UM DEDO DE PROSA COM JESUS.

José Feitosa da Silva

(JFeitosa)

CORDEL ( Leitura transliterada).

Oh! Meu Sinhor Jesus.

Por que é que sofro tanto?

Cai pelos péis os meus prantos,

É grande o peso da cruz.

Será meu Sinhor Jesus!

Que não tem outra maneira?

Deixe eu andar só pelas beiras,

Desse mal que me conduz...

- É um pidido desse fio seu!

Que não aguenta tanto sufrimento.

Anda fazendo até juramento,

Para não ter raiva de quem ti ofendeu.

Eu sei que és verdadeiro.

Permitiu até a minha chegada!

Quero vortar dá as gargalhadas,

Mermo assim, liso sem dinhero!

Pois bem meu Sinhor Divino.

Eu tô quereno é só ti lembrar!

Desde quando vim para cá,

É grande o meu desatino!

Minha muer e os minino,

Não suporta mais sofrer!

Às vezes pensa em morrer,

Por conta do sacrifício!

Ói meu Sinhor!

Eu já não tenho mais sustânça

Disculpe minha ignorânça,

Mais confesso, que cansado tô!

Trabaei cedo para ajudar meus pais,

Não tive iscola e nem prazer na vida.

Ói minhas mãos... É só firida,

Das marcas que a inxada faz!

Tento deixar para trás,

Mas o sofrer me acumpanha!

Vejo no espêio minha feição tristonha,

Oh! Meu Sinhor, eu não aguento mais!

Me leve pra outro lugar?

Desde que seja mior!

Que tenha o nascer do sol,

E terra pra eu plantar.

Sem querer muito Sinhor:

- Mande a chuva pra muar!

- Simente pra samear!

Pra incher o chão de fulor.

Aí eu vortava a sorri!

Mermo com o riso banguelo.

Só é isso que eu quero,

Mi tire logo daqui?

Faça feliz minha famia?

Veja isso com cuidado?

Meus fios já estão criados,

E vive nessa agonia!

- Pra cidade não quero ir!

- Porque minha vida é a roça.

Perdôi esse dedo de prosa,

Mi deixe no cariri.

Só quero um lugar siguro!

Que tenha chuva em abundânça.

Pra eu plantar minha esperança,

E colher bastantes frutos!

- Agora já vou!

Não quero tomar seu tempo.

Feliz está aqui dentro,

Por cunversar cum Sinhor!

Inté...

Já tô indo pra paioça...

- Agradeço a sua atenção!

Gosto muito do meu sertão,

Por isso vivo na roça.

Inté!!!...