A Utopia de Leby

A Utopia de Leby

Foi numa manhã de verão, o sol despontava tímido e airoso, o celular de Leby despertou as sete em ponto, tocou uma música que trazia notícias cósmicas nebulosas, nada menos que “Starman”, do cantor britânico David Bowie.

Todos os dias eram sempre iguais, seu celular despertava tocando sempre a mesma música, e ele acordou ao ouvir os primeiros acordes da canção, mas se virou para o outro lado e imaginou um homem estelar esperando no céu. Seu inglês não era muito bom, porém conseguia traduzir algumas frases. Naquela música o que mais lhe intrigava era pensar no ser estelar que nos observava e quais eram suas verdadeiras intenções.

— É claro! como não havia pensado nisso antes? ele deseja dominar a terra — disse Leby em voz baixa, após, se sentou na cama e prestou atenção na música até no fim.

— Não estamos sós! Existe um homem estelar, e ele quer dominar a terra! — Leby se levantou com pressa após pronunciar em voz alta essas palavras, foi ao banheiro, tomou um rápido banho, tomou café após desejar bom dia aos seus pais, e disse que iria na casa de Brasuca, seu melhor amigo.

Pegou sua bicicleta e partiu em direção a casa do amigo.

Brasuca ainda dormia apesar do relógio já marcar quase nove horas, mas a mãe de Brasuca deixou que Leby fosse até seu quarto.

Ele Abriu a porta, tropeçou no boneco do Capitão América e ao avistar o amigo dormindo puxou seu cobertor com força. Brasuca se assustou por um instante até perceber a presença de Leby.

— Acorda logo! Temos que fazer alguma coisa! — gritou Leby.

— Fazer o que?! Fala sério! Está de madrugada ainda — disse Brasuca esfregando os olhos.

— É sério! vem até aqui! — Leby puxou Brasuca da cama até a janela, abriu as cortinas.

— Está vendo? já amanheceu! — se justificou Leby apontando para o sol.

— Nossa! Que notícia maravilhosa! exclamou Brasuca zombando com insatisfação.

— Olha para cima! — Leby forçou a cabeça de Brasuca apontando para o céu azul celeste.

— Eu não vejo nada — disse Brasuca impaciente.

— É claro que não, mas ele nos observa — afirmou Leby.

— Ele quem? — Perguntou Brasuca aumentando o tom de voz com o amigo que lhe era claro.

— O homem estelar que planeja dominar a terra! — respondeu Leby.

— Que viagem é essa? — perguntou Brasuca zombando do amigo.

— David Bowie tentou nos avisar na sua música Starman. Ele era um deles, descobri hoje pela manhã — explicou Leby.

— E como pode ter certeza? — Brasuca começou a se interessar pelo assunto.

— Ele veio para a terra e se camuflou de homem, ele mesmo se dizia "o camaleão", mas acabou se apaixonando pela terra e tentou nos avisar. Só hoje percebi, tentaria falar com ele, mas o homem estelar descobriu que ele planejava nos salvar e o levou para as estrelas. Ele não morreu, Bowie foi abduzido — explicou Leby.

Brasuca estava assustado. Já ouvira outras histórias fantásticas do amigo, mas aquela o surpreendera.

— E o que vamos fazer? — Questionou Brasuca coçando a cabeça.

— Só existe uma maneira de salvar a humanidade — retrucou Leby.

— Como?

— Vamos dominar a terra antes dele! — sugeriu Leby.

— É uma ideia brilhante! Mas como faremos isso?

Brasuca pensou em zombar do amigo pela ideia, mas viu no olhar de Leby que ele analisava a situação.

— Ainda estou pensando, mas tenho que ser rápido, não temos muito tempo.

Leby se mostrava preocupado, e Brasuca continuava coçando a cabeça quando finalmente teve uma “brilhante ideia”.

— Podemos fazer uma algodão doce gigante e esconder a terra. Ele vai olhar lá de cima e só vai enxergar o algodão doce, que pensará ser uma nuvem, vai imaginar que a terra se foi e estaremos salvos.

Leby mal ouviu a ideia idiota do amigo, não deu importância, e de repente seus olhos brilharam, deu um sorriso que foi rapidamente reconhecido pelo amigo, ele tivera uma ideia realmente genial.

— É claro! eu já sei!! A resposta está na escola, mais precisamente nas aulas de português — disse Leby esboçando um largo sorriso.

— Como assim? — Brasuca era só ouvidos.

— Lembra que o professor falou de uma heroína famosa, que com palavras poderia viajar por planetas, fazer sonhos se tornarem realidade, criar novos seres e novas vidas, pisar em lugares onde ninguém jamais pisou e até voar como os pássaros? Questionou Leby.

— Claro que me lembro! Como eu poderia me esquecer de tão ilustre figura!? ele falava da extraordinária, da linda, da super Clarice Lispector — respondeu Brasuca feliz por se lembrar da heroína das palavras.

— Exatamente! Ela mesma! Acredita que existem homens que a ignoram!? E o tempo todo ela nos deu a chave. Ela mesma nos ensinou a dominar o mundo. Vamos fazer isso logo, antes que o homem estelar o faça.

— Como faremos para dominar o mundo Leby?

— Rápido, papel e lápis. Pega — ordenou Leby.

— Pego sim, mas para quê? — continuou indagando Brasuca.

— A chave são “as palavras”, Clarice disse: “A palavra é meu domínio sobre o mundo”. E assim o faremos! Dominaremos o mundo com "palavras".

Fim