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MARDITA DISFAIZ VISÃO
Cordel #051

Dueto entre Bosco Esmeraldo e
Hull de la Fuente


Bate forte e cum vontade,
no peito, sodade intensa
dos tempo da mocidade,
digo num tom bem sincero,
tempo bão, pureza imensa,
respeito e honra qui dispensa
comentaro, é muito ismero.

            A sodade qui ocê fala
            hoje invadi o meu peito
            ela dói e num si cala,
            qui tempu bão e perfeito.
            Sodade di Mato Grosso,
            daquele Estado colosso
            qui era quage sem defeito.


Sem tê mardade, a moçada,
brincava cum nóis, e a gente
rapaz, moça e a garotada.
Na mais perfeita harmonia
de roda, de ané brincava,
um ao outro respeitava,
desacato nunca havia.

            As brincadêra di roda
            cas canção tão divertida,
            era as cantiga da moda,
            ninguém virava homicida.
            Hoje é fei o “pau no gato,”
            mas violência é um fato,
            num há respeito ca vida.

As noite no meu Sertão
era de paz e harmonia,
tinha alegria e emoção.
Em noite de luz chea,
lá pro terrero nóis ia,
viola e boa cantoria,
forró, dança a noite intera.

            Ocê cantô tão bunito
            as tua recordação;
            meu pueta erudito,
            tô passada di emoção.
            As noiti enluarada
            nos teus versu intuada,
            matô a televisão...

Mar tomém, nar noite iscura
fuguera acesa no acero
a aquecer, qui gostosura!
E, na luz do candiero,
no chão de barro batido,
forró dançam bem contido;
puxa o fole o sanfonero.

            Nóis tomém tinha fuguera,
            modi as batata assá,
            até uma sanfonêra,
            Zefinha do Alguidá.
            Em vorta us causu contadu,
            di dragão e di finadu
            e a moçada a dançá.

Mais aqui chegou a luz
elétria, a tar enegia,
fifó apagô, num reluz.
Invandiu nossos salão
vinda lá das anarquia,
do demo pai das fulia,
essa tar televisão.

            A tar eletricidadi,
            quano na roça chegô,
            troxi as tar das nuvidadi,
            tudu si mudificô.
            Chegô a televisão
            diabólica invenção,
            qui ca moral acabô.

Abriu um isgoto na sala
de nossos lar, lugar santo,
de fossa, fedor qui exala.
Atacando ur bom custume,
distrói a morá, a famía,
quage me mata a puisia,
nur transformando im chorume.

            Ninguém fala mais “mãínha”,
            o sutaqui si perdeu,
            pureza qui u povo tinha,
            nu novo tempu morreu.
            Só resta a lamentação,
            curpa da televisão.
            Penso qui o demo venceu.

Só num venceu pruque Deus
É mais forte e suberano,
e vela pur nóis, fios Seus,
derna us tempos antãio,
Nar Suas Mão o controle
D'Universo, de Sua prole,
e o fim do pai dos engano.
 

Sou muitíssimo agradecido à exímia e gentil Poetisa Hull de la Fuente pela participação agradável e divertida parceria neste cordel.


Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 27/07/2013
Reeditado em 28/07/2013
Código do texto: T4407290
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