MANAÍRA NOS ANOS 70

Falo sobre Manaíra

lá pelos anos 70

revestida de coqueiros

e muitos pés de pimenta

quem viveu naquela década

a lembrança o alimenta

tinha aquele coqueiral

também tinha cajueiro

ninguém me deixa mentir

quem passou por lá primeiro

veja a realidade

deste caso verdadeiro

era tudo na areia

tinha até pés de pinhão

juntava uns poços d`agua

criava até camarão

tinha aves de rapina

urubus e gavião

havia lá duas ruas

que eram privilegiadas

primeiro a João Mauricio

porque já era calçada

segundo a Edson Ramalho

por ser ela barreada

falei logo a João Mauricio

pra não causar confusão

por ser na orla marítima

lá só morava barão

militares e políticos

gente do alto escalão

passando a Edson Ramalho

rolava pouco dinheiro

habitava por ali

por dentro dos cajueiros

uns pequenos criadores

chamados de fazendeiros

Dcia na Ruy Carneiro

se via logo a direita

as vacas de Chico Inácio

as holandesas perfeitas

animais de estimação

que a sociedade aceita

olhando ao lado oposto

a vista não embaraça

uma criação perfeita

do velho Pedro das Graças

era um velhote orgulhoso

não aceitava trapaças

era assim a Franca filho

repleta de criadores

com as suas vacarias

não aceitavam impostores

quem contrariasse a eles

jamais recebia flores

logo apos Pedro das Graças

vinha Antôio da Aldeia

um criador respeitado

sem tolerar coisa feia

em seguida vem seu Donda

flutuando na areia

tinha seu Luis Inácio

com seu lindo cavalinho

criava cavalos e vacas

ajudado por Bichinho

que ajudava ao seu pai

desde de pequeninho

o chamavam de Bichinho

porque não era bonito

talvez ele não gostasse

mais não fazia conflito

fingia não ter ouvido

evitando um atrito

depois que ele cresceu

quis mudar de opinião

tentou mudar o seu nome

de Bichinho pra Brandão

mais já era muito tarde

provocou foi confusão

peço desculpa a Brandão

pela minha brincadeira

foi pra descontrair

que falei esta besteira

não vá criar entre nos

algum tipo de barreira

deixamos isso pra lá

e vamos seguir em frente

voltamos aos criadores

o assunto permanente

que vinha falando antes

dessa gente competente

tinha o Dr. Moacir

juiz que não atrapalha

José de Barros homem forte

qualidade que não falha

entre eles ainda tinha

um tal de Joaquim cangalha

Sizenando e Zé severo

ficava ali mais pra baixo

ali na Major Ciraulo

se diziam cabra macho

jamais alguém se atrevesse

de por a mão no seu facho

eram os proprietários

que viviam por ali

viviam todos alegres

levava o tempo a sorrir

chegou um fiscal dizendo

eu vim lhes advertir

ainda tinha mais dois

Ildefonso e seu Bibí

eram pro lado do Bessa

mais também queria ouvir

o que dizia o fiscal

que os mandava sair

Ildefonso era um velhote

dotado de alegria

vivia feliz da vida

com a sua simpatia

dava uma de gostoso

a qualquer hora do dia

ia pastorar o gado

e levava uma tesoura

havia lá uma doida

com o nome de Vassoura

a pegava pra transar

na moita de ervamoura

já falei dos criadores

e de suas fantasias

vem agora os comerciantes

com as suas mordomias

vivia explorando o povo

dia e noite, noite e dia

primeiro falo dos três

que tinha na Franca Filho

era Valdo e Edivan

mais Genésio com seu brilho

que atraia os clientes

com seu piso escorregadio

na Majó Ciraulo tinha

mais quatro comerciantes

Bichinho e dona Rita

com os seus gestos brilhante

Kalhé e José de Donda

ficavam mais adiante

havia também Anízio

que não largava a peteca

ficava ali ao lado

do velho Neco Careca

Neco era vaidoso

meio levado da beca

Zé de Donda e Calhé

por nosso pai foi chamado

a tempo que viajaram

nos deixando para o lado

com certeza eles são

por todos memorizados

ainda existia duas

que era área de lazer

tinha o forró de Cossila

já mais se pode esquecer

Cossila também já foi

deixou de nos dar prazer

depois dela veio outro

chamavam-o de vagão

não sei a quem pertência

mais era coisa do cão

ninguém saia feliz

ao pisar naquele chão

eram estes os comerciantes

que haviam por ali

só Bichinho e dona Rita

conseguiram resistir

um olha pro outro e pensa

quem será que vai sair

vamos recordar agora

após os anos setenta

houve uma evolução

de uma forma violenta

violência amigável

que a todos nos contenta

lá não ha mais criador

todos foram adiante

Deus já levou quase todos

daqui para bem distante

ficando só a lembrança

daquela gente brilhante

houve eu sei muito pouco

mais mesmo assim interessa

hoje em lugar de vaqueiros

de Manaíra ao Bessa

só mora por lá barão

dizendo eu não tenho pressa

eu conheci alguns deles

boa parte já morreu

ainda tem alguns vivos

que jesus se esqueceu

sebe Deus que estou brincando

porque um deles sou eu

FIM

Dados pessoais

Nome do escritor: José Romão de Araújo

Endereço: Rua do Cajueiro 42

Bairro: Portal o Poço

Cidade: Cabedelo

CEP: 58 .106.212

Telefone: { 83} 9. 8805.0770

Zé Romão
Enviado por Zé Romão em 06/08/2017
Código do texto: T6075624
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