RAIMUNDO DOS SANTOS BASTOS - BIRA DA VISGUEIRA

Raimundo dos santos Bastos,

filho de Isaura e Raimundão,

nove de fevereiro de vinte e dois,

nascia um grande campeão,

sempre humilde e trabalhador,

sapateiro de profissão.

Um baixinho super legal,

aqui venho homenagear,

nascido em Alagoinhas,

sua vida venho relatar,

dos seus feitos e façanhas,

visando à todos agradar.

Levou uma vida bem sadia,

desde criança era o seu jeito,

firme no seu dialogar

tratando à todos com respeito,

boas atitudes a cada dia,

intelectualmente fazia grande efeito.

Nos finais de semana,

tirava onda de jogador,

ponta direita endiabrado,

bom de bola sim senhor,

lá no Campo da Caieira,

seu próprio time ele criou.

No final de linha do Uruguai,

o time Canjebrina surgia,

criado com amor e dedicação,

empenho, era o que mais se via,

para estreitar amizades,

com os companheiros do dia a dia.

Da sua carreira musical,

tenho muito que falar,

era bastante requisitado,

para shows animar,

com Alexandre e seu Ritmo,

veio a se profissionalizar.

Muitos amigos não sabem,

nem mesmo eu era sabedor,

que o nosso Bira tocava:

bateria, pandeiro e bongô,

violão celo, tumbadora e maraca,

acreditem sim senhor!

Na Cidade de Valença,

por uma jovem se encantou,

amor à primeira vista,

de imediato se apaixonou,

pelo seu jeitinho manhoso,

a jovem se encantou.

Homem sempre decidido,

nunca foi de tumbiar,

no retorno à Valença,

já foi para noivar,

e falou para o seu Francolino

que à próxima era para casar.

A sogra Joana bem ligeiro,

o enxoval foi preparar,

foram semanas de agonia,

seu sonho estava à realizar,

de Regina sua filha primogênita,

ser levada ao altar.

Homem super responsável,

Cumpridor da sua palavra,

Na Paróquia da Cidade,

com a jovem Regina se casava,

a festa durou três dias,

a alegria dos noivos contagiava.

Solange foi a primeira,

desta salutar união,

logo depois veio o Bira,

o seu esperado varão,

Jorge, Carlos Alberto e Tânia,

sua caçula do coração.

Desde jovem foi dinâmico,

Dedicado na sua profissão,

com seu dom inovador,

no trabalhar com as próprias mãos

foi muito bom neste labor,

e um bom músico por afeição.

Na arte de bate-sola,

muitos clientes conquistou,

inclusive minha mãe Abigail,

revendendo seus sapatos bem lucrou,

por honrar o seu trabalho

grande aldrabão se tornou.

Um sapato bem artesanal,

tirinhas trançadas com jeitinho,

foi uma ideia genial,

elaborada com muito carinho,

com ajuda da esposa,

e também dos seus filinhos.

Homem bom sempre sincero,

responsável no que fazia,

mostrou na arte ser doutor,

no ramo da sapataria,

TC - fitas de couro trançadas à mão,

modelo que a freguesia mais queria.

Com seu sorriso maroto,

e sangue de empreendedor,

com grande dom musical,

no “Trio Elétrico Jacaré” tocou,

no Carnaval da Bahia,

positivamente multidões alegrou.

No Clube Rosa do Adro,

nosso Bira também tocava,

na Avenida Caminho de Areia,

seu filho Jorge o acompanhava,

em matinês sadias,

onde boas musicas sempre rolava.

Conversando com Birinha,

seu amado filho me contou,

que na Ladeira da Conceição,

seu pai também tocou,

na famosa Boite Hi-Fi,

por muito tempo se apresentou.

Jovem nas minhas andanças,

o vi tocar em muitos eventos,

na orquestra do Tabaris,

sempre tocava atento,

e no Baile de Yemanjá,

varávamos madrugadas à dentro.

Em um baile de formatura,

no Clube dos Oficiais: de tenente,

na grande Conjunto Tabajara,

o vi tocar bem sorridente,

pois fazer parte deste grupo,

o deixava muito contente.

Seguindo o rumo do tempo,

este jovem empreendedor,

o seu Mundinho Sapateiro,

fabrica de sapatos inaugurou,

suas finanças melhorando,

para o bairro do Bonfim se mudou.

O porquê do apelido “BIRA”,

deve intrigar todo mundo,

eu sempre me perguntava,

por seu nome ser Raimundo,

para tirar tal dúvida,

fui pesquisar esta história à fundo.

Quando seu varão nasceu,

a alegria foi tamanha,

batizou a sapataria de “Bira”,

para honrar a sua façanha,

aqui está explicada,

esta dúvida tão estranha.

Deste feito Bira tem orgulho,

como diretor teve participação,

mil novecentos e sessenta e seis,

o Leôncio foi campeão,

vencendo o rival vitória,

seu clube de coração.

