RECEITA PRA SER POETA

Atingir a perfeita métrica

De precisão matemática

Ou ser assim: meio assimétrica...

Ousar num erro de gramática...

Se ferir por demais a estética

Diga ser licença poética

Versejar é mesmo simbólico

Melhora com tempo e prática...

Ver cenas de diversos ângulos

Pintar pálidas faces de ébano

Rimar fora da sílaba tônica

Sejam ricas, tímidas, cálidas

A causar expressões atônitas

Provocando reações múltiplas

Pruridos pudicos em escândalo

Apontando-o como periférico

Ser na caminhada um nômade

Sangrar espinhos entre pétalas

Extrair das ostras as pérolas

Mentir uma paixão platônica

Penetrar o fundo do âmago

Desnudando a ânima do público

Tal a fugaz luz do relâmpago

Mágica, repetida e sempre única

Subir pelo lado mais íngreme

Construir à fórmula de Angélica

Dar graça a algum drama trágico

A reflexão no riso do cômico

Com lágrimas em lábios trêmulos

Desvendar segredos de Máscaras

Gravar-se nos lenços de Verônica...

Atravessar perene aos séculos

Cuidar não se tornar uma máquina

Criar em doses homeopáticas

Ao faltarem palavras... sem pânico!

Xícara de paz refaz o fôlego

O vazio certamente efêmero

Lembre-se impossível o unânime

Não inveje demais aos célebres

Méritos podem vir só pós túmulo

No testamento, um desejo último

A ser na hora triste o bálsamo:

Um velório com muita música

Parceiros entoem seus cânticos

E inscrevam na sua lápide:

“Passou rápido como um pássaro...

Este não foi rei, nem príncipe

Aqui jaz um poeta... sem rótulos!”

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 17/07/2017
Reeditado em 20/07/2017
Código do texto: T6057302
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