Andanças e lembranças
Vim d'um pé de serra de brancas águas
Das pedras que protegem os mocós
Das farinhadas e do tacho de queijo
Nos bons tempos dos meus avós
Andei pelas matas, cinzas e verdes
Vi a "fogo-pagou", juritis e socós
Chupei a resina de baraúna e angico
Umbu verde, de vez, ou maduro
Bebi na cacimba e no caldeirão
Como sertanejo no tempo mais duro
Comi o mel fino e doce do munduri
Andei em "varedas", tranquilo e seguro
Subi pelas pedras que formam cavernas
Vi as escrituras rupestres riscadas
Olhei os morcegos de ponta cabeça
As piscinas azuis nas pedras cortadas
A cachoeira linda, com e sem água
E o mármore branco da mina fechada
Nas matas fechadas das serras azuis
Abertas para mandioca, caju e o feijão
Estradas, comércios, indústrias e casas
Encontrei o tatu, a cutia e o azulão
Vi o veado, o bola, caititu e queixada
E o bem-ti-vi valente espantar o falcão
Nessas ditas matas entrei noite e dia
Senti a urtiga causar comichão
E o cipó fechado ferir o pescoço
A dor com coceira de um cansanção
Dormi sem esteira, deitado na terra
Sem medo de cobra e de escorpião
Por lá se encontra um pouco de tudo
Do suco gostoso de maracujá brabo
Dá móvel perfeito pra nunca acabar
E o fitoterápico, que se extrai de lá
Das cascas, raízes, das folhas, de tudo
O puro remédio pra os males curá
Vi muito rezador rezando com planta
Pra curar doença ou um mal olhado
Pra curar verruga e dor de barriga
Quebranto, mau jeito e dedo triado
Pra vento caído e picada de cobra
É de muçambê, o galho abençoado
Nos chafarizes, vi as filas de latas
Enquanto a terra era seca e rachada
Espelhava nos abatidos semblantes
O sofrimento da pele enrugada
Que nem mesmo o bom tempo
Essa imagem da memória apaga
Nas roças de solos cultivados
Senti o bom cheiro da terra molhada
Os riachos, açudes e barragens
Sangram a alegria na gente animada
Paiol, tubo de zinco e armazéns
Vi cheios de esperança guardada
Hoje, eu me perco em outros caminhos
E pouco repito as trilhas passadas
Conservo seus cheiros, imagens e sons
Na mente passeio nas velhas estradas
E crio lembranças de novas andanças
Pra um dia contar nas encruzilhadas
Vim d'um pé de serra de brancas águas
Das pedras que protegem os mocós
Das farinhadas e do tacho de queijo
Nos bons tempos dos meus avós
Andei pelas matas, cinzas e verdes
Vi a "fogo-pagou", juritis e socós
Chupei a resina de baraúna e angico
Umbu verde, de vez, ou maduro
Bebi na cacimba e no caldeirão
Como sertanejo no tempo mais duro
Comi o mel fino e doce do munduri
Andei em "varedas", tranquilo e seguro
Subi pelas pedras que formam cavernas
Vi as escrituras rupestres riscadas
Olhei os morcegos de ponta cabeça
As piscinas azuis nas pedras cortadas
A cachoeira linda, com e sem água
E o mármore branco da mina fechada
Nas matas fechadas das serras azuis
Abertas para mandioca, caju e o feijão
Estradas, comércios, indústrias e casas
Encontrei o tatu, a cutia e o azulão
Vi o veado, o bola, caititu e queixada
E o bem-ti-vi valente espantar o falcão
Nessas ditas matas entrei noite e dia
Senti a urtiga causar comichão
E o cipó fechado ferir o pescoço
A dor com coceira de um cansanção
Dormi sem esteira, deitado na terra
Sem medo de cobra e de escorpião
Por lá se encontra um pouco de tudo
Do suco gostoso de maracujá brabo
Dá móvel perfeito pra nunca acabar
E o fitoterápico, que se extrai de lá
Das cascas, raízes, das folhas, de tudo
O puro remédio pra os males curá
Vi muito rezador rezando com planta
Pra curar doença ou um mal olhado
Pra curar verruga e dor de barriga
Quebranto, mau jeito e dedo triado
Pra vento caído e picada de cobra
É de muçambê, o galho abençoado
Nos chafarizes, vi as filas de latas
Enquanto a terra era seca e rachada
Espelhava nos abatidos semblantes
O sofrimento da pele enrugada
Que nem mesmo o bom tempo
Essa imagem da memória apaga
Nas roças de solos cultivados
Senti o bom cheiro da terra molhada
Os riachos, açudes e barragens
Sangram a alegria na gente animada
Paiol, tubo de zinco e armazéns
Vi cheios de esperança guardada
Hoje, eu me perco em outros caminhos
E pouco repito as trilhas passadas
Conservo seus cheiros, imagens e sons
Na mente passeio nas velhas estradas
E crio lembranças de novas andanças
Pra um dia contar nas encruzilhadas