Cordel sem nome
 
Calango corre no muro
Eu juro corro no vento
Pirulito cabe no furo
E o mote no pensamento
A gente só faz no escuro
O que no claro é um tormento
 
Aranha sobe na parede
E a formiga no chão passeia
No gancho eu armo uma rede
E no sono ninguém me aperreia
Levanto e mato minha sede
E a fome eu mato na ceia
 
O trem corre no trilho
Cansado quero sombra e brisa
O brilho é luz no firmamento
Tristeza quando chega não avisa
No peito ela fica em alojamento
E só vai quando alegria divisa
 
O meu amor no peito também corre
Pros braços da minha felicidade
Só se deixa de amar quando morre
O amor não carece de idade
Quando isso na vida ocorre
A gente escorre num pingo de saudade
 
Feliz é quem tem esperança
Esperar e arte da paciência
Mais feliz é quem espera e alcança
Mas isso exige pouca ciência
O sábio aprende como criança
E o ignorante sofre de sua ausência.