OS DEZ MANDAMENTOS DO PREGUIÇOSO.

Veja agora esse cordel,

Gostoso e bem humorado,

Que vai mostrar pra você,

Algo um tanto inusitado,

Não que tenha preconceito,

Mas acho grande defeito,

Ser por isso contaminado.

Assim cada preguiçoso,

Tem lá as suas manias,

De viver sem trabalhar,

E muitos não desconfiam,

Que pra granjear o pão,

Tem que ter disposição,

E o trabalho é terapia.

Mas como tem lei pra tudo,

Inventaram também essa,

Que caiu ao preguiçoso,

Como luva boa abeça,

Mas se ele tem vergonha,

Embora sendo pamonha,

Nunca entra numa dessa.

Por isso preste atenção,

Nesse cordel primoroso,

Feito com muito esmero,

Por um cabra audacioso,

Não tenho acanhamento,

De falar os mandamentos,

Dos sujeitos preguiçosos.

São eles em total de dez,

Só quem ler vai conhecer,

Esse decálogo insalubre,

Que conheci sem querer,

Pois examinando a fundo,

Pude ver que o vagabundo,

Guarda o dito sem saber.

O primeiro mandamento,

Faz-me quase enfartar,

E se o cabra é preguiçoso,

Deve a ele muito amar,

ELE O DIZ DE BOM GRADO,

JÁ QUE SE NASCE CANSADO,

VIVE-SE PRA DESCANSAR.

O segundo mandamento,

Do manual da preguiça,

Pois quem a ele se apega,

Fica um mestre na malícia,

DIZ ELE O SONO ME CHAMA,

AMAI BEM A VOSSA CAMA,

NUNCA A PERCA DE VISTA.

O terceiro mandamento,

Fale quem quiser falar,

Mas ele é bem propicio,

A quem não quer trabalhar,

NÃO FIQUE ASSIM VIGIANDO,

VIU ALGUÉM DESCANSANDO,

A ELE AJUDE DESCANSAR.

Já o quarto mandamento,

Que não faz mala ninguém,

Mostra-o em sua integra,

Toda a força que ele tem,

DIZ ELE CHEIO DE EUFORIA,

DESCANSE DURANTE O DIA,

PARA A NOITE DORMIR BEM.

Olhe o quinto mandamento,

Da lei de quem não faz nada,

Esse sim mostra bem claro,

Exigindo atenção redobrada,

DIZ ASSIM BEM DECLARADO,

TODO TRABALHO É SAGRADO,

NÃO TOQUE NELE POR NADA.

Veja o sexto mandamento,

Desse imprudente manual,

A cartilha do preguiçoso,

Que acho nem ser normal,

NÃO SE META EM AGONIAS,

SE PODES FAZER OUTRO DIA,

NÃO O FAÇA HOJE AFINAL.

O sétimo mandamento,

Dessa lei do faz quem quer,

Pois instrui ao preguiçoso,

Viver do jeito em que der,

VEM CLARAMENTE DIZENDO,

TRABALHE CADA VEZ MENOS,

DO JEITO QUE LHE APROUVER.

O oitavo mandamento,

Esse é mesmo de amargar,

Deixando mal acostumado,

Todo o que nele acreditar,

ISSO É SARCÁSTICO DE MAIS,

POIS NESSE MUNDO JAMAIS,

MORRE-SE POR DESCANSAR.

Veja o nono mandamento,

Ao lê-lo fiquei sem graça,

Isso é dar asas ao malandro,

Que nos diz sem ameaças,

QUANDO TE VIER O DESEJO,

DE TRABALHAR LOGO CEDO,

SE ACALME QUE ISSO PASSA.

Olha o décimo mandamento,

Esse é o mais deprimente,

Já vi assim muitos sujeitos,

Guardando-o integralmente,

NA ESPERA QUE DEUS AJUDE,

POIS SE TRABALHO É SAÚDE,

QUE TRABALHE OS DOENTES.

Respire que logo passa,

Por que esquentar a cuca,

Espere vencer as horas,

Dessa vontade maluca,

Pra que ficar se matando,

Dia e noite trabalhando,

Se nossa vida é tão curta.

Não vou ficar me matando,

Deixe quem quiser que faça,

Nem vou acertar o mundo,

Que todo mundo embaraça,

Quero mesmo é rosetar,

Ficar com as pernas pro ar,

Trabalhar perdeu a graça.

Preguiçoso que se presa,

Caça sempre um jeitinho,

De ficar sem fazer nada,

Cozinhando o franguinho,

E quando a coisa aperta,

Por está sempre de alerta,

Dar no pé bem rapidinho.

E vocês que estão lendo,

Esse texto bem bolado,

Embora não acreditem,

Que faz sentido o danado,

Só sei que o preguiçoso,

É um individuo manhoso,

Satisfeito e desconfiado.

Porém eu não quero aqui,

Usar de sensacionalismo,

Mas sei que o preguiçoso,

Causa grandes prejuízos,

Há um enorme batalhão,

Que aderem essa função,

Fiquemos de sobre aviso.

Assim termino o cordel,

Que fala do preguiçoso,

Mostrando as suas leis,

E o seu jeitão audacioso,

De viver sem trabalhar,

E sempre um jeitinho dá,

De se fingir de manhoso.

Cosme B Araujo.

02/04/2014.