O BIOMA DA CAATINGA EM CORDEL!!!

Eu por ser um catingueiro

Vou falar do seu bioma

E pra isso me transformo

Num “biólogo sem diploma”

Que ganhou experiência

Ao longo da existência

Por viver nos carrascais

Com essas vivências tantas

Aprendi falar das plantas

E também dos animais.

Como astuto campesino

Eu estou entre os demais

Que ganhou lições de vida

Herdada dos ancestrais

Que viveram na campina

E usavam por medicina

Chá, meizinha, e cozimento,

A benzedeira rezava

E o camponês curava

Seus males, em cem por cento.

Catingueira

(Caesalpinia pyramidalis)

É uma árvore autocórica

Que pelo pequeno porte,

É taxada como arbusto

E a sua madeira forte

Tem uma função geral,

Dentro da érea rural

Nossa nobre catingueira,

Serve pra lenha, carvão,

Estaca. E outra função,

É a medicina caseira.

As folhas flores e cascas

Servem para o tratamento,

De infecções catarrais.

E é ótimo medicamento,

Também pra disenteria,

A catingueira alivia

Até cólicas menstruais,

Com sua rusticidade

Essa planta na verdade

Tem serventia demais.

Marmeleiro

(Croton sonderianus)

No agreste o (marmeleiro)

Essa árvore pequenina

Causa uma função estrema

Para a luta campesina

Transforma-se em joia rara

Pois qualquer cerca de vara

Faz-se com sua madeira

Também como combustível

Tem uma missão incrível

No fogão, essa madeira.

Para o menino do mato

(Marmeleiro) dá seu grau!

Porque é com a sua haste

Que faz cavalo de pau

Pra correr no dia a dia.

E a sua folha macia

Também tem outro atributo

Pois para o roceiro autêntico

Vira papel higiênico

Pra o asseio do matuto.

Juazeiro

(Ziziphus joazeiro)

Nosso lindo (Juazeiro)

Na caatinga é majestade

Sua sombra aconchegante

Nos causa felicidade

É árvore de grande porte

Além disso, é muito forte,

Pois o calor do verão

Com alta temperatura

Não abala a estrutura

Do grande “herói do sertão”.

No âmbito da medicina

(Juazeiro) está presente,

Para o broco sertanejo

É sabão, pasta de dente,

Sua fruta é comestível

Com sabor inconfundível

Sempre muito apreciado,

Esse fruto catingueiro

Logo alimenta o carneiro

A cabra, o cavalo e o gado.

Baraúna

(Schinopsis brasiliensis)

Outra sertaneja forte

É a (Baraúna) bela!

Pois o morador da roça

Faz quase tudo com ela,

Usando a sua madeira

Faz o mourão da porteira,

Os portais do casarão,

As peças para o telhado,

O cabo para o machado,

Pra enxada, a foice e o facão.

Atinge até quinze metros

Não é árvore pequenina,

A semente é voadora,

E na produção de resina

O saguim faz sua festa!

Preservar o que ainda resta

É a nossa obrigação

A espécie está escassa

Pois existe a ameaça

De que haja a extinção.

Quixabeira

(Sideroxylon obtusifolium)

A (quixabeira) é remédio

Potente nessa paragem

Quando alguém leva uma queda

Com a casca faz a bandagem

Pra sarar o ferimento.

E o chá serve como alento

Pra curar o hematoma,

E além dessas qualidades

Tem outras propriedades

Que a medicina se soma.

É árvore de farta fronde

Que causa sombra arejada,

Sua fruta é pequenina

Porém muito apreciada

Por humanos e animais,

Hoje quase não tem mais

Essa planta em nossa terra

O homem com ambição

Causou a devastação

Dela no meu Pé-de-Serra.

Jucá

(Caesalpinia férrea)

O (Jucá) é milagroso

Na área medicinal

Da vagem se faz tintura

Para sanar qualquer mal

Causado por ferimento,

Ameniza o sofrimento

O chá quando utilizado

Pra hemorragia e garganta,

O que destrói essa planta

Só sendo amaldiçoado.

É uma árvore que ostenta

Elegância e formosura

E quando adulta ela alcança

Uns trinta metros de altura

Todo ano ela renova

A casca, assim dando a prova,

Que com essa mutação

Ficará muito mais bela,

Com sua flor amarela

Odorando a região.

Umbuzeiro

(Spondias tuberosa)

O (umbuzeiro) é o símbolo

Da caatinga estou ciente,

Chega a se fingir de morto

Tentando enganar a gente,

As folhas caem no chão

E é em pleno verão

Quando se dá a florada

O fruto é delicioso

O doce é bem saboroso

E tem nome de umbuzada.

Assim falei um pouquinho

Do bioma catingueiro

Propicio da região

Do Nordeste brasileiro

Citei tão somente a flora

Da fauna falo outra hora

Talvez noutra ocasião,

Pra manter a chama acesa

Fazendo sempre a defesa

Da natura em meu rincão.

Carlos Aires

27/09/2017