sertão inspirador

LITERATURA DE CORDEL:

Sertão inspirador

Um cavalo cabisbaixo

Um bornal cheio de milho

No curral por natureza

A vaca pari um filho

Lá do céu a lua desce

Com o seu bonito brilho

Um jumento no muturo

Galinha catando grão

Um preá na arataca

No poleiro um pavão

Menino jogando bila

Na sombra de um oitão

Uma rede na varanda

Uma trava na janela

Uma banda de carneiro

Cozinhando na panela

Um torno numa parede

Segurando a velha sela

Um porco lá no chiqueiro

A lavagem na gamela

O peru gordo cevado

Um capão a nêga pela

Pra fazer do sangue dele

Uma boa cabidela

A sombra do umbuzeiro

Um forró uma toada

Aquele cheirinho bom

De tripa ou de buchada

Isso é coisa que só tem

No nordeste camarada

Festa de gado no mato

Só entra quem tem coragem

Tem que ser firme e forte

Pra sair com a vantagem

Se não for apetitoso

Vai levar só desvantagem

Uma linda sertaneja

Coberta de humildade

Sem ter brinco nas orelhas

Sem batom sem vaidade

Com o coração repleto

De amor e de bondade

Caboclo bom no trabalho

Suado e de mão grossa

No cabo duma enxada

Com ele não há quem possa

Trabalha o dia inteiro

Nem se quer ele se coça

Uma roda de poeta

Poetando a poesia

Fazendo versos na hora

Cada qual diz o que cria

Um rima sobre saudade

Outro fala de alegria

Um menino de bituca

Escutando os senhores

Desse jeito ele adquire

Com certeza mais valores

Pra saber que a nossa vida

Não pode ser só de flores

Fogão movido à lenha

Panela feita de barro

Aquela junta de boi

Puxando o velho carro

Um galho de pião roxo

Na mesa dentro do jarro

Um balanço pendurado

No galho duma mangueira

Um cavalo amarrado

Debaixo da aroeira

Um ninho de passarinho

No galho da catingueira

Um menino a arapuca

A ponteira e o pião

Estilingue no pescoço

Andando de pés no chão

Feliz e dando rizadas

Tocaiando um azulão

Um cachorro estirado

Despreguiça na varanda

Mulher varre o terreiro

Cantando uma ciranda

Enquanto um beija flor

Suga néctar na lavanda

Um vaqueiro aboiador

Com uma voz de veludo

Tem um coração bondoso

Mesmo sendo bem sisudo

Por amor duma cabocla

Ele enfrenta quase tudo

Uma cruz defronte a porta

Oratório no recanto

Um povo que dá risadas

Mesmo quando sofre tanto

Um rosário no pescoço

A medalha de um santo

Uma fé forte e feroz

Vibrando no coração

Faz com que o sertanejo

Resista no meu sertão

E aguente resistente

Uma braba sequidão

Uma festa uma novena

Padre Chico e Damião

Um carro cheio lotado

Chamado de caminhão

Leva um bando de gente

Para uma procissão

É bonito o meu sertão

Vale a pena relatar

Meu nordeste tem grandeza

Que não dar nem pra somar

Um cordel é muito pouco

Você pode acreditar

Se ainda não conhece

Venha aqui pra conhecer

Com certeza vás gostar

E não vai se arrepender

Pois talvez até procure

Por aqui também viver

Venha dançar um baião

Nas festas de vaquejada

Venha curtir um repente

Numa rima improvisada

Venha reparar de perto

Um coco de embolada

Venha dançar um xaxado

Numa noite de são João

Venha pra tomar pitu

Com cabrito e com pirão

Venha conhecer um pouco

Os causos de lampião

Eu falei do meu sertão

Meu nordeste Brasileiro

Falei pouco da cultura

Desse povo hospitaleiro

Do qual eu já faço parte

Com orgulho verdadeiro

Um abraço um até logo

Do poeta Avelino

Vou ficando por aqui

Por aqui mesmo termino

Que todos fiquem com Deus

O supremo pai divino.

Diosmam Avelino- 22-09- 2015

@direitos reservados...

DIOSMAM AVELINO
Enviado por DIOSMAM AVELINO em 20/10/2017
Reeditado em 31/05/2019
Código do texto: T6147861
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