Corruptos da transportadora

Resgate un Itacare

Meu nome é Marcelo. Sou motorista de escolta da Transportadora Machado. E tenho um inescrupuloso desavergonhado colega, tipo armário, chamado Clóvis que trabalha comigo ocasionalmente.. É dele o causo que vou contar.

Sujeito de 40 anos, moreno de um metro e noventa, Clovis, é filho de agricultores. Não é boa pinta mas tem porte atlético. Muito bom de conversa aparenta um cidadão simples como todo mineiro do interior. Criado em Mariana foi um empregado de mineradora que um dia se elegeu suplente de vereador. Por sorte assumiu o cargo e passou três anos na politica cuidando de sua vida sem preocupação com o povo.

Casado com uma moça rude, de porte avantajado, oriunda do interior do Vale do Jequitinhonha, de prendas domestica, Clovis tinha três filhos e uma tendência confirmada para falcatruas e ilícitos que lhe deram lucro. Se arrumou financeiramente.

De pouco estudo, mas tinhoso, quando percebeu que a sua batata estáva assando levantou acampamento e veio para Contagem. Veio trabalhar com um tio que tem escritório de despachante na cidade. Sujeito famoso por aqui esse seu tio! Coronel de fato do tempo do golpe de 64,era considerado gente boa que não mata, só aleijava, no dizer da oposição.

Antes de sair de Mariana, na condição de encostado do INSS há mais de três anos pediu sua aposentadoria por invalidez que foi aprovada. Como político logrou registrar-se de empregado da Santa Casa de Misericordia de Mariana que não recolhe impostos. E sem contribuir uma só vez, fingiu se acidentar tombando da escada da instituição. Foi considerado inutilizado por danos na coluna.Com laudos fajuto e os amigos certos se aposentou fácil.

- Era pouco - dizia ele -, mas isso já me dá uma ocupação decente: aposentado.

Logo que chegou em Contagem construiu sua casinha na periferia se arranjando com o trabalho de ir e vir a Belo Horizonte para cuidar do registro e emplacamento de caminhões do escritório de despachos do tio. Conversa mole, ainda que atropelador logo se fez conhecido na praça.

Foi assim que ele conheceu a Transportadora Machado & Filhos Ltda, e o senhor Machadinho, homossexual assumido, filho do Sr. Machadão meu patrão. Não tardou a conseguir um bico como caminhoneiro da empresa em época de safra.

O principal negócio da transportadora, de logística simples, mas carente de responsabilidade, e alto investimento no período da safra, consiste em entregar os 300 ou 400 caminhões reboques de soja de Mato Grosso no porão dos navios chineses. Um erro, um atraso, um desvio, e os contratos com as cooperativas agrícolas se dissolviam. Jogo rápido para gente grande. Mas muito lucrativo.

Os tropeços da logística das transportadoras são os motoristas e carreteiros novatos ou azarados que se enroscam com a fiscalização, policiais rodoviários, buracos e bandidos. O grupo de apoio vive lavando a sujeira que eles aprontam. Eu na escolta armada sou a prevenção. E Clóvis depois de anos dirigindo caminhões entrou para o grupo de apoio. O encarregado da solução. Ele é o remédio que mata o paciente ou cura.

Assumiu o trabalho que seu tio fazia anos antes, isto é dar jeito nos enrosco, resgatar caminhões de carga na hora. Acertar com fiscais, convencer policiais, atropelar bandidos e tapar buracos no ato. O velho Machadão sempre teve gente como o Clóvis ou o tio dele para fazer na hora, e advogados para discutir depois. Sempre quis pronta solução .

- Não importa o jeito nem a lei nem o bispo, costuma dizer.

Os negócios tem que ir em frente. A carga entregue, o frete recebido.

