Estórias de um caçador
Sempre gosto de falar, Das coisas que vi na vida
Dos lugares onde morei, Ou de uma pessoa querida
Por isso aqui vou contar, A história de um cidadão
Que viveu em Pedra Branca, No meu querido rincão
Tudo o que ele fazia, Era muito competente
Sempre muito procurado, Por toda aquela gente
Exercia outras profissões, Além de ser caçador
Tinha salão de barbeiro, Sendo também pescador
Porém, só vou me deter, No seu primeiro talento
Pois para falar dos três, Talvez me falte o tempo
Antonio Marques era o nome, Desse grande paladino
Um figura folclórica, Que conheci quando menino
Sempre relatava os fatos, No seu salão lotado
Gente grande e menino, Prá lhe ouvir admirado
E os "causos" eram tantos, Que faltavam não terminar
Um assunto atrás do outro, Que ele sabia emendar
Mas de todas as caçadas, Que ele sempre contou
Uma me foi marcante, Na minha memória ficou
Hoje eu conto em verso, A prosa que um dia ouvi
Da tão falada caçada, Que eu jamais esqueci
Na fazenda de um coronel, Nosso amigo foi chamado
Pois lhe tinham dado uma missão, Um pássaro a ser caçado
A mulher do fazendeiro, Com desejo de menino
Queria comer um jacú, Coube a ele esse destino
A caminho da fazenda, Sua chinela quebrou
Pensando que era um cipó, Uma cobra ele pegou
Para consertar o cabresto, E poder voltar a andar
Pois ao senhor coronel, Ele não podia faltar
Embrenhou-se logo na mata, Viu o jacú em pouco tempo
Preparou a espingarda, Afim de conseguir seu intento
Qual não foi o seu espanto, Ao ver o que aconteceu
Embaixo da mesma árvore, Um veado apareceu
Atirou no meio dos dois, O chumbo então dividiu
O jacú caiu durinho, Mas o veado fugiu
Antonio Marques olhou para o céu, Pensando em agradecer
Mas a pedra onde ajoelhou-se, Começou a se mexer
Foi ai que ele viu, Que além de matar o jacú
A pedra que não parava, Era na verdade um tatú
Tinha sido muito boa, A caçada desse dia
O saco já tava cheio, Era grande a alegria
Ele então ajoelhou-se, Com os braços juntos rezando
Pegou um casal de marrecos, Que passavam ali voando
Nesse momento então, Ele terminou de rezar
Tinha feito a caça do dia, E já podia voltar
Mal sabia nosso amigo, Quando no caminho voltava
Que o dia não tinha acabado, Mais uma surpresa o esperava
Do tiro que ele deu, E o chumbo na mata espalhou
Mais coisas aconteceram, Naquele enorme calor
O riacho que tava seco, Quando ele ali passou
De mel ficou alagado, Um enxame o inundou
Ele então chegou em casa, Ainda todo lambuzado
Pois teve que atravessar, O riacho de mel a nado
E pôs-se a cuidar das caças, Tinha muitas a limpar
Foi quando ouviu um barulho, E correu para se armar
Pensando que era ladrão, A espingarda carregou
Não abriu de vez a porta, E atrás dela ficou
Observou pela brecha, Prendendo o seu respirar
Foi aí que viu o veado, Tinha vindo se entregar
Ao terminar a "estória", Sempre que alguém duvidava
Ele logo vinha de pronto, E calado não ficava
Dizia ter testemunhas, Que presenciaram o fato
Que ali não se encontravam, Mas endossavam o relato
Fazê-las aparecer, Era a grande dificuldade
Pois todas que o assistiram, Partiram para a eternidade
São "estórias" como essa, Guardadas em minha lembrança
Que considero tesouros, Da minha dourada infância
Então não achei justo, Apenas comigo ficar
Por isso eu vim aqui, Com vocês compartilhar
Sendo assim agora peço, Ao meu texto finalizar
Que dividam com os amigos, Que não deixem de mostrar
Que passem sempre adiante, A "estória" do caçador
Que além de ser barbeiro, Era também pescador