – Cidão se levanta e fica cara a cara com Geovana lançando seu hálito podre misturado com nicotina.

- Vai passar a ser, quero você pra mim. – Geovana sente novamente a onda gigantesca de pânico assumir seu corpo.

12

O cheiro de chá de erva cidreira deixa o ambiente ainda mais romântico no apartamento de Souza. Márcia espera sentada no sofá seu chefe voltar com os biscoitos, enquanto espera, ela fica a admirar a organização do lugar. As estantes com diversos livros e a coleção completa Barsa. Souza volta com uma bandeja cheia de biscoitos caseiros e chá.

- Não sabia que você tinha habilidade com o fogão.

- Sou um homem sozinho, tenho que me virar. – coloca a bandeja em cima da mesa de centro e se acomoda no sofá ao lado de sua assistente. – então? Está melhor agora?

- Bem melhor. – toma do chá. – foi bom tudo isso ter acontecido, só provou que por mais que a gente pensa que sabe, ainda temos muito aprender.

- Não foi só pra você que tudo isso serviu, eu também aprendi que tenho muito que crescer nessa loucura que é a nossa profissão.

Enquanto comem e bebem o celular de Souza toca e o mesmo o atende.

- Alô? – Pausa. – mais como? – levanta do sofá e caminha até a janela. – tudo bem já estou indo. – ele olha para Márcia que entende o recado.

- Qual a boa pra hoje? – pergunta mastigando um biscoito.

- Sidney Lessa atacou outra vez.

- Eita, já estou vendo tudo. FIM

Luís Souza
Enviado por Luís Souza em 14/11/2016
Código do texto: T5823611
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