Os crimes de Hércules. Décimo segundo crime.

O último crime.

   Pavor e medo tomou o coração dos políticos da cidade de Mor, o suposto assassino estava preso, mas as mortes continuam, no mesmo padrão das anteriores. As vítimas eram pessoas envolvidas com crimes, corrupções, agiotagem, e diversas outras coisas ilegais.

    A cidade de Mor era pequena, mas a sua beleza causava inveja em muitas outra, não havia muitas indústrias, mas os comércios e agricultura eram as fontes de rendas dos trabalhadores, gerava impostos a prefeitura. Durante muitos anos, um grupo de políticos corruptos descobriram uma forma de burlar as leis, todas elas, de forma indevida, usavam o dinheiro público de forma pessoal. Ninguém nunca questionou, ninguém nunca se importou; todos os moradores estavam acomodados, e não tinham o menor interesse em política. Mas depois do surgimento de Ariel, e das onze vítimas, que incluía o mais alto escalão político da cidade, esses acontecimentos acabou por gerar uma tremenda reviravolta na cidade, despertando o povo para o que estava acontecendo.

    Os jornais locais noticiaram as mortes e as falcatruas das vítimas, e mais ainda, investiga as ligações dos vereadores com o prefeito, o primeiro prefeito a ser assassinado; na verdade; ele era cabeça de toda a cadeia criminosa de políticos. Mas blindados por meio de leis que os beneficiam em diversos aspectos, os políticos nunca eram presos, o detetive Roberto analisava todos esses fatos, na pequena casa onde estava ficando, solitário em seu quarto, logo depois de sair da cena do crime da última vítima, percebeu algo diferente, alguma coisa estava errado, havia algo a mais em tudo aquilo que não fazia sentido. As novas vítimas, tinham a assinatura de Ariel, mas pareciam, pelas características dos anteriores, que esses novos crimes não haviam sido tão bem arquitetados como os anteriores; o assassino parecia ter pressa. Roberto não deixou de notar a frieza e o modo estranho como vinha agindo o delegado Apolo. O detetive também se perguntava o motivo do assassino ter invertido a ordem dos crimes. Essa nova vítima, teria de ser a última, era o último trabalho. Mas porquê o assassino inverteria a ordem? Com qual propósito? Perguntava a si mesmo o detetive. Roberto então pegou as folhas em que estavam descritos as sequências dos trabalhos de Hércules, para conferir se realmente tudo estava encaixando.

   Assim estavam descritos os trabalhos no papel:

   Os doze trabalhos de Hércules.

   Os doze trabalhos de Hércules sob uma perspectiva astrológica (iniciática), seguem uma ordem diferente da ordem mitológica, visto que desta forma auxilia o entendimento da correlação entre elas. Porém, ambas são exatamente iguais em sua essência.

1º trabalho- Capturar os cavalos antropofágicos

(O Aprendizado e o controle da mente)

Diómedes, rei da Trácia, filho de Ares, possuía cavalos que vomitavam fumo e fogo, e que, por ordem de seu dono, comiam os estrangeiros que as tempestades jogavam em seu país. Hércules, cumprindo mais um de seus trabalhos, entregou-o à voracidade de seus próprios animais.

Este primeiro trabalho está relacionado ao signo de Áries, que no grande homem cósmico representa a cabeça, sendo portanto um signo mental. O cavalo simboliza a atividade intelectual, logo podemos entender que tudo começa com o controle da mente.

2º trabalho- Capturar o touro de Creta

(O aprendizado sobre a natureza dos desejos)

Levar o Touro de Creta vivo até Euristeu. O touro era enraivecido e aterrorizava o povo da ilha grega de Creta, pois Poseidon, o deus dos mares, o havia oferecido a Minos, rei local. Hércules não só capturou-o como, montado no animal, levou-o até Euristeu.

Obviamente, este trabalho está relacionado ao signo de Touro. É a consumação do trabalho anterior, que se iniciou no controle da mente, agora precisa aprender sobre a natureza dos seus desejos a fim de alcançar um maior conhecimento de si mesmo.

3º trabalho- Os pomos de ouros de Espérides

(O conhecimento de si próprio)

Outro trabalho foi colher os pomos de ouro das Hespérides, filhas de Héspero. Os pomos eram maçãs dedicadas à Juno, por ocasião de seu casamento e eram vigiadas por um dragão. Com a ajuda de Atlas, titã que fora condenada a sustentar o firmamento nas costas, Hércules conseguiu as maçãs e entregou-as a Euristeus.

Como podemos entender, este trabalho representa o signo de Gêmeos e o trabalho ativo sobre si mesmo, a fim de alcançar o conhecimento de si mesmo.

