DO MENSALIM AO MENSALÃO

DO MENSALIM AO MENSALÃO

ÊTA PESSOAL LADRÃO

Lucarocas

Seu Mensal era modesto

Um homem trabalhador

Aprendeu a ser honesto

Com seu velho genitor

E em sua simplicidade

Cultivava a honestidade

Como o seu maior valor.

Um simples comerciante

Só vivia a trabalhar

Trazia um jeito marcante

De bem comercializar

Cativava a freguesia

E de tudo ele fazia

Pra todo mundo agradar.

Nunca comprava fiado

Para não ficar devendo

Não era desconfiado

Naquilo que estava vendo

Em tudo ele acreditava

Todo produto pagava

Quando iam fornecendo.

Seu comércio era pequeno

Porém de grande valia

E com seu jeito sereno

Mantinha uma freguesia

E de certo algum freguês

Fiasse pro fim do mês

Com certeza recebia.

Assim seu Mensal vivia

Ali em sua cidade

Casado com sua Maria

Em plena felicidade

Até que em certo momento

Deus lhe deu um complemento:

O dom da paternidade.

Maria feliz ficou

Com a chegada de um menino

E seu Mensal formulou

Para o garoto um destino

Pois não queria ter sócio

E pra seguir com o negócio

O garoto ia ter tino.

Quando o menino nasceu

Fizeram uma “festança”

Seu Mensal o recebeu

Com uma grande esperança

De que esse seu rebento

Tivesse o merecimento

De toda a sua herança.

Não lhe faltava atenção

Havia sempre cuidado

Existia uma proteção

Que vinha de todo lado

E dentro daquele afã

Num Domingo de manhã

Mensalim foi batizado.

O que o menino queria

O pai já dava na mão

Seu Mensal tudo fazia

Pra nunca dizer um não

E nesse procedimento

Ia crescendo o rebento

Sendo o centro da atenção.

Quando o menino cresceu

Já pronto para estudar

Seu Mensal lhe ofereceu

Tudo que podia dar

Lhe deu todo privilégio

Buscou o melhor colégio

Pro filho matricular.

Nada no mundo faltava

Pra Mensalim aprender

Naquilo que ele buscava

Para cumprir seu dever

E se houvesse um problema

Seu Mensal sem ter dilema

Procurava resolver.

Mensalim foi estudando

Com a maior euforia

Quando mais iam ensinando

Mais o menino aprendia

E com tanta habilidade

Com muita facilidade

Toda tarefa fazia.

Fosse qual fosse o problema

Ele tinha uma solução

Montava sempre um esquema

Para aprender a lição

Fazia tudo na prática

Pois tinha na matemática

Sua maior devoção.

Nas contas que executava

Somava não dividia

Em tudo multiplicava

De certo nada perdia

E assim com esse jeito

Fazia ser de direito

Tudo aquilo que queria.

Se acaso algum amigo

Pedisse orientações

Para lhe dar um abrigo

No aprender das lições

Mensalim não se negava

Mas depois ele cobrava

Com juros e correções.

Se um colega atrasado

Em mensalim se encostava

Tentando ser ajudado

Em algo que não gostava

Mensalim com todo apreço

Fazia e cobrava um preço

Que pouca gente pagava.

Assim na sua esperteza

Mensalim foi se formando

Desenvolvia a destreza

De outros ir explorando

E com a sua ambição

No mundo da enganação

Ele ia se formando.

Do seu pai a freguesia

Começou a conquistar

Toda clientela atraia

Com seu modo de atuar

E dentro da sua ciência

Foi ganhando experiência

Na arte de comerciar.

Trazia sempre um sorriso

Para quem fosse chegando

Fazia o que fosse preciso

Pra todos ir agradando

E com sua simpatia

Não havia mercadoria

No seu estoque encalhando.

Mensalim se organizava

Em todas as suas ações

Num momento trabalhava

Noutro fazia as lições

Não tinha tempo pra ócio

Pois punha ali no negócio

Todas suas aspirações.

Seu Mensal muito orgulhoso

Seu filho foi educando

Achando ser vantajoso

Via o comércio aumentando

E com toda confiança

Dava ao seu filho a fiança

Para o comércio ir tocando.

Assim Mensalim cresceu

Entre trabalho e estudo

Nada da lida perdeu

Pois só pensava graúdo

E mesmo se divertindo

De certo ia assumindo

Todo o controle de tudo.

Se no colégio um trabalho

Tivesse que entregar

Buscava logo um atalho

Pra tudo realizar

Não dando para fazer

Mandava alguém escrever

Para ele poder pagar.

Nas provas sempre colava

De modo bem natural

Outras tarefas comprava

Na maior cara-de-pau

E sempre agindo assim

Foi então que Mensalim

Terminou o colegial.

Quando foi pra faculdade

Nunca mudou de conduta

Exercia a autoridade

Sem ter medo dessa luta

E na sua autonomia

Qualquer coisa ele fazia

Para vencer a disputa.

