Cordel #091: Desafio entre RESSAN ROQUEIRO e OD L'AREMSE

Cordel #091: Desafio entre RESSAN ROQUEIRO e OD L'AREMSE

Ressan Roqueiro

Od L'Aremse

Acordei azucrinado,

Com vontade de rimar

Com as letras, qual enchente.

Pelo o juízo a sangrar

Igual chuva no nordeste

Que derrama um mar d’água

E lava tudo ao passar!

Faço rimas certas e quebradas

Vim bater em sua porta

Cheguei pra desafiar!

O que tanto te azucrina

Meu caro Ressan Roqueiro?

É qual benção de ribeiro

Ser poeta é boa sina

Que tal professor ensina

Veio pra me desafiar

E isso posso desfiar

De desafio num fujo

Mas aceito o dito cujo

Pode em mim confiar.

O meu nome e Ressan

Tendo por Roqueiro apelido

Nascido aqui no nordeste

Desde bem pequenininho

Aonde vou... Sou conhecido

Por causa da ligeireza

Que eu tenho no rimar

Faço versos com, amor,

Alegria, sonho ou dor.

Velório dança ou cantar!

E o meu, Od L'Aremse

Um nome bem espelhado

De alguém bem Esmerado

Nordestino, Cearense

No rimar ninguém me vence

Como diz velho ditado

Quando sou desafiado

Dou um boi pra não entrar

Nu'a briga pra não enfrentar

Pra não sair, todo o gado

Mas, quando estou enfezado.

Dou salto triplo no ar

Meto rasteira em cobra

Faço a bicha se assentar

Galinha tem dor de dente

Macaco ganha patente

E se amunta em guará

O sol esfria e faz gelo

Alma aparece em espelho

E da pirueta no ar!

Da cobra engraxa os sapatos

Pinta as unhas, dá-se um laço

Põe gravata, dá-lhe um abraço

La na Parayba, em Patos

Com ruas de feldspatos

De que é composto o granito

Com quartzo, mica, quartzito

No sertão tem desse luxo,

Barbalha também desembucho

Respeito não tem pelo grito

Já vi papagaio poliglota

Cachorro intelectual

Entrarem na academia

E se tornarem imortal!

Vi viado aviador

Que de animal nera nada

Vi cobra cheia de pé

Que cheiro é este, é café?

Os passarins tão cantando

Ou vidinha relaxada‼‼‼

Também já vi na Bahia

Na festa da Primavera

E lá se vai muita era

Um louro, num é fantasia

Foi nu'a gincana, um dia.

O louro três línguas falava

Era só o que faltava

Francês, Inglês, Português

U'a fitinha nos pés cada vez

Francês ou Inglês já palrava

Foi mesmo? Eu não litigo

Isso pôde ser provado?

Como então foi comprovado?

Vou concordando contigo

Só pra não perder o amigo.

A ti te dou uma chance

Desvenda logo esse lance

Falou ou não o papagaio?

Sem suspense. Mas que raio!

Desembuche num relance!

Eufórico o locutor pergunta

E se as duas fitas puxo?

Grita o louro: “Sem repuxo!

Caio, Burro e me desjunta

E depois ninguém me ajunta.”

Mas esse jardim, onde eu oro,

Aqui onde a Deus imploro

Que nos livre dos perigos

Por mim, pros meus e amigos

E aqui também Deus adoro.

Por isto senhor Od

Que neste jardim vive orando

Sinta o cheiro da rapadura

Que lá fora vão levando

Cuidado pra quando entrar

Não entrar na contra mão

Que é pra num da barroada

E não criar confusão

Pois aqui nesta toada

Não pedisse desculpas não ‼‼

É isso o que eu mais temo

Quando preciso sair

Pra sorte não me trair

E não ser vítima do demo

E não ser qualquer blasfemo.

Pra ficar bem protegido

E nunca desprotegido

Presta bem atenção a isto

Só pelo Sangue de Cristo

E por Seu Espírito ungido

Só respeito Jesus Cristo

Meu Senhor e salvador

Sei que Ele está comigo

Como estar com o senhor!

Mas, nesta corrente de letras.

Que o convida a entrar

Eu vou logo lhe avisando

Melhor aprender nadar!

Que é pra não gritar por socorro

E eu ter que lhe salvar!

De letras corrente, rio e mar

Desse não me afogo não

Nesses nado melhor que salmão

Na praia, alto mar, quebra-mar

Mas gosto de me abismar

Lirismo é o ar que respiro

Em tudo que vejo me inspiro

Serve-me bem por rebote

Qualquer detalhe é um mote

É poesia que eu transpiro.

Alelos Esmeraldinus e Nasser Queiroga
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 08/06/2012
Reeditado em 08/06/2012
Código do texto: T3713418
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