UM CORDEL VERDADEIRO.

Não põe a mão no arado,

Os que olham para trás,

E os que compram fiado,

Um bom negócio não faz,

Não importa a ligeireza,

Se cair na correnteza,

Desce a força meu rapaz.

Há o banho de sal grosso,

Pra quem vive azarado,

Com a corda no pescoço,

Ninguém fica sossegado,

Onde o assunto é dinheiro,

Há embate o tempo inteiro,

E o simples fica enrolado.

Só senta-se na cabeceira,

Quem paga toda despesa,

Quem caminha na esteira,

Hora e outra tem surpresa,

Eu nunca vi um arrogante,

Não confiar no rompante,

Pra por as cartas na mesa.

Banguela não chupa cana,

Por ter somente gengivas,

Nos entraves das bananas,

É que se secam as salivas,

O que discursa aprumado,

Está livre de ser vaiado,

E se encrencar nesta vida.

O risco que corre o pau,

No momento de cortado,

É sujeito ao mesmo mal,

Quem segura o machado,

Cai pequeno e maioral,

Jamais se firma em jirau,

Quem já foi acidentado.

Incitam muitas contendas,

Mulheres de língua afiada,

Não esquece a encomenda,

Quem anda de madrugada,

Às vezes quem tem razão,

Nem sempre ganha questão,

E tem vitória assegurada.

Nos tempos da juventude,

Quer seja homem ou mulher,

Que a sorte não lhe ajude,

Segue em frete como der,

Mesmo vivendo de ilusão,

O ser jovem é muito bom,

Só quero ver quem não quer.

Feliz é o homem que sabe,

A própria língua dominar,

Nunca perde a majestade,

Quem se acostuma a reinar,

É um contagio verdadeiro,

Ter-se o jeitinho brasileiro,

Pra tentar a tudo lograr.

Quem pisa em terá mole,

Corre o risco de afundar,

Não se arrisca puxar fole,

Os que não sabem tocar,

Sábio não vive de espera,

A fome é irmã da miséria,

E pega todos aonde chegar.

Nos caminhos do prudente,

Também tem as emboscadas,

Não se mexe com serpentes,

Estando a mesma enrolada,

Quem arrisca entrar no jogo,

Quer por dinheiro no fogo,

Pode até nem ganhar nada.

Ninguém pode dar bobeira,

Se a vacas está paridas,

Mesmo que na brincadeira,

Milhares arrisquem a vida,

Pois não é nenhum segredo,

Quem tem fiofó tem medo,

É uma verdade bem antiga.

Mas tem gente que parece,

Viver de mal com a sorte,

Passa o tempo acabrunhado,

Mesmo embora sejam fortes,

Corre e luta sem se cansar,

Porem parece que o azar,

Vem sempre ser seu suporte.

Cada ser tem um destino,

É um velho dizer popular,

E quem faz nosso caminho,

E as formas de caminhar,

Deus põe nas encruzilhadas,

Muitas placas assinaladas,

Para os sábios não errar.

Por possuir livre arbítrio,

Cada um pode escolher,

A senda que quer trilhar,

Pelo tempo em que viver,

Pois ouço desde menino,

Ninguém foge do destino,

Do qual chegar escolher.

Dependendo das escolhas,

Colhem-se a consequência,

O que enche o pé de bolhas,

Busca logo as providencias,

Quem não gradua o que diz,

Torna-se por fim um infeliz,

Tudo pelas imprudências.

O sábio ouve os conselhos,

Mas o tolo não dar ouvidos,

Não fica em frente a espelhos,

Quem quer viver escondido,

Ninguém remenda a canoa,

Quando a cola não for boa,

Pra não ter tempo perdido.

Não se invade a fortalezas,

Sem vencer as sentinelas,

Não põe a comida na mesa,

Quem não gosta de panelas,

Ninguém toma chimarrão,

Sem ter a cuia nas mãos,

E medo de queimar a goela.

Jamais terá uma vida fácil,

Quem não segue a instrução,

Não se aproveita os bagaços,

Quando não dá combustão,

Vivem de graça os palhaços,

Mas perde o fogo do facho,

Quem ficar sem opção.

Cosme B Araujo.

06/01/2015.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 06/01/2015
Reeditado em 28/04/2015
Código do texto: T5092603
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