CORDEL DE NOSSA SENHORA APARECIDA

Quero nesse modesto cordel
Falar de Aparecida das Águas
Talvez não seja esse meu papel
Escrever sobre a cura das mágoas
Mas foi num tempo distante
Que o primeiro milagre aconteceu
Eram três pobres navegantes
E uma intercessão logo se deu
Nossa Senhora bem atuante
Uma graça lhes concedeu.

E assim como seu filho Jesus
Que fez aparecer peixes no mar
Que Nossa mãe viu anexo na cruz
Noutros tempos de dor e clamar
Também assim fez Nossa Aparecida
Ao ver pescadores a voz solicitar
Peixes em suas redes a fartar
Logo adveio o primeiro milagre
E a Santa foi logo lhe oferecida
Uma capela colorida e um altar.

Assim iniciou a devoção
Até o Rei Imperador do Brasil
Não conteve em si sua emoção
E em um certo mês de abril
A Santa Imagem fez visitação
Em seguida veio Princesa Izabel
Para pagamento de promessa
Logo a coroa de ouro concedeu
Ainda o manto azul cor do céu
Diamantes e Rubis na remessa.

Cada dia foi acrescendo a pregação
Romeiros vinham de terras distantes
Todo mundo queria fazer sua oração
Missionários, romeiros e viajantes
Assim foi crescendo o belo santuário
Em nome de Nossa Senhora Aparecida
Tinha fiel, beato, viajante e vigário
Para todos a hóstia benta era oferecida
Não tinha tempo ruim nem horário
Ali curava coisa ruim, dor e ferida.

Com o tempo uma cidade se formou
E para todos os visitantes a graça
Isso foi um desejo santo que se criou
Pela santidade que a Santa passa
Como padroeira do nosso Brasil
Nossa Senhora Aparecida se fez
Tudo pela a fé desse povo gentil
Sem pensar numa segunda vez
Pois a Santa que em duas se partiu
Agora com a fé do povo se refez.

Outro tempo um herege maldoso
Numa atitude sem cabresto e vil
Despedaçou a Santa raivoso
Deixando órfão o povo do Brasil
Duzentos fragmentos se fizeram
Num confronto religioso imbecil
A Santa novamente foi restaurada
Pela as mãos de Maria Helena
Os romeiros voltaram a jornada
Sabiam que sua fé valiam a pena.

Os milagres das velas acessas
Feito provado de Nossa Santa
Foi espalhado nas redondezas
Desde de então ninguém espanta
Pois os milagres se refletem
Só não ver o bobo sem fé
Disse isso o escravo Zacarias
E para dizer como ele é
Em cada canto eles se repetem
Sem alvoroço e correrias.

Prova assim o cavaleiro incrédulo
Que em seu cavalo provoca correria
Sem crença, conhecimento e vocábulo
Faz das escadarias sua estrebaria
Como resultado de seu insulto
Uma marca profunda de ferradura
Mostrada em relevo, não é oculto
Pode ir lá ver que até hoje dura
O cavaleiro agora reza um culto
Pedindo perdão a Santa pura.

Assim como a menina cega
Que com sua grande fé se curou
De Jaboticabal a escadaria chega
Olha para a igreja e se admirou
Também como menino do rio
Que nas águas turvas não se afogou
Isso tudo é milagre de Nossa Senhora
Assim como a onça que não atacou
Agora eu vou lhe falar sem demora
De um herege que a Santa chutou.

Essa intolerância religiosa besta
De pastores sem consciência
Até parece ordem do capeta
Para provocar toda veemência
Não quero aqui julgar ninguém
Esse cordel não tem preferência
Não sou dono da terra e do além
Também sou contra a violência
Mas esse mundo pertence a alguém
Que o criou com amor e paciência.

Para terminar agora esse cordel
Vou lhe revelar um segredo
Quero colocar aqui no papel
A revelação entre meus dedos
Todo pedido meu foi atendido
A cada oração a santa proferido
Pois se você tiver um pouco de fé
Ore para Nossa Senhora com brilho
Pela a boa Santa pura que ela é
Entenderás que também és seu filho.

 
Léo Pajeú Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Bargom Leonires em 22/02/2017
Reeditado em 30/08/2017
Código do texto: T5921072
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