Nesses anos em Contagem, Clovis arrumou o quarto filho, melhorou de vida, e recebeu a cunhada. Largada pelo marido, Maria veio morar com eles carregando sua cria. Clovis bom coração e má intenção, a colocou em edícula puxadinho no fundo do quintal. Com patrocínio da irmã lhe arrumou o trabalho eventual de ajuda-lo nos despachos. Ela ficou feliz. Todos satisfeitos.

Certo que Clovis em troca recebia os favores sexuais da cunhada com omissão e tolerância de parentes e chegados. Um pouco menos trambiqueiro que nos tempos de jovem Clóvis é um mulherengo, que não resiste a uma aventura, sem esquecer os desgarrados como gays e mulheres da vida.

Dona Antônia sua mulher vive como a típica patroa do interior. Cuida de tudo e de todos a sua moda. Não escuta ninguém. Somente acreditar vendo e não mete a mão em cumbuca. Por isso mesmo não sai de casa nem para visitar a irmã no fundo do quintal. Evita aborrecimentos. Sabe muito bem o marido sem vergonha que tem em casa. De todo modo os filhos já são um trabalho e tanto.

O certo é que o Clóvis necessitava alguém como a Maria. Uma mulher fácil, usável, ainda que desprovida de maiores recheios anatômicos. Uma ajudante boazinha, pé de boi calada e submisa ao macho. Pessoa de confiança, ela é nas horas incertas, a saída disponivel. Claro que com o tempo se descobriu que também gostava de um malfeito como o cunhado. Alcoolizada então não deixava para ninguém.

Na terça-feira passada época da safra com muito dinheiro correndo na cidade, todos trabalhando duro, o Sr. Machado mandou chamar o Clovis da diretoria. Pelo mesmo motivo, mas sem saber detalhes eu já estava desde às 6:00 da manhã rodando na estrada.

O Sr. Machado deu ao Clóvis dez mil reais em dinheiro e o encargo de resgatar e entregar uma carga que se perdera em São Paulo. Um embrulhada de quarentas toneladas de grãos de soja para exportação não entregues no Porto de Paranaguá, um fiscal, e um motorista fujão e irresponsável.

- Aqui tem os papeis do pedido de apreensão do caminhão de um Juiz de Curitiba,para usar se precisar, cópia das chaves do caminhão e os documentos fiscais pertinentes... o caminhão está retido para averiguações na fronteira do Paraná- explicou o dono da casa.

- Quero essa carga embarcada no navio amanhã a esta hora. Boa sorte e a benção de São Jorge - encerrou o Sr. Machado na saída.

Dada a partida, Cloviso chegou em casa apressado, e avisou Dona Antônia que ia comer e viajar

- Vou para São Paulo buscar um caminhão que um corno deixou apreender...

Lhe passou o embrulho com o dinheiro para guardar e correu até o puxadinho da cunhada, que estava passando roupa. Avisou que saiam em 20 minutos para o aeroporto.

- Arruma tudo como sempre. Leva os celulares e a calcinha vermelha O avião sai em meia hora.

Maria não respondeu nem tico nem taco. Sabia bem quem pagava as contas. Mochila sempre pronta em 15 minutos estava a espera no portão para partir com os vários celulares fajutos que Clóvis fazeria questão de usar para evitar rastreamento. Cacoete.

Embarcaram no táxi aéreo contratado pela transportadora com mais dois passageiros rumo a São Paulo. Durante a viagem nenhuma palavra. Clovis até que ia bem de avião, mas a cunhada se urinava toda. Não gostava nada de avião nem de caminhão. Grosseirona como a irmã tinha perdido o marido motorista de caminhão numa de suas viagens ao norte. Dizem que ele a largou por estar cansado de ser corno, indo morar com a filha excepcional de um fazendeiro rico de Marajó. Abandonada tentou de tudo para se sustentar, até trabalhar em casas de jogo e na casa vermelha de São João del Rei mas desistiu e foi viver com a irmã mais nova, em Tiradentes. Não deu certo, e só lhe restou vir morar com a irmã Antônia, e ajudar o cunhado, sua diferença de outros arraiais, no escritório de despacho.