4º trabalho- Capturar a Corsa

(O desenvolvimento da intuição)

Caçar a Corsa de Cerínia, um animal lendário com chifres de ouro e pés de bronze. Por causa da grande velocidade com que o animal se locomove, Hércules demorou um ano para capturá-la e levá-la a Euristeus.

Este trabalho está relacionado ao signo de Câncer.

Desenvolvimento da intuição= Signo de Câncer (que tem como planeta regente a Lua, que é o astro relacionado a essa característica)

5º trabalho- Matar o leão de Neméia

(Aprendizado sobre o uso do poder e da coragem)

Matar o Leão que apavorava a cidade de Neméia, e levar a pele até Euristeus. Hércules vendo que não conseguia vitória com sua clava ou suas setas matou-o com as próprias mãos. Chegando a frente de Euristeus, este ficou tão assustado com a demonstração de força de Hércules, que ordenou que as próximas provas de vitória fossem feitas fora da cidade.

Este quinto trabalho está relacionado ao signo de Leão, quinto signo do zodíaco. Do ponto de vista oculto, o homem vem se preparando desde o primeiro trabalho, quando aprendeu a dominar sua mente, até chegar o momento em que se torna a verdadeira estrela flamejante: o pentagrama. (Vide Eliphas Levi)

6º trabalho-A tomada do cinturão de Hipólita

(A preparação do discípulo para a primeira iniciação)

Admeta, filha de Euristeus, desejava muito possuir o cinto de ouro de Hipólita, a rainha das amazonas, que era um povo constituído apenas de mulheres e propensas a guerrear. Hércules foi incumbido de buscar o cinto de ouro e assim o fez, com ajuda de alguns voluntários.´

Este trabalho está relacionado ao signo de Virgem, signo onde a consciência crística é concebida e nutrida através do período que engloba do signo de Virgem a Peixes.

7º trabalho- Captura do Javali de Erimanto

(O equilíbrio do binário)

O javali de Erimanto foi outro trabalho ao qual Hércules se viu forçado a executar. Depois de cansá-lo e capturá-lo vivo, levou- até Euristeus, que ao vê-lo sentiu tanto medo que foi se esconder dentro de um caldeirão de bronze.

Este trabalho está relacionado ao signo de Libra, que simboliza a busca pelo equilíbrio dos binários.

8º trabalho- Destruição da Hidra

(Controle e superação dos desejos)

Havia um monstro, a hidra de Lerna, que devastou a região de Argos e habitava um pântano perto do povo de Amione. O monstro tinha nove cabeças, sendo que a do meio era imortal, sendo que a cada cabeça que Hércules matou, outras duas surgiam em seu lugar. Com a ajuda de seu servo Iolaus, Hércules conseguiu queimar as cabeças e enterrou a nona, a imortal, debaixo de um grande rochedo.

Este trabalho está relacionado ao signo de Escorpião. É quando o iniciado descobre que o equilíbrio pode ser perdido e os desejos podem voltar a controlar nossas atitudes.

9º trabalho-Morte dos pássaros de Estínfalo

(O homem que controla a tendência ao pensamento destrutivo)

No lago Estínfalo, com setas envenenadas, conseguiu matar os monstros cujas asas, cabeça e bico eram de ferro, e que, pelo seu gigantesco tamanho, interceptavam no vôo os raios do Sol. Eram as aves do Lago Erimanto.

Este trabalho está relacionado ao signo de Sagitário. O centauro, metade homem, metade animal, encerra uma boa representação do controle sobre os impulsos animalescos e destrutivos.

10º trabalho- A morte de Cérbero

(Elevação da personalidade)

Hércules foi incumbido de trazer do inferno, o cão Cérbero, que guardava a entrada do mundo das profundezas. Hades, senhor do mundo inferior, autorizou Hércules a levar o cão, desde que o dominasse sem usar nenhuma arma, o que foi feito e, após mostrá-lo a Euristeus, devolveu-o às profundezas.

Trabalho relacionado ao signo de capricórnio. O ser em consonância com o seu EU.

11º trabalho-

(Limpeza e purificação com a água, o encerramento do ciclo)

Outro grande trabalho foi a limpeza dos estábulos de Áugias, rei de Élida, que tinha um rebanho de três mil bois, Seus estábulos não eram limpos há trinta anos e Hércules desviou o curso dos rios Alfeu e Peneu, fazendo-os passar por dentro dos estábulos, limpando-os.

Este trabalho está relacionado ao signo de Aquário. Hércules rompeu todas as barreiras, e esta é a primeira coisa que acontece na era de aquário, uma mudança de pensamento e da visão das coisas.

