SER NORDESTINO É ASSIM!!!

Aqui vou falar um pouco

Como é ser nordestino!

É está sempre preparado

Para migrar sem destino

Pois quando a seca castiga

O “cabra” sai cá “bixiga”

Correndo dessa “marvada”

Mas num deixa de assuntar

Que é pra depressa “vortar”

Na primeira chuvarada.

Ser nordestino é comer

Mocó, preá, e teju,

Peba, cassaco, furão,

Rolinha assada, “lambu”,

Zabelê e “cordoniz”

É viver sempre feliz

Enfrentando a vida dura

E quando a chuva se some

Passa sede, passa fome,

Aflição e amargura.

Ser nordestino é criar

Um cachorro “vira lata”,

Um jumento, um bode velho,

Um passarinho, uma gata,

Cabras, galinhas, ovelhas,

Um cortiço de abelhas.

Quando é escassa a fartura

Ele sequer se apoquenta,

Satisfeito, se alimenta,

Com farinha e rapadura.

Nordestino não se avexa

Pois sempre dá um jeitinho

“Prumode” encher a barriga

Come fava com toucinho,

Come cuscuz com batata,

Xerém, maxixe com nata,

Piaba, piau, guarú,

Come fruta de facheiro

Ou criação do terreiro,

Guiné, galinha e peru.

O nordestino ainda come

Imbu tirado no pé,

Fruta de mandacaru

Come o coco catolé,

A fruta de jatobá,

O mel do arapuá

Ou mesmo a vagem de icó

Macaxeira, tripa assada,

Carne de sol e buchada,

Sarapatel e mocotó.

O nordestino carrega

No coração muita fé,

Em Deus, em Nossa Senhora,

Jesus Cristo, São José,

E é com muita alegria

Que viaja em romaria

Repleto de devoção

Assumindo o compromisso

De venerar “Padim Ciço”

Que é o protetor do sertão.

Frei Damião, outro santo,

Que o nordestino venera,

Por um milagre, um prodígio,

O devoto sempre espera

Com convicção e crença.

Se por acaso alguém pensa,

Que vivemos de tristezas

De fato está enganado,

Pois vou deixar relatado

As tradições e belezas.

Ser nordestino é gostar

De festa de apartação

Cantoria, vaquejada,

Xote, Xaxado, Baião,

Um bom forró Pé-de-Serra,

Qualquer filho dessa terra

Sabe bem aproveitar

Começa quando anoitece

Sem exaustão nem estresse

Finda quando o sol raiar.

Ser nordestino é plantar

Em março, milho e feijão,

Pra desfrutar da fartura

Na noite de São João,.

E com esperança sonha

Em comer muita pamonha

Canjica, milho cosido,

Sem ostentar pompa ou luxo

Dançar um bom “rala bucho”,

Feliz e descontraído.

Nordestina nem se liga

De está em voga com a moda

Veste um vestido de chita

E vai pra um coco-de-roda,

Cantar, dançar, namorar,

Pois só quer aproveitar

Esse momento legal

Relaxada, não se inibe,

Com simplicidade exibe

A beleza natural.

Ser nordestino é manter

Viva, cada tradição,

Como o frevo em Pernambuco

Boi-bumbá no Maranhão,

A culinária baiana

Na terra paraibana

A cultura é firme e forte

Como tem histórias boas

Em Sergipe e Alagoas

E no Rio Grande do Norte.

Piauí com seus folguedos

No folclore faz figura

O Ceará se destaca

Como um marco na cultura,

E como principal tema

O romance de “Iracema”

É ótimo, espetacular,

Esbanja encanto e beleza,

E a capital Fortaleza

É de lindeza sem par.

Ser nordestino é viver

No litoral, no sertão,

Banhar-se nas belas praias

Conviver com a sequidão,

É ser culto ou iletrado

É trabalhar no roçado

Ser empregado ou patrão

Empresário ou indigente

Ser alegre, ser contente,

Sendo endinheirado ou não,

Ser nordestino é gostar

Da sua terra elegante

Dela nunca se esquecer

Por mais que esteja distante

É ter completa noção

Que esse pedaço de chão

Engrandece o seu astral

Mesmo sem nele viver

Precisa sentir prazer

Desse seu torrão natal.

Ser nordestino é saber

Que a região não é pobre

Que a nossa gente é pacata

Nosso coração é nobre

Com perfeição, sem defeito,

Que sofre com o preconceito

E com descriminação

Desprezado e esquecido

Mas meu Nordeste querido

Orgulha a nossa Nação.

Ser nordestino é querer

Preservar a humildade

Seja na cidade ou campo

Viver com honestidade

É querer fazer o bem

Não fazer mal a ninguém.

A história chega ao fim

Porém ao leitor eu digo

O nordeste e meu abrigo

Ser nordestino é assim!

Carlos Aires

10/10/2017