Nas horas vagas aliviava as tarefas da irmã e aceitava a visita do membro do cunhado nas suas tripas. Passava roupa para fora também enquanto criava o filho pequeno.

Clovis dizia que era ela mais nova e mais sem vergonhas que a sua mulher, mas de confiança. A menos que tomasse uma cachaça, aí então só o capeta sabia o que podia acontecer. Ela mesmo me contou que uma vez foi recolhida desmaiada pelo cunhado e levada para casa de um dos botecos do Grotão de Contagem bêbada feito igape.

Ela é boazinha. Eu até que já a conheço bem, mas quem a vê não pode nem imaginar do que ela é capaz. Mas de avião não gosta não. Tampouco de jegue. Prefere ônibus.

Depois de deixar os dois passageiros em São Paulo o táxi aéreo seguiu para Itararé no sul do estado. As 15:00horas Clóvis e Maria de mochila estavam sentados almoçando na praça central de Itararé. Clovis aproveitou para dizer como irá ser o trabalho de resgate do caminhão que estava preso no posto fiscal.

- O caminhão reboque com quarenta toneladas de soja está retido no posto fiscal para averiguações porque o motorista se desentendeu com o fiscal. Mas essa carga tem que estar no navio que desatraca amanhã do porto de Paranaguá. Eu vou conversar. Tenho uma ordem de apreensão do veículo de Juiz de Curitiba. To com as notas ficais de Mato Grosso. Vou especular.Se não for possível vai na marra Se não der liberação, dou uma grana para o vigia da noite e saio no peito. Temos que evitar a policia rodoviária de São Paulo. Até chegar no posto da polícia do Paraná. Vai ser do mesmo jeito que fizemos em Corumbá, ou em Vitória. Lembra bem. Tem que caprichar no enrosco. Trouxe os celulares o Boa Noite Cinderela e uma calcinha escandalo, ne?

Maria confirmou e Clóvis seguiu

- Saindo daqui vamos para a rodoviária comprar passagem para São Paulo ônibus que vêm do Paraná e passa lá pela meia-noite. Beleza. Vamos procurar um táxi e eu vou procurar uma bicicletaria.

- Hotel?

- Pedimos para o taxista. Pegamos na rodoviária....

Depois de comprar a passagem de Princesa dos Campos de Ivaí para São Paulo passando no posto da Fronteira a uma hora da madrugada foram procurar o táxi.

Cláudio escolheu um velho e pediu para ir a um hotel na saída da cidade que ele tinha que ir ao posto fiscal levar uma nota fiscal. O taxista os levou ao Hotel Levante, na verdade um albergue, e ficou de voltar às 18:00 horas para levar Clóvis ao posto fiscal de Fronteira na rodovia BR-116;

Entrando no quarto arrumadinho, com televisão, Maria deixou a mochila na cama de casal e foi ao banheiro e sentou no vaso esquecendo a porta entreaberta. Clóvis abriu a sua mochila olhou alguns papéis e chamando pela Maria entrou no banheiro. Aproveitando a posição sentada da Maria, na altura, abrir a calça e meteu-lhe a glande na goela deixando ela no boquete por alguns minutos. Levou-a para a cama de bruços, calçou a barriga com o travesseiro e deitou sobre sua bunda branca rebitada chacoalhando adoidado.

Saciado Clóvis saiu a pé até a bicicletaria que o taxista indicara e compra uma bike usada. Passou no supermercado comprou água víveres e cerveja para madrugada.

Na volta ao hotel deixou a bicicleta amarrada no poste na esquina. Maria já tinha tomado banho e trocado de roupa. Chegou o táxi e o levou até o posto fiscal. Clovis conhecia o posto de quando ele viajava levando soja para Paranaguá. Pediu para o taxista o deixar na saída do posto e esperar que ele não iria demorar.