12º trabalho-Capturar o gado vermelho de Gerião

(A transcendência, o abandono do instinto animalesco acompanhado da salvação)

O último trabalho foi levar a Euristeus os bois de Gerião, monstro de três cabeças que vivia na Ilha de Eritéia, da qual Gerião era o rei. Depois de uma longa viagem, Hércules chega à fronteira da Líbia e Europa onde, segundo a lenda, abriu uma passagem no meio de uma montanha, dando origem ao Estreito de Gibraltar (canal que separa a Europa da África). Para conseguir os bois, Hércules teve de matar o gigante Eurítion e seu cão de duas cabeças.

Este trabalho está associado ao signo de Peixes. Aqui o homem reúne todas as dores e experiências da existência e transcende. Peixes é isso, é a reunião das coisas, onde tudo se encerra e onde tudo está apto a recomeçar.

    Roberto também investigava sem ninguém saber, o próprio delegado; e a sua última descoberta, graças a uma ligação anônima, o fez descobrir coisas que o fez entender toda história. O porquê mesmo depois de preso, os assassinatos ainda continuavam. Utilizando-se da internet, depois de pesquisar e ligar para várias pessoas, Roberto descobriu algo que o fez tremer. No passado, Mor havia recebido verbas federais para a construção de um centro de tratamento para pessoas com câncer, as obras até começaram, mas devido as falcatruas dos políticos, as verbas foram desviadas, e o centro ficou sem terminar. Naquela época, o irmão do delegado, necessitava dos cuidados que somente esse centro poderia oferecer, o câncer havia se espalhado, e, pouco depois, o delegado perdeu seu irmão. Que morreu no corredor do único hospital da cidade. Na época ninguém o ajudou, nenhum amigo ou autoridade política. Apolo jurou que eles pagariam pela morte do irmão. Roberto também descobriu que Ariel era primo dele, que outrora estava sendo tratado em outra cidade em um hospital psiquiátrico. Tudo fazia sentido, Apolo usou o primo para eliminar suas vítimas, quando ele percebeu que a equipe de investigações poderia descobrir sobre seu envolvimento, combinou com o primo de prendê-lo, e depois ajudá-lo a concluir o restante dos crimes.

   O que o detetive não entendia ainda, o grande mistério, e o motivo da inversão do último trabalho com o penúltimo; até que de repente, veio uma ideia, como um estalo na cabeça. Na mesma hora Roberto levantou-se, pegou a arma, e foi direto para a delegacia; era seis horas da manhã, o detetive tinha passado a noite em claro. Naquele dia haveria uma reunião marcada para às sete da manhã na câmara dos vereadores, todos estariam presentes. Quando o detetive chegou na delegacia, notou que não havia ninguém na recepção, ao adentrar na sala do delegado, a terrível visão, o delegado estava morto com um tiro no peito, assim como outros dois guardas. Roberto correu para conferir a cela de Ariel.  Ela estava aberta, não havia ninguém, apenas embalagens, roupas da prisão, e um embrulho que logo o detetive percebeu se tratar de algo exclusivo do exército Brasileiro, eram explosivos, tudo fez sentido, o detetive não perdeu mais tempo, saiu correndo em direção a Câmara dos vereadores, quando de repente ouviu a explosão, uma grande explosão que abalou quase toda a cidade, e uma bola de fogo que avolumou-se não muito longe de onde ele estava.

    Quando Roberto chegou no local da explosão, havia um muito grande número de pessoas no local.  Todas assustadas, chorando, gritando, pessoas feridas, desorientadas. Aos poucos foi chegando o carro de bombeiros, ambulâncias, e algumas viaturas de polícia. Estava tudo acabado, todas as pessoas que estavam na Câmara no momento, estavam debaixo dos escombros.

     Roberto entendeu o motivo da inversão dos trabalhos, Limpeza dos estábulos de Augias, por isso ele inverteu, pois na sua concepção, a Câmara dos vereadores era o estábulo, onde os seus ocupantes, a seu entender, faziam suas porcarias. Esse era o único modo de vingar de todos, Ariel, com a ajuda do primo, o delegado Apolo, matou todos os políticos da cidade. O crime chocou a todos, não só os da cidade, mas em todos o Brasil e fora dele. Roberto estava chocado, pediu licença da polícia, e foi morar em lugar distante, um sítio isolado de tudo e de todos. Mor nunca mais foi a mesma, demorou muito tempo até que tudo fosse restabelecido, das muitas vítimas mortas, todas tinham envolvimento no esquema de propina que existia na cidade.

   Assim termina essa trágica história, uma pequena cidade que era dominada pelas propinas, roubos e falcatruas, e agora, estava livre. Os malfeitores, por uns foram tachados de genocidas, por outros, como os justiceiros de Mor.

     

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 05/07/2017
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