Fedores da ambição
 
Escrever sobre política
Imaginem a massa crítica
Dos versos que chegam às mãos
Hoje é quase anticristão
Ontem, hilários, ridículos...
Tema recorrente aos círculos
De Jorge Amado a Aragão
 
Canseira que não descansa
Matreiros que não se mancam
De iludir o cidadão
Legislam o fim da esperança
Nomeando seus valores
Com a legitimação das dores
E os fedores da ambição
 
Ambicionar é humano
É o motor que usamos
Para o nosso crescimento
Mas o infinitivo do verbo
Não sugere esquecimento
Dos princípios a freios éticos
Que estão juntos todo tempo
 
É que a lista de apelos
Feitas de frases do lícito
Que dão sombra sem o selo
 E necessário requisito
Distorce que eriçam os pelos
Que não se cansam de lê-los
Para peitar o jurídico
 
Não é apenas cinismo
Já passou desse estágio
Chegou-se a um sincretismo
Correto é “C” de contágio
Transformando em zumbis
Quem acreditava em si
E nas leis do nosso estado
 
Não se procura um herói
Um líder, um estadista
Porque somente um milagre
A misericórdia infinita
Mata os vermes que corroem
O país que se constrói
Sem moral e base cívica
 
Tal como o efeito cascata
Dos salários astronômicos
Desce pra todas as praças
Os exemplos mais icônicos
De irreverência nata
Intrínseca dos magnatas
E do tráfico endêmico e crônico
 
Vê-se a droga e o dinheiro
As armas dessas quadrilhas
Terem semelhante cheiro
Aos ternos lá de Brasília
Tal serem os interesses
Pessoais desses parceiros
Comuns à mesma cartilha
 
A pergunta angustiada
Que faz a população
A cada acontecimento
Bizarro da ocasião
É: até quando essa praga
Manter-se-á na vanguarda
Dos destinos da nação?
 
O alerta da história
Nos exemplos de países
Que tiveram seus gestores
Corruptos até as raízes
São de cabeças que rolam
De maneira assustadora
E as elites não dão bola
 
O Status quo democrático
De uma plena liberdade
E o apoio midiático
Mesmo distorcendo fatos
Corre risco e não percebe
Quando elege seus hereges
E mantém os seus mandatos