O posto fiscal de Fronteira de Itararé é um prédio grande que tem uma plataforma na frente com o guichê de fiscalização e um local atrás para estacionamento de veículos. Tudo bem junto a estrada que subindo vai para São Paulo e descendo através da ponte entra no Paraná.

Ao lado do estacionamento nos fundos fica a casa do caseiro

Clóvis aproximou-se do guichê e perguntou pelo banheiro um dos funcionários no atendimento de indicou que os banheiros estavam no fundo, atrás do prédio. Ele desceu a escada lateral e foi até o fundo sempre de olho no estacionamento procurando o caminhão reboque da Transportadora Machado. Pelo tamanho dele logo o encontrou junto a dois caminhões baú no total havia uns dez veículos. Estava bem posicionado, estacionado em frente para a estrada. Livre a frente.

Lavou as mãos, olhou em volta e se aproximou do caminhão olhando bem, examinando, e voltou para plataforma pelo outro lado prédio. Cruzando com um ajudante aproveitou para indagar se ele podia deixar o seu caminhão ali enquanto ia até a cidade. Até que horas podia voltar? Ajudante informou que teria gente atendendo até às 11:00 depois ficava só o guarda.

Clóvis foi até o guichê e perguntou pelo fiscal Marco Antônio. Estava com os papéis na mão. O funcionário indicou um homem gordo de cabelo grisalho que estava na pista, juntou a um caminhão em revista. Segurava uma prancheta e ouvia o motorista. Clóvis ficou olhando o fiscal. Deu a volta e se aproximou o mais que pôde. Percebeu que se tratava do tipo fechado de postura soberba. Um Caxias. Sem chance de conversa.

Voltou ao táxi e ao hotel. Tomou banho vestiu calça jeans rancheira camisa escura botas e cinto de medalhão.

As 21:00 estavam no mesmo restaurante. As ruas quase vazias.

-Quarta-feira, dia de jogo pela televisão, - comentou Maria.

- vamos repassar. Vou ligar para o seu Machado e para o Marcelo que já deve estar próximo. O Marcelo vem com a caminhonete. Você desce de táxi para o posto de às 10:30 e fica esperando o ônibus

O Marcelo deve chegar meia-noite... meia-noite e meia vai parar para trocar o pneu. Nessa hora eu chego de bicicleta pela lateral e vou esperar que passe um caminhão qualquer com nota para distrair o atendente. Saio com caminhão. Você Segura as pontas, olho no Marcelo. Tudo certo meia hora você sobe na camionete e o Marcelo vem atrás de mim até Ponta Grossa. Tudo certo. Quatro da manhã vocês voltam para casa e eu sigo para Paranaguá. Alguma dúvida?

- Tudo certo eu chamo com o celular. Se deu algo diferente eu ligo no rádio, no Nextel.

- certo. Não esquece de deixar um celular por lá, na mesa do posto. Usa a cozinha para fingir que toma a insulina. Usa o sossega leão e o boa noite. Põe o cara para dormir. Não quero ninguém atrás de mim. Não pode deixar ele chamarem a polícia rodoviária. Enrola o meio de campo. O Marcelo só sai de lá com você. Se você tiver que pegar o ônibus desce logo porque o Marcelo está indo atrás de você.

-Certo

De volta ao hotel Clóvis liga para transportadora.

-Alô seu Machado... tudo bem

... Não-... Não não tem como falar com ninguém .... Não tem negócio. Eu vou direto... Eu vou pegar a mercadoria e vou embora... Vou sair direto... Sim... Só entrega às 7:00 horas... Certo...Encontro o amigo na entrada do porto as 7:00horas... Boa noite.

Desliga e liga para mim

- alô Marcelo

- alô

- é o Clóvis, onde você está... está chegando?

- Passei Capão Bonito. Too no horário. Tudo bem

- tudo certo responde O Clóvis- esperamos as 12 em ponto

- Certo- respondo eu= meia noite em cima entro no posto. Vou passar às 11:50 vou até o Paraná e volta à meia-noite e encosto no posto...me diz igual fizemos em Corumbá? Vai ser mesmo jeito?