Na hora da formatura

Para buscar mais respeito

Mensalim logo assegura

Da vida o seu grande feito

Longe da honestidade

Conclui sua faculdade

Em um curso de direito.

Depois de comemorar

Aquela sua conquista

Mensalim foi resgatar

Os seus dotes de artista

E para ter mais valor

Fez um curso de ator

Buscando o que estava em vista.

Agora ele mais sabia

Como bem representar

E tudo o que ele aprendia

Gostava de praticar

Agora sem faculdade

Tinha toda liberdade

Pra tudo realizar.

Logo depois de formado

Mensalim em sua ação

Trouxe tudo pro seu lado

Toda administração

Ficou dono do negócio

Seu pai só ficou de sócio

Sem fazer reclamação.

Dentro dessa conjuntura

Mensalim se dá valor

Faz jogo com a prefeitura

Conluio com vereador

E no seu entendimento

A cota dos dez por cento

Faz o bom fornecedor.

No jogo do fornecer

Não existe complicação

Pois esta sempre a vencer

A qualquer licitação

E pra toda freguesia

Arranja uma nota fria

Pra aumentar a comissão.

Mensalim sempre combina

Pensando em faturar

Paga aqui uma propina

Imposto faz sonegar

E dentro dessa jogada

Ele nunca perde nada

Em negócio que entrar.

Mensalim ia fazendo

Todo tipo de jogada

Ele já ia fornecendo

Seja qual fosse a parada

E pra dar-se assim tão bem

Deixava oitenta por cem

Com a nota adulterada.

E no jogo que fazia

Manipulava o cliente

Dez por cento a garantia

De um trabalho eficiente

Pra ele qualquer ação

Que houvesse corrupção

Deixava-lhe bem contente.

Assim Mensalim vivia

Buscando mais enricar

Mas lhe faltava alegria

No seu modo de atuar

Foi então que resolveu

Usar do talento seu

Pra na política atuar.

A um pequeno partido

Logo então se filiou

A todos se fez ouvido

Num verdadeiro clamor

E na primeira eleição

Fez logo sua inscrição

Para ser um vereador.

A prática da sua vida

Tinha lhe dado a lição

E pra vaga concorrida

Comprou voto de montão

Enganou fez ladroagem

Pra em tudo levar vantagem

E conquistar a eleição.

Quando vereador eleito

Viu logo quem era piegas

E arranjou logo um jeito

De se doar em entregas

Fez cada amigo contente

Da câmara foi presidente

Eleito pelos colegas.

Trapaceou na política

Enganou de todo lado

Não dava ouvidos à crítica

Não se sentia culpado

Usando de sua astúcia

Aumentou a sua súcia

Elegendo-se deputado.

No seu estado eleito

Continuou sua ação

Convidava algum prefeito

Pra ter participação

E assim montavam conchaves

Para manterem as chaves

De uma nova eleição.

Nos seus planos de demônio

Salim foi criando fama

Aumentava o patrimônio

Sempre com alguma trama

Formava grandes currais

Pros períodos eleitorais

Lhe darem algum programa.

No período eleitoreiro

Achava tudo normal

Agrada um tesoureiro

De qualquer uma estatal

E depois daquele pleito

Mensalim estava eleito

Deputado federal.

Mais tempo para explorar

Todo e qualquer cidadão

Pois sua meta é formar

O time corrupção

Para que com falcatrua

A turma toda destrua

As riquezas da nação.

Com o time já formado

Salim mostrou seu valor

Teve um acordo selado

Com um grupo de malfeitor

Montaram todo um esquema

E sem ter nenhum problema

Foi eleito senador.

Mas o tempo é mensageiro

De toda grande verdade

E a força do dinheiro

Suprime a liberdade

E Mensalim egoísta

Perdeu seu ponto de vista

Par outra realidade.

Por causa de uma divisão

Que ele não quis fazer

Mensalim teve a impressão

Que tudo ia se perder

Vendo que um assessor

Tornou-se um delator

Dos seus atos a cometer.

A imprensa noticiou

Criou uma certa falação

Mensalim então comprou

Rádio e televisão

Montou um esquema rasteiro

E o amigo fuxiqueiro

É que foi para a prisão.

Do filho a trajetória

Seu Mensal acompanhou

E foi buscar na memória

Aquilo que lhe sobrou

Foi grande a decepção

Que ali seu coração

De uma vez enfartou.

Mesmo com o pai falecido

Mensalim continuou

Nunca fazendo esquecido

Os esquemas que montou

E agora se preparava

Para ver se apagava

A imagem que ficou.

Montou a publicidade

Com jeito de inocente

Falou de honestidade

De como era boa gente

E foi pra televisão

Dizer que na eleição

Será novo presidente.

Do jeito que a coisa anda

Aqui em nossa nação

O país se parte em banda

Junto com a corrupção

E o coitado do povo

Vai sempre votar de novo

Nesse pessoal ladrão.

LUCAROCAS

(85) 8897-4497 (oi) 9985-7789 (tim)

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Lucarocas
Enviado por Lucarocas em 14/08/2012
Código do texto: T3830272
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