O Leãozinho Grená,

Ladeira do Paiva seu endereço,

dando verdadeiro show de bola,

virou o Vitória pelo avesso,

por esta grande façanha,

foi apelidado de Moleque Travesso.

Bira sempre foi festeiro,

solidário sem igual,

ajudava todo mundo,

com simplicidade tal,

junto o amigo seu Correia,

fazia um grande Carnaval.

No Bairro do Uruguai,

o Carnaval era contagiante,

grandes blocos a desfilar,

com animação delirante,

palco, iluminação e ornamentação,

feito por dois gigantes.

Relembrando ainda menina,

sua filha Solange me contou,

que na sua simples porta,

três Trios Elétrico parou,

para comemorar seu aniversário,

por muitas horas a festa rolou.

A dedicada esposa Regina,

coitada... teve um trabalhão,

para preparar uma bacalhoada,

feita com enorme satisfação,

esta deliciosa iguaria,

foi servida para um enorme batalhão

Festa que muito curtia,

era a de São João,

armava barracas fazia fogueiras,

soltava fogos, andorinha e balão,

com seu jeitinho peculiar,

com muito amor no coração.

Foi na Feirinha do Bonfim,

o São João mais comentado,

barracas e apresentação de quadrilhas,

que show maravilhado,

e sua fogueira flutuante

deixou a todos intrigado,

Foi na avenida beira Mar 57,

onde a Visgueira começou,

depois no Império Atlético Clube,

associação a qual restaurou,

foram dias de glória,

o espaço para a dança se concretizou.

Lá estive algumas vezes,

vi a Visgueira resplandecer,

seu bom tratar com carinho,

competência e dedicação fez valer,

depois da boa presença dos amigos,

alguém quis ganhar sem merecer.

O clube vivia às mínguas,

Bira encontrou a solução,

primeiro uma faxina legal,

e muito gasto na recuperação,

sem mesmo retirar suas despesas,

da portaria já queriam divisão.

A ganância de nada vale,

queriam lucros sem o mérito devido,

sem ter motivo ou razão

impuseram de jeito atrevido.

Depois da transferência da Visgueira,

o Clube Império esta falido.

Hoje eu sei o porquê do motivo

ao conhecer a justa razão,

na Marquez de Santo Amaro,

estaria a real solução,

da nossa Visgueira do Bira,

dar a sua continuação.

Visgueira dos bons momentos,

datas importantes Bira comemorava,

dia dos namorados, dos pais e das mães,

brilhantismo nunca faltava,

e no Programa de Calouros,

a galera se esbaldava.

Fato bem interessante,

o cantor Betinho me contou:

afirmativa do Vanderlei Automóveis,

na época candidato a vereador,

se eleito seus salários iria distribuir,

com cada visgueirense seu eleitor.

Eu via curtindo na Visgueira,

gente humilde e também doutor,

uma vez apareceu um marinheiro,

bom sambista e compositor,

compôs o Samba da Visgueira,

e ao nosso Bira presenteou.

A Visgueira a todo vapor,

anos após anos se passando,

com seu verdadeiro grude,

alguns casais iam noivando,

enquanto uns apenas se curtiam,

outros iam se casando.

Caldo de sururu e dobradinha,

eram servidos nas terças-feiras,

na parede tinha uma frase,

com afirmativa certeira:

“Quem nunca veio à Visgueira

não conhece a Ribeira”.

Hoje sinto saudades,

boas lembranças a recordar,

das canjas do cantor Vadinho,

com lindos boleros para dançar,

e o esperto garçom Didi

com sua alegria salutar.

Este bom amigo garçom,

que minha mesa sempre reservava,

porém, se eu desse uma chance,

uma cerveja sempre emprenhava,

nas contas dos clientes camaradas,

sorrindo, depois, ainda informava.

Por bem uns dez anos,

travei uma batalha contábil,

com este querido garçom,

que de maneira amigável,

não sei se conseguiu me enganar,

mas, para mim sempre foi confiável.

No Restaurante Bombordo,

sempre ia matar saudades,

dos “Biras” e de outros amigos,

todos os domingos à tarde,

para esquecer os stresses da vida,

nos momentos de pura felicidade

Sem dar bola para a idade,

com suas maracas tocando,

com a simpatia de sempre,

vai a todos agradando,

no Largo da Madragôa,

às tardes de domingo alegrando.

Hoje aos seus noventa e cinco anos,

faz questão de se apresentar,

com suas duas maracás,

chegando até a emocionar,

no Grupo Musical Amigos da Madragôa,

as tardes de domingo a tocar.

Foi com imenso prazer,

e envolto de emoção,

que com este simples Cordel,

homenageio Bira o meu Amigão,

com pureza na minha alma,

e puro amor no coração.

Por tantos serviços prestados,

de uma homenagem é merecedor,

por ser um músico sempre devoto,

como poeta presto meu louvor,

que se registre nos anais da história;

RAIMUNDO SANTOS BASTOS – BIRA:

PATRIMONIO CULTURAL DE SALVADOR.

Chynae
Enviado por Chynae em 19/08/2017
Código do texto: T6088727
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