-Isso. Vamos fazer tudo igual. Certo. Igualzinho... obrigado

- Até... E desliguei

No caminho fui relembrando como o caso de Corumbá. Nosso caminhão tinha sido desviado para o Paraguai, e estava no estacionamento da aduana. Clovis, pois, a mata a para distrair os paraguaios, armou algo e saiu com o caminhão as duas da madrugada, atravessou as duas barreiras sem parar e entrou na estrada secundaria para Cesário Lange. Eu com a camionete recolhi a Maria e segui atrás. Tínhamos dois barris de óleo queimado para jogar na pista estreita e de asfalto ruim para evitar a perseguição da viatura paraguaia. E jogamos. Um barril só. Mas ninguém nos seguiu e chegamos ao armazém da Cooperativa de Mato Grosso antes de amanhecer sem problema.

No hotel, Maria vestiu a calcinha certa, juntou tudo na mochila, e desceu para pedir ao atendente que chamasse um táxi.

Clovis colocou suas roupas usadas no saco de supermercado, para jogar na rua. A mochila vazia largou na lixeira do banheiro. Guardou as compras num saco branco que trouxera e foi confirmar a bicicleta na calçada.

As 10:30 horas Maria chegou no posto. Não havia movimento. Ainda estavam 4 funcionários atrás do guichê inclusive uma mulher. Maria falou com ela, explicou que ia pegar o ônibus ali. Disse ser enfermeira e que ia para casa em Sorocaba. Perguntou se podia mais tarde usar a cozinha para tomar uma injeção de insulina. Lá pelas 11:00 horas dois funcionários foram embora de carro para casa. Ficou a mulher um atendente no balcão e o caseiro. Maria se engraçava para o lado do caseiro. Mas estabeleceu papo com o atendente do guichê. Soube que a mulher auxiliar estava de plantão até à meia-noite quando o marido viria buscar- lá. Maria ofereceu celulares que tinha para vender. Estabeleceu ambiente e distração. Foi na cozinha colocou sossega leão na moringa de água de beber. Aproveitou para se inclinar de modo a mostrar a calcinha para o atendente do balcão. Saiu e entrou no posto fingindo cair do salto. Ela sabia que se algo saísse errado ela teria que cair na escada para atrair a atenção e o socorro dos funcionários enquanto o caminhão ia embora. Sempre de olho na garrafa térmica para colocar o Boa Noite Cinderela.

O papo correu animado até que a mulher foi embora. De dentro do prédio ela não viu eu chegar, nem eu tampouco a vi.

Quando comecei a simular a troca do pneu, o caseiro se aproximou de mim deu boa noite e voltou em direção a sua casa no fundo.

Nesse momento saindo não sei de onde, vejo o Clovis subindo na plataforma colocando algo no guichê e saindo rápido em direção ao caminhão.

Escuto o ronco do motor do caminhão. Clovis começa a sair e vejo o caseiro se aproximando do caminhão. De longe percebi um diálogo rápido. O caseiro se vira em direção ao prédio, e sai. Clóvis acelera o caminhão e sai para a pista. De longe um carro se aproxima e freia vendo o reboque tomando toda a pista. Uma manobra de louco do Clóvis. Uma carreta com reboque entrando a 30 ou 40 por hora na pista.

Quando o caseiro entrou no prédio o caminhão já estavam 100 metros. Tudo em 3 minutos se tanto.

Eu já estava com a caminhonete pronta. Não cheguei nem afrouxar parafuso da roda. Joguei o macaco na carroceria e dei ré para ficar mais próximo da plataforma. A qualquer momento devia descer a Maria. Passados algo comum 5 ou 6 minutos encosta um caminhão de frangos. Motorista desce e vai para o guichê. Se mexe para lá e para cá procurando alguém para atender. Olha vai até a porta. Passados uns dez minutos se percebe que alguém o atende pelo guichê.

