LEMBRANÇAS DE UM VAQUEIRO
Amanhece o dia,
Faço a minha oração...
Ave-Maria sertaneja
De Luiz, rei do baião...
No pescoço uso um terço,
Pra demonstrar minha fé...
Então visto o meu gibão,
Que ganhei do meu tio Zé...
O rangido da cancela
Avisa que os bois vão saindo
Através dos meus aboios,
A boiada vou conduzindo...
No meu peito aquele orgulho
Dos meus bois poder cuidar
Recordando do meu pai,
Eu me pego a chorar...
Lembro dele me dizendo:
“Tenha orgulho em ser vaqueiro...
Vou te ensinar a derrubar boi,
Pra ser um campeão brasileiro...
E cada vaquejada,
Que você conquistar...
Compre sempre outro boi,
Pra nosso rebanho aumentar ”...
Aquilo foi um aviso,
Do que um dia eu ia ser...
O mais respeitado vaqueiro,
Que meu pai não pôde ver...
Ele morreu bem antes,
De tornar-me um campeão...
Pois um boi enfurecido,
Lhe acertou o coração.