O crime da mala verde

O dois sempre percorriam aquele caminho.

Lana, a cachorrinha de estimaçao corria na frente abrindo caminho, perseguia pequenos roedores que pudesem deixar marca ou marcando seu espaço.

As árvores, grandes pinos e adelphas, ora floridas outrora com folhas amareladas, ditavam as estaçoes, fazendo a rota de dois kilometros ser muito mais aprazível e colorida.

Naquele dia de inverno, nao encontraram com ninguém que pudessem saudar, com sorriso meio sem jeito e nem a Lana pôde se identificar com outros caes que percorriam o caminho.

O casal, Bernardo, um homem bonito e culto e sua mulher Camila, corpulenta e lindos olhos azuis, casados há 12 anos, caminhavam conversando os mais variados assuntos, as vezes de lembranças do passado outras da mudança que pretendiam fazer, enfim, o assunto do dia a dia.

Depois da primeira etapa do caminho, resolveram sentar no próximo banco de madeira colocado recuado na grama.

Ao se aproximarem notaram uma pequena mala verde quadrada, em cima do banco, eles se entreolharam e brincando disseram na mesma hora: Será que é uma mala com euros?

Bernardo, segurou a alça levantou levemente e sentiu pelo peso que havia algo lá dentro mas... nao ousou abrir para ver o que era.

Camila lhe disse:- Vamos ver se abre?

-Ah, melhor nao, quem iria deixar algo se fosse bom em cima do banco?. Respondeu o marido.

Lana, a cachorrinha, voltou e ficou em pé cheirando a mala no banco, olhou para os dois e olhando assustada, recuou para trás.

Resolveram deixar como estava e seguiram em frente.

Caminharam mais alguns metros e Bernardo disse a mulher:

-Camila, mas eu já segurei a alça da mala e se for algo perigoso? minhas digitais ficaram lá e. ..

-Esta bem, vou voltar e passar minha blusa na alça, para retirar qualquer coisa sua que tenha ficado na lá.

A mulher voltou e com muito cuidado esfregou a alça da mala, várias vezes para retirar toda digital que estivesse ficado.

Depois da manobra executada voltou para o caminho e, a passos largos, chegaram finalmente em casa, sem trocarem uma palavra se quer sobre a mala durante o dia todo.

À noite, quando já haviam até se esquecido do assunto, ligaram a tv e viram no noticiário que a polícia estava à procura de uma mulher que deixou uma mala verde num banco do bosque e ainda, segundo uma testemunha, limpou a alça tirando todas as digitais que pudesse conter.

Camila olhou para Bernardo e perguntou: E agora o que vamos fazer?

-Vamos até a polícia, você nao fez nada!ñao tem nada a temer. Disse Bernardo.

E lá foram os dois até a polícia mais próxima.

Lá chegando, pediram para Camila entrar sozinha para falar com o delegado, foi interrogada dizendo o que houve na realidade.

O delegado pediu que ela saísse e logo em seguida chamou Bernardo.

O marido de Camila simplesmente disse que nao sabia de nada, pois ficou em casa dormindo, enquanto sua mulher saiu dizendo que ia fazer uma caminhada com a cachorrinha.

Camila foi julgada e condenada a 22 anos de prisao, pois comprovou-se pela testemunha ocular que a viu limpando a alça da mala, onde se encontravam as maos, sem digitais nos dedos, da mulher que era amante de seu marido.

Motivo: ciúmes

Descobriram o corpo de Maria Lúcia, sem as maos, jogado no riacho do bosque.

Bernardo, mudou-se da cidade para viver tranquilamente com sua nova mulher.

......

Lana? Ah foi enviada para um canil.

Joaquina Affonso
Enviado por Joaquina Affonso em 01/02/2017
Reeditado em 02/11/2019
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