Quarta parte do desafio de: Damião Metamorfose & Manoel Cavalcante.

D.M

Abra o olho meu rapaz

Que o estilo mudou

Nos outros, você errou

Não mostrou como se faz

Se pensas que vai ter paz

Está muito enganado

Esse seu verso quadrado

Nem de longe me assusta

Tire essa saia justa

Que eu estou afinado.

*

M.C

Você diz "Que eu estou afinado"

Afinado de finura

Estude, tenha cultura

Você canta muito errado.

Eu já tenho te ensinado

Toda a métrica correta

Você parece um pateta

Que escreve errado e repete.

Escreva os versos com sete

Para tentar ser um poeta.

*

D.M

Fez a estrofe incompleta

Começando em martelo

Já vi que nesse duelo

Você vai virar atleta

Não atinge a sua meta

Mas se acha campeão

Se prestasse atenção

No que tenho ensinado

Dizia muito obrigado

Em vez de má criação.

*

M.C

Muito obrigado patrão

Por ser um cantador ruim

Porque você sendo assim

Não precisa esforço não.

Com você não há lição

E nem comigo alisado

Eu posso ser mal criado

Mas no que crio jamais erro

Não venha mais que eu te ferro

E prove que eu cantei errado.

*

D.M

Você só versa travado

Erra até em sextilha

Em toda estrofe se humilha

E pensa ser exaltado

Não passa de um coitado

Um poeta made in trova

Entre a safra e a desova

A segunda é seu lugar

Deixe logo de cantar

Senão vai morrer na sova

*

M.C

Ivanildo Vila Nova

Com o Louro do pajeú

Nem mesmo Manoel Xudu

Mesmo descendo da cova,

Pode vencer minha trova;

O meu verso; a minha rima

Se Deus mudar o seu clima

Te fizer um repentista

Que você não perca a vista

Pra me ver montado em cima.

*

D.M

Só quem não tem auto-estima

Quer cantar com um defunto

Arrume um outro assunto

Por favor, não se deprima.

Você pode até ter ima

Mas talento eu lamento

Se não der pro seu sustento

Deixe os defuntos em paz

Aprenda como se faz

Senão eu te arrebento.

*

M.C

Você não sabe um por cento

Do que eu já sei na poesia

Estude, me alcançe um dia

Pois ganho a todo momento

Sobre o concílio de Trento

Sobre a queda da bastilha

E nem o que é tordesilha

Você não viu na sua escola

Vá para as ruas, peça esmola

Pois assim você se humilha.

*

D.M

Nem pra fechar a braguilha

De um poeta você serve

O seu verso não tem verve

Sua estrofe não brilha

Só canta botando pilha

Faz errado e repetido

Você pode ser sabido

Mas bom poeta eu lamento

Confesso que não agüento

Ouvir mais o seu moído.

*

M.C

No saber está perdido

Você só canta besteira

Me acompanhe na carreira

Se você for destemido.

Das coisas que eu tenho lido,

Minha mente sempre emana

Estude a "Pax romana"

Do império de Otávio Augusto

Já faço medo e dou susto

Na tríade parnasiana.

*

D.M

A quem pensa que engana

Poeta de enciclopédia

Se somar a sua média

Dar um verso por semana.

Tu és um besta fubana

Intelectual do cais

Erre menos, cante mais.

Leia o que já escreveu

Ou será que esqueceu

De tantos erros banais?

*

M.C

Lendo revistas, jornais

Escolho, canto o que quero

Desde o inêndio de Nero

À prisão de Barrabás

Lá nos períodos feudais

Quem mandou foi a Igreja.

E se você ainda almeja

Me ultrapassar cantando

É melhor ir estudando

Se não seu lombo lateja.

*

D.M

Estou vendo que a peleja

Começou a incomodar

Falta você me explicar

Como é que você deseja.

Releia tudo e veja

Quem foi que chamou pra briga

Leia mesmo, depois diga.

