CRÔNICA #024 - O CASAMENTO, O DIVÓRCIO E A RECICLAGEM

Ouvimos quase diariamente que A e B se divorciaram. Motivