Os crimes de Hércules. Segundo Crime.

SEGUNDO CRIME.

    A cidade de mor estava aterrorizada pelo o que aconteceu com o prefeito Diomedes, os vereadores junto ao vice - prefeito, Dr. Minos, decretaram três dias de luto oficial. Poucas pessoas foram no enterro do prefeito, somente alguns familiares e a esposa, o prefeito não tinha filhos. Os moradores de Mor, de certa forma sentiam-se aliviados pela morte do tirano governante, mas os políticos temiam o assassino, e muito, pois sabiam que o vice-prefeito conhecia e participava das sujeiras do prefeito, como também muitos dos vereadores. A delegacia de Mor receberia na próxima manhã a visita dos investigadores que auxiliariam o delegado Apolo nas investigações.

   O delegado Apolo dependia de uma autorização judicial para poder entrar na casa do prefeito que ficava em sua fazenda, de forma que, o delegado ainda não poderia fazer nada sem essa autorização, a investigação dentro da casa era de suma importância para o caso, no entanto, enquanto ela não saia, Apolo iria interrogar possíveis suspeitos do crime, "mas quais", pensava ele, visto que todos odiavam o prefeito. O delegado coçou a cabeça, acendeu seu cigarro, estava nervoso pelo que haveria de fazer. Nada fazia sentido para ele naquele crime, principalmente os cavalos que comeram partes do corpo do prefeito, algo que ele nunca havia visto, o delegado estava de fato assustado, mas não demonstrava que estava com medo, ele nunca tinha ouvido falar de cavalos carnívoros que se alimentam da carne humana, era bizarro e estranho, não fazia sentido para ele, algo de errado tinha naqueles animais.

  Eram cinco horas da manhã quando o despertador tocou, o delegado Apolo acordou mais cedo do que de costume, levantou-se com uma tremenda dor de cabeça, dirigiu-se a cozinha, tomou sua xícara de café com leite, comeu algumas bolachas, e foi direto para a pequena rodoviária de Mor para esperar os investigadores que chegariam naquela manhã, a rodoviária era o ponto de encontro que eles haviam marcado com o delegado por telefone. Às sete horas em ponto um carro preto estacionou bem de frente da viatura do delegado, os vidros escuros do carro abaixaram-se lentamente um rapaz moreno e careca colocou a cabeça do lado de fora, ele não sabia que aquele senhor era o delegado Apolo, pensou que fosse um policial fazendo sua ronda.

  - Olá tudo bem, bom dia policial, estamos procurando o delegado Apolo, marcamos com ele aqui. O senhor o conhece?

  - Bom dia senhores, eu sou o delegado Apolo.

  - Óoo Delegado!! Perdoe-me… Meu nome é Abderis, o senhor solicitou a nossa ajuda para solucionar um caso, é isso mesmo, desculpe-nos por confundi-lo, imaginamos que fosse um policial, fazendo ronda, na capital os delegados não costumam saírem uniformizados, geralmente eles saem de terno e gravata.

   - Sem problemas detetive, cidade pequena é assim mesmo, sem dizer que não suporto gravata, tenho a sensação de estar me enforcando, vieram só vocês três? Pensei que fossem mandar mais pessoas.

  - Por enquanto é só nos três, dependendo de como for o andamento do caso solicitaremos ajuda.

  - Tudo bem, sejam bem vindos à cidade de Mor, vamos então, nós iremos direto para delegacia, tudo bem para vocês, é só me seguirem, aluguei uma pequena casa próxima a delegacia para vocês ficarem, depois lhes mostro.

  Os três se dirigiram para a pequena delegacia da cidade de Mor, a delegacia ficava a poucos quarteirões da rodoviária, embora fosse pequena a delegacia era muito organizada e bem cuidada, o delegado tinha mania de perfeccionismo e gostava de tudo no seu devido lugar. Os detetives sentaram-se no pequeno sofá que havia na sala de espera, Apolo contou-lhes todo o ocorrido, como o prefeito havia sido morto, contou-lhes também da sua má índole e da elite política da cidade e da antipatia do povo para com eles, de forma que, a lista de suspeitos poderia ser gigantesca.

   - Vamos aos fatos -- Disse o delegado -- o prefeito era o fazendeiro mais rico de toda a região, inúmeras pessoas trabalhavam com ele, imagino que poderíamos restringir à lista de suspeitos as pessoas que trabalhavam diretamente na fazenda dele, pessoas ligadas às compras dos cavalos e etc.

 - Concordo com o senhor, mas primeiro temos que ir a cena do crime e colher possíveis provas, digitais, evidências, etc… Eu também gostaria de uma amostra de sangue desses cavalos canibais, para uma melhor análise, é muito estranho à maneira como eles agiram, nunca vi isso em toda minha vida -- Argumentou Abderis, que era o detetive careca que havia conversado com o delegado na rodoviária.

   - Só temos um probleminha, ter que esperar a ordem judicial para podermos adentrar na fazenda, imagino que daqui a algumas horas ela já esteja em minhas mãos.

  - Muito bem delegado, vou precisar da lista de funcionários que trabalhavam na fazenda, especificamente os que trabalhavam naquele estábulo alimentando os cavalos.

   - Tudo bem, sem problemas.

   Não demorou nem meia hora e o policial Ariel chegou com a ordem judicial, o delegado e os investigadores saíram na mesma hora, foram direto para a fazenda que ficava a poucos quilômetros dali, o delegado foi no carro do investigador, ao chegarem à fazenda não encontraram ninguém na entrada, a porteira estava aberta, estranharam aquilo, mas entraram mesmo assim. Na casa do prefeito não havia ninguém, apenas alguns funcionários que moravam e trabalhavam ali, o delegado conduziu o investigador até o estábulo, o local onde o prefeito foi encontrado, ele ainda estava sujo de sangue, enquanto o investigador tentava colher possivel digital, o delegado pediu a um dos empregados que o levasse no local onde os cavalos foram enterrados. O empregado, um senhor já de idade, o conduziu um pouco mais abaixo do estábulo, os cavalos foram enterrados no começo de uma mata fechada, com uma pá e uma enxada, o delegado e o empregado começaram a cavar, a cova estava rasa e rapidamente parte do corpo dos animais estavam expostos. Naquele momento os investigadores se aproximaram.

  - Conseguiu alguma coisa? Perguntou eles.

  - Nada, nem uma digital, o nosso assassino sabe o que faz, não é nenhum amador.

  - Caramba Abderis, a coisa está se complicando, bom, aqui está os tais cavalos que lhes falei é só colher uma amostra do sangue.

   No momento em que o investigador se abaixou e começou a retirar o sangue do animal morto, de longe no meio da mata pareceu ver algo diferente, ele se levantou, ficou parado por uns minutos, o olhar estava fixo na mata tentando enxergar algo.

  - Delegado -- Disse o investigador -- acho que tem alguém na mata, melhor ir lá vermos.

  - Vamos então, o que estamos esperando, vamos lá ver o que é.

  Caminharam lentamente mata adentro, um local extremamente sujo, caminharam um pouco até que chegaram a uma parte da mata que estava limpa, qual não foi à surpresa de todos, bem diante dos seus olhos estava desenhado no chão um tipo de labirinto, feito aparentemente de giz branco e bem no centro dele, havia um corpo deitado com a caveira do crânio de um boi com o chifre cravado no peito de uma vítima. O delegado adiantou-se e quis passar por cima do desenho do labirinto, o investigador o impediu de ir.

  - Não.. Espere um pouco, o assassino desenhou um labirinto, melhor seguirmos pelo labirinto até chegar ao corpo, percebe-se que não estamos lidando com qualquer um, aqui pode ter provas valiosas delegado, quero preservá-las se possível.

 - Sou péssimo com labirintos, cruzadinhas e essas coisas, vai você na frente que eu te sigo Abderis.

   - Ok Apolo, tudo bem, venham, e não pise nas linhas. Lentamente o detetive o delegado e outro investigadores seguiram decifrando o caminho do desenho, até conseguirem chegar no corpo demorou um pouco, mas conseguiram o delegado ao ver a vítima levou um tremendo susto.

  - Você o conhece delegado? -- Perguntou o detetive Abderis.

  - Meu Deus… Não pode ser, é o vice-prefeito da cidade, Dr. Minos.

  - Mais o que é isso no crânio do animal?

  Perguntou o detetive assustado.

  - Parece um diamante ou qualquer coisa assim, espere um pouco… Vou tirar algumas fotos de todo o local primeiro. Disse outro detetive que estava junto.

   - Mas porque motivo alguém cravaria o crânio de um boi no peito da sua vítima, isso é muito estranho, e ainda com um diamante cravado no crânio, caramba, agora que não estou entendendo mais nada, tenho vinte e cinco anos de profissão, nunca vi nada parecido.

  Comentou o delegado.

  - Tão pouco eu delegado -- Respondeu o detetive -- isso não faz nenhum sentido, de uma coisa eu sei, temos um assassino em série a solto, muito inteligente por sinal, e que parece conhecer todos aqui.

   - Vou ligar para a funerária levar o corpo para o necrotério.

   - Espera um pouco delegado, tem mais coisas aqui, veja só, na testa dele, é o mesmo nome que tinha na primeira vítima, do mesmo jeito que você nos falou lembra-se.

   - Claro que sim, "Hércules e o número dois em algarismo romano".

   - O filho da mãe além de pôr o seu nome na vítima está enumerando elas em algarismos romanos, é Apolo, temos um caso difícil aqui.

   A nova morte repercutiu ainda mais forte na cidade, os moradores estavam muito assustados, quase já não saiam de suas casas, o medo se instalou na câmara de vereadores da cidade, visto que as duas vítimas eram políticos corruptos, e de certa forma todos tinham uma ligação com o prefeito e o seu vice. Agora eram duas mortes em menos de vinte e quatro horas, e nada havia sido descoberto do misterioso assassino que se auto intitulava Hércules.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 24/05/2017
Reeditado em 31/05/2017
Código do texto: T6007706
Classificação de conteúdo: seguro