NA SERRA PELADA.


No meu trabalho eu briguei
Já resolvi me mandar,
Estava crise e eu fiquei
Um ano sem trabalhar.
Desta vez eu me danei
Comi tudo que ganhei,
Com contas para pagar.


Um amigo igual irmão
Me chamou para jornada,
Vamos embora Leão
Vamos à serra pelada.
Serra pelada vou não
Cê está de gozação,
Eu sou macho camarada.

Certo, vamos companheiro,
Estou é desempregado.
Vamos acertar primeiro
Com o lance atrapalhado.
Ir caçar ouro e dinheiro
Mas pelada? Eu sou mineiro!
Na serra ando é pelado.

Vou junto nesta parada
Mas você é encrencado,
Me ganhou nesta jornada
Só porque não sou enjoado.
Mas ficarei de mão atada
Fico na serra pelada...
Mas só trabalha pelado.

Fomos nós para o Pará
Adonde deixei o meu couro.
Vi  já, pelado não dá,
Assim eu não acho tesouro.
Briga de ave carcará
Mosquito é que tem lá
Querendo picar um louro.


Lema lá é não persiga
As glebas todas tem dono,
Trabalhar como formiga
Para quem tinha seu trono.
Coisa feia, grande intriga.
Estar pronto para briga
Mesmo nas horas do sono.

Para evitar confusão,
Dormia faminto o Miro,
Treinando pra salvação
Controlando até suspiro.
Rela a rede é ladrão
Pula com berro na mão
Corta o safado no tiro.

O pagamento era fraco .
Para evitar sururu,
Eu guardava num buraco
Com o couro de um tatu
E numa noite foi um saco
E na hora não me toquei
Puxei o gatilho e atirei,
Pensando que era macaco
.

Pessoal gritou, ladrão,
Mete chumbo ô cambada,
Teve tiro de canhão
Agitando a madrugada.
Ainda caído no chão
Botei fogo no sertão
Assustando a bicharada.

Na hora o exercito chegou
Meu amigo que coisa feia,
Quem tem arma e disparou
Vai direto para peia.
Disse não disse rolou
Um safado me entregou,
Fui dormir na cadeia.

Outro dia bem cedinho
Mandou todos nós sumir
Saímos  de lá mansinho
Combinando de fugir
Vai ser difíl o caminho
Eu com compadre zezinho
Sem nem saber para onde ir

O dia todo no mato
E rindo da infeliz sina,
Parei na beira do rio
Pra acender a lamparina.
A onça rosnando no cio
Zé tremia e diz é frio,
Naquela mata assassina.

Seguimos do rio a margem
Sem tempo pra descansar,
Eu vi que tinha coragem
Gritei para encorajar,
Vamos seguindo a viagem
Ou a gente perde a pelagem
Se esta onça nos alcançar.


Numa clareira eu vi luz
E mostrei ao companheiro,
Uma fazenda, supus,
Vamos ver, mas sorrateiro.
Vou confiar em Jesus
Ele gritou credo em cruz,
Surgiram dois cangaceiros.

Um disse sei quem é não,
Que pensa Zé bicuíba?
Sei que pode sê ladrão,
Pode pô a mão pra riba.
Vou acordar nosso patrão,
Se der de sê valentão,
Meta chumbo nestas biba.

Em pouco vem o  patrão,
Tinha voz fina na fala,
Com certeza é ladrão,
Devia cortar na bala.
Leve lá para o galpão
Regime da escravidão,
Vão morar lá na senzala.


Isso foi coisa mal feita,
Regime de escravidão,
Tifo, amarela e maleita,
No seringal no sertão.
Comida não era perfeita,
Se tá com fome aproveita
Amanhã não vai ter pão.

O Leão era o meu apelido,
Homem diz, Leão doutor,
Se vira ou estamos fudido
Não é o tal de inventor?
Inventar estou inibido,
Estou não mão de bandido,
Esqueceu deste fator?

Ideia parece boa
Eu sabia alguma treta,
Peão não desacorçoa
Já roubei uma picareta
A noite esperei hora boa
Altas horas guarda amôa,
Abri uma grande valeta.

Entrei na vala furada
Que ficou meio apertado,
A pele ficou esfolada
Mas eu saí do outro lado,
A guarda estava sentada
Meti nele uma paulada,
Já ficou desacordado.

Eu tirei a chave do guarda
Abri a porta do galpão
Eu soltei a turma guardada,
Fugimos na escuridão.
Ainda era de madrugada
Vimos à força avançada,
Das selvas o guardião.

Após ouvir tal história
Coronel diz, capitão,
Vamos prender esta escória,
Sossegar nosso matão,
tirar da nossa memória
E trocar por toda glória
De cumpri a nossa missão.

A quatro horas da partida
Já retornou a bela armada,
Com sua missão cumprida
Toda a quadrilha algemada,
Coronel feliz da vida,
Recompensa merecida,
Repartiu pra moçada.

Um quilo de pó dourada
Nos deram de recompensa,
Rachei com meu camarada
Perguntando o que ele pensa...
Vamos ganhar a parada,
Gleba na serra pelada
Toda uma riqueza imensa.

Corta esta meu camarada,
Disse, cre que doido sou?
Volto para minha amada
Gasto que a gente ganhou,
Vou por é o pé na estrada
Mas para a serra pelada,
Pode ir só porque não vou.

Companheiro é parceiro
Me seguiu a criatura,
Estou no nosso canteiro,
Curtindo uma gostosura.
Com meu fiel companheiro
Ganhamos um bom dinheiro
Curtimos uma aventura.



Interação da nossa grande poetisa Hull dela Fuente que mesmo não estando com plena saúde deixou uma interação ao meu cordel e que agradeço de coração.
Sare e volte logo mestra está fazendo muita falta.


Garimpeiro foste um dia
Nas terras quentes do Pará
viu de perto a agonia
o que se sofre por lá.
Não entendi a lagartixa
Só foi pra rimar com bicha?
Em Belém é o que há.

Foste até escravizado
nas terras lá do sertão
mas saiu-se gloriado
salvando da escravidão.
Pobres homens brasileiros
que o exército justiceiro
deu até compensação.


Obrigado mestre Jacó pela interação que ensina bons valoes em versos do mestre.

Já vi garimpo de perto,
Mas no Pará nunca fui.
A minh'alma me instrui,
Só fazer o que é certo.
meu juízo contribui,

Nesse e noutros aspectos.
O ouro não me polui...

Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre...











































 
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 11/04/2017
Reeditado em 12/02/2021
Código do texto: T5968035
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