Como Maria não saía, nem caseiro nem atendente eu fui em direção ao banheiro, só para efeito de me aproximar. Bem devagar. Perto da porta consegui ver os três no fundo em pé próximo a uma mesa. O carro do Frango já tinha saído. E eu voltei para caminhonete e liguei o motor. O tempo foi passando e a Maria não saia. Mais de meia hora depois que o Clovis já tinha saído vejo a Maria vindo na minha direção meia abaixa. Meia corcunda. Abri a porta

- Boa noite Marcelo toca para a cidade Too fingindo que estou mal too fingindo too mal ...

-Sai, vamos embora rapidamente.

- Que houve perguntei enquanto vou para a lateral que leva para o centro de Itararé.

- uma confusão. Na hora que escutamos o caminhão saindo do estacionamento o José estava em cima de mim. Estávamos na maior transa na dispensa do lado da cozinha. O cara é uma fera.

Ele estava feito carrapato ele nem viu Clóvis passando no guichê quando caseiro apareceu chamando ele, falando que o caminhão estava saindo por ordem do fiscal Mário sei lá o que... Eu aproveitei e sai pelada de a dispensa para o caseiro perder o rebolado. José, o atendente estava arrasado. E eu de bunda para o caseiro procurando a minha calcinha. Homem é bicho besta mesmo né?

Não pode ver mulher pelada...

- E aí?

-Enquanto eu me vestir bem devagar eles foram ver os papéis que o Clovis deixou. Falaram lá entre eles acho que iam telefonar para o fiscal. O caseiro falou em chamar a polícia rodoviária. Aí eu me sentei na mesa e me joguei sobre as cadeiras. Caí gritando, você não ouviu?

- . Não... não ouvi nada

O José me ajudando e o caseiro segurando nos meus peitos... E o joelho sangrando...

- Machucou?

-Que nada... são groselha que eu passei só para fingir... saiu para procurar um esparadrapo bane aids...acho que apareceu alguém no guichê José atendeu e depois voltou para falar comigo... voltou para me amassar enquanto que o caseiro não voltava né ... tirar uma casquinha...

- E do caminhão não falaram nada

- Não... guardaram aqueles papéis que o Cláudio deixou não falaram nada. . Aí falaram que eu chamar alguém para me levar para Santa Casa

- Beleza liga para o Clóvis então

- vou ligar

- eu vou voltar para estrada porque ele já deve está bem longe...

-Você alcança ele logo

- o que vale é que não chamaram a polícia rodoviária- digo eu aliviado

-Alo... Alô Clóvis... tudo bem... tudo certo. Está em ordem...temo indo atrás... tudo bem... ate.

Entrei na estrada em direção ao Paraná. Estrada vazia. Tudo calmo. Toquei no joelho da Maria.

- Que bom que deu tudo certo...

Uma hora depois, diz a Maria para mim

- Você está dirigindo desde manhã né...coitado. Para um pouquinho aí no acostamento para eu te aliviar...

Por volta das 3:00 da manhã próximo a Ponta Grossa alcancei o caminhão. Se via que o Clóvis tinha chinelado firme. Conversamos. Clóvis seguiu para Paranaguá. Eu deixei a Maria na rodoviária de Ponta Grossa para pegar um ônibus para São Paulo e como eu estava na estrada desde as seis da manhã, e saciado, só restou parar no motel do Trevo de Ponta Grossa e dormir.

Dois dias depois em Contagem encontrei o Clóvis no pátio da transportadora e perguntei se ele tinha alguma gratificação para mim

- Tem aqui ó. quinhentinhos, mas não é para acostumar…você nem acredite nas falas da Maria...nem sei o que ela te falou. Tudo que ela falou é lorota... O que vale e que tudo acabou bem mais uma vez

MiguelM
Enviado por MiguelM em 17/01/2017
Reeditado em 07/11/2018
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