Justiça

Pensando em nós, habitantes de um mesmo lugar chamado Terra. É chegada à hora da preocupação com o que estamos fazendo com esta imensa nação planetária. Não temos mais países, estados, cidades. Somos irmãos, moradores de um mesmo espaço.

Desta mãe que nosso Criador no deu, podemos tirar tudo: alimento, calor, beleza, encanto, sustento. Mas isto é destinado a todos. Somos testemunhas da imensa pobreza em que vive a maioria dos homens. Nada está longe para nós. Num mundo globalizado como o nosso, não passamos imunes às informações. Temos o exato conhecimento de que muitos estão morrendo de fome. Outros tantos não têm acesso à educação e outras necessidades inerentes ao ser humano.

E o que podemos falar do futuro? Em nome de uma satisfação pessoal, e por uma preocupação de ter a exata sensação de vivermos dentro dos padrões impostos, podemos inviabilizar a sobrevivência de gerações futuras.Matamos nossa mãe, é isto. Ela, que torna viável nosso dia a dia, recebe um tratamento desumano.

Vivemos como se tudo jamais acabasse. E sabemos, só Deus é eterno. Se tirarmos algo de mãe Natureza, há que ser feito de forma racional e que não prejudique a continuidade de qualquer espécie.

Em seu livro 'Civilização Planetária', Leonardo Boff cita o fundamental: que todos os seres vivos têm o mesmo código genético. A diferença reside nas diferentes combinações deste código. Assim, continua ele, São Francisco de Assis não estava errado quando chamava os animais de irmãos.

Mas que destino têm estes nossos irmãos, se nem ao menos o ser humano conseguimos respeitar. A paz tem que ser um caminho para uma vida mais justa, que traga em seu bojo, reais possibilidades para todos.

Mas o que fazemos é justamente o contrário, vamos em frente, não importa que o outro sofra ou chore, que não tenha o que comer, que não possa receber uma educação digna. Temos mais a preocupação de acumular para não faltar. Como se pudéssemos prever o futuro. Como se controlássemos nossos destinos. Desta forma, chega-se a uma sociedade injusta, em que muitos sofrem necessidades para que poucos tenham assegurados seu 'legítimos' direitos.

Soluções? Não as tenho, mas carrego comigo a preocupação de estar fazendo parte de uma grande injustiça. Penso em Deus. O que Ele teria a me dizer neste exato momento? Também não sei, mas tenho a certeza que não era este seu plano. Ao nos colocar em um mundo tão perfeito, que supre todas nossas expectativas, acredito que desejaria que partilhássemos mais o que nos é ofertado.

É neste momento que meu coração se sente pequeno e isolado. Onde estão todos? Onde posso encontrar meu limite para tornar possível a vida de um irmão? Cada um tem sua resposta. E a reflexão conjunta pode nos levar a um início, a uma vida mais digna para todos.

O que falar então da espiritualidade? A consciência de que esta vida é efêmera, e que somos viajantes rumo a um mundo menos material e mais justo. A certeza da existência de um Deus pessoal, amoroso e receptivo, que não discrimina mas nos acolhe a todos. Pode ser o caminho. A fé em Deus passa então pelos companheiros de jornada. Quero começar, quero saber o que se passa com o próximo. Quero tirar de meus olhos a confortável venda que me permite viver independente da carência à minha volta. Quero ser feliz, sem que para isto, outro pague o preço alto desta injusta alegria.