Acorda, Brasil!
As Eleições Estão Aí!!



- Ai! Vai começar essa apurrinhação toda de novo...
- As eleições?
- Isso!
- É, dona Zuleica... É chato mesmo...
- Ô! Bota chato nisso! Eles aparecem no melhor horário da TV
falando bobagem, prometendo bobagem...
- Enfeiam tudo com seus cartazes e faixas...
- Atrapalham o trânsito com carros de som e bandeiras...

- Verdade, dona Zuleica, mas...
- “Mas” o quê, Helena?
- Este é o momento da gente mudar tudo que taí...
- Mudar tudo, Helena? Você acha mesmo que vai mudar tudo?
- Achar eu não acho. Mas que é a nossa chance, é.
- Só se for para pior, Helena.
- Credo, dona Zuleica, que pessimismo!
- Você tem razão, Helena. Se fosse necessário escolher uma única palavra para essas eleições, esta seria “pessimismo”.
- Não! Por quê?
- Olha só! Nas eleições passadas, quase todo carro nas ruas tinha algum adesivo de candidato. Hoje, o que mais vejo é “Vote Nulo” ou “Tenho vergonha do congresso do meu país”...
- Não pode, dona Zuleica! O Congresso é a cara do povo de um país. A gente não pode ter vergonha da nossa própria cara.
- O problema é que a turma confundiu essa sua frase e há muito tempo não tem mais é vergonha na cara. É dinheiro na cueca, nas meias, nas bolsas...
- Mas agora tem o ficha limpa...
- Que só barra o bobo que se deixou pegar.
- Já é um começo, né?
- É, Helena. É.
- O importante é ficar atento, ver o que seus candidatos já fizeram, o que estão prometendo fazer... Escolher o melhor, votar com consciência.
- E se nenhuma das opções disponíveis for melhor?
- Vota nulo! Ouvi dizer que anula as eleições se muita gente votar nulo.
- Quem dera, Helena... Infelizmente, o voto nulo não vale nada.  É igual a votar em branco. Nem como protesto serve.
- Anhé? E aí? Vota no menos pior?
- Isso. O que desanima é que, mesmo que consigamos colocar gente boa no Legislativo e no Executivo, eles vão ser obrigados a negociar e governar com a velha canalha de sempre, os casuístas, oportunistas, os “artistas”...
- É... tem demais, né? Tiririca, Mulher Pera, KLB...
- Sim! Os partidos se aproveitam da popularidade deles para conseguir o voto de legenda e colocar outros nomes lá dentro, mais ligados aos seus interesses...
- Burro é quem vota neles...
- É... e é muita gente. Para você ver porque eu ando tão desmotivada, tão pessimista...
- Mas não pode! Se as pessoas que têm mais consciência se deixarem abater, aí é que a coisa desanda mesmo. Tem um ditado que diz que para que o mal prevaleça, basta que as pessoas de bem não façam nada.
- Não é um ditado, Helena. Foi Edward Burke quem disse isso.
- Eduarde Burque?? Conheço, não. Mas isso não importa, dona Zuleica. O que importa é que a senhora tem que se animar.
- E o que é que eu posso fazer, Helena? Sou só uma!
- Converse com as pessoas... ajuda a quem não sabe votar.
- Nossa, Helena! Estou impressionada com você... Nunca pensei que você fosse uma pessoa tão politizada.
- E não sou, dona Zuleica. Isso é só um sonho seu... Daqui a pouco a senhora vai acordar e eu vou estar lá na cozinha, pensando em tudo, menos em eleições. E na hora H, vou escolher o candidato que o pastor da igreja mandar, ou o que me der um folhetinho mais bonitinho.
- Não pode, Helena! Depois de tudo o que você me disse, você não pode me decepcionar assim.
- Mas não fui eu. Foi sua consciência. É ela quem quer que você saia dessa letargia... Vamos! Precisamos reagir! Acorda! Acorda, Brasil!

Acoordaa!

- Acorda, Zuleica! Acorda!
- Ãh?... Ah! Oi, Elísio!
- Caramba! Tô te chamando há horas...
- Eu tava sonhando...  Puxa! Eu tava sonhando mesmo??
- Acho que sim.
- Que droga! Você precisava ver a Helena...
- Você tava sonhando com a Helena?
- Eu tava... E ela me dizia... Ah! Deixa pra lá... Vamos lá!
- Onde, mulher?
- Acordar o Brasil, ué!


Imagem daqui.

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Acorda Brasil
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