Como posso julgar o desatino
e o destino daquele menino,
que numa bela manhã de abril
de céu azul, da cor  de anil
resolveu ver o trem-de-ferro
daquela cidade de muita luz
que eles chamam de QUELUZ ?


E prá chegar até aquele trem
era  preciso passar também
naquela rua de nome Amargura
que uns diziam rua da Ternura
e meu avô,alfaiate de Lafaiete
já dizia;ali é a rua das Abelhas
pois ali,escorre leite e doce mel
sob o reino das damas vermelhas
que ali fizeram, animado Bordel!


e como passar ali, e não reparar?
lindas donzelas sempre a cantar
naquela longa viela  horizontal
de sua histórica cidade Natal
que cresceu com a linha de ferro
que os mais velhos  aos berros
-Não pare ali,ali tem vários erros!

Mas o menino  naquele instante
tomou o Caminho Novo e a Fonte
e alcançou ofegante aquela Rua
e viu belas donzelas semi-nuas
secando ao sol,seus belos cabelos
vendo em silencio o Trem passar
e de lenços de sedas bem vermelhos
acenavam para o viajante parar !


E que começem  o apedrajamento
mas que façam o justo julgamento
daqueles que vivem do juramento
e fizeram da vida um cego destino
levado pelo tempo e pelo  vento
pois o menino e o seu desatino
sentiu tanta dor naquele bordel
que virou um pobre poeta-amador
e sua vontade de amar,um Cordel....


ora pois,quem sou eu para julgar
aqueles que pagam  para amar
e vivem com a mesma alegria
dos que comem o pão de cada dia..?


ora pois, quem sou eu para julgar
aqueles que vendem o seu amor
e mesmo assim,conseguem amar
e ainda sobrevivem qual uma abelha
quando recebem em troca dessa dor
apenas uma bela e frágil rosa vermelha....!



Marco de Nilo
Enviado por Marco de Nilo em 06/07/2011
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