Quem atropelou a métrica

Qual de nós faltou com ética

Causando toda essa intriga

*

M.C

Eu nunca causarei intriga

Apenas canto o que sei

Me desculpe se pequei

Em ter chamado pra briga

Mas, por favor nunca diga

Que minha métrica é errada

Ensinei, não aprendeu nada

Deturpa mais minha imagem

Não tem mais camaradagem

Se apronte, vem mais lapada.

*

D.M

A rima foi copiada

Diga, briga e intriga.

Estou vendo que a fadiga

Deixou a mente travada

Seus erros formam a escada

Da derrota em seu duelo

Eu quero ver em martelo

Ou galope a beira mar

Quem é que vai te salvar

Se em décima está amarelo.

*

M.C

De poesia, fiz um castelo

Sem erro nem sacrifício

Se quiser rima difícil

Vou forçar meu cerebelo.

Amanita, um cogumelo

Que solta ácido amoníaco

Você está hipocondríaco

Porém ainda é sarcástico

O meu poder é dinástico

Você é louco maníaco.

*

D.M

Se eu digo é paradisíaco

Refiro-me a um paraíso

Mas na orgia eu preciso

Falar de quem é orgíaco

Clássico aramaico é siriaco

Elegíaco é um chorão

Se quiser informação

Erre menos não se gabe

Aprenda com quem já sabe

Ou mude de profissão

*

M.C

Eu continuo a lição

Presenciando o seu ópio

Lá nas trompas de falópio

Ocorre a fecundação.

No ovário, a ovululação

No escroto, a espermatogênese

Pesquise sobre Abiogênese

Sobre os resistores ôhmicos

Saiba os erros cromossômicos

Que causa a Amelogênese.

*

Sinto muito poeta, sua deixa não dar pra seguir

Abiogênese

*

D.M

É a origem, veja bem,

Não biológica da vida.

Ôhmica energia contida

E resistência também.

Amelogênese quem tem

Tem falta de vitamina

Raiz esmalte ou resina

Adoece e danifica

A sua deixa complica

Trava o verso e desafina

*

M.C

Não vou sair da rotina

Mas,Existia Biogênese

Origem pra mim é gênese

Punição é guilhotina

Se contiver albumina

Pode até me sustentar

Acho muito feio errar

Acertar é obrigação

Mas nem debaixo do chão

Eu iria me sonegar.

*

D.M

Já que é um exemplar

Acima da perfeição

Que é ovululação?

Poderia me explicar?

É fácil um erro apontar

Nesse caso aponte o seu

Pois foi você que escreveu

Na estrofe anterior

Explique-me, por favor,

Só depois corrija o meu.

*

M.C

Tudo bem, o erro foi meu

Mas não fujo à minha gênese

Seria gametogênese

Aí você não entendeu.

Uma falha que se deu

No meu sistema simpático

Para não ser pragmático

Como um faraó do Egito

Saia ao menos do atrito

Você está muito estático.

*

D.M

Réptil é animal aquático

Ou pessoa desprezível

Daquelas que baixam nível

Se tornando um antipático

O aluado é lunático

Que pode ou não ser de lua

Furadeira a mão é pua

E espora em galo de rinha

Muito volúvel é galinha

Mulher galinha é perua.

*

M.C

Meu repente não recua

Para mostrar que sou bom

Do pâncreas sai glucagon

Quem finge se insinua

- Se liga qualé a tua

Não cosse seu epitélio

Não venha com seu gás hélio

Que eu não tenho permease

Nunca se queixe da fase

Force bem seu mesotélio.

*

D.M

Peleja ou combate é prélio

Psélio é adorno persa

Entendimento é conversa

Goma resina é bdélio

Ser celestial é célio

Sessenta minutos, hora.

Natureza é fauna e flora

Falar difícil embromar

O seu jeito de cantar

Faz a platéia ir embora.

*

M.C

Você só vai na espora

Com chinela ou alpargata

No chicote, na chibata

Pra vê se você melhora

A minha mente ignora

Repentista do seu tope

Não conseguirei ibope

Com você entrando em cena

A sua cela é pequena

Pra aguentar meu galope.

*

Desde já o meu muito obrigado a quem ler ou comentar esse texto, que Deus nos ilumine sempre, inté.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 24/02/2012
Código do texto: T3517849
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