CORDEL DESESPERADO
 
Vige tu num sabe da acontecença
Que deixou o véio Zé Tino zuruó
Um desatino pra Dona Florença
Pois nada podia ter sido pió
Embucharam sua fia Hortença
Valei-me minha santa paciença
Foi Tião o Tiãozinho Fogoió.
 
A peste bateu asa do sertão
O véio tinha planos pra famía
De tristeza se encheu seu coração
Tiraram a honra da única fia
Vige Maria! Tá armada a confusão
Eu é que não queria tá na pele do Tião
Florença chorava lavando as vasía.
 
Zé Tino apoiado na lei do rapapé
Contratou um cabra bem marvado
Que acudia pelo nome Barnabé
Valentão no sertão era arrochado
Fogoió quis dá uma de xeleléu
Enfrentando toda a fúria do Pitéu
Bajulou mas num teve resultado.
 
 
Hortença que já beirava os quarenta
Moça véia destinada ao caritó
Zambêta com um belo palmo de venta
Se viu favorecida pelo peste Fogoió
Mexeste na carne agora tu aguenta
Rói o osso e mastiga a pimenta
E sapeca o beiço no jiló.
 
Fogoió sem destino deu no pinote
Caiu nas brenhas na caixa bozó
Dizem que ele foi pro norte
Errante sem rota no cafundó
Pra outros encontrou a morte
Pro Zé foi uma questão de sorte
Um dia ele ainda fecha seu paletó.
 
Mas a vida marvada num dá trégua
O mês nono também já se passou
Fogoió ficou na baixa-da-égua
Feliz Zé Tino agora é vovô
Florença ganhou foi um xodó
O neto ruivinho puxou ao Fogoió
No fim o ódio deu lugar pro amor.
Ademar Siqueira
Enviado por Ademar Siqueira em 15/09/2014
Reeditado em 17/09/2014
Código do texto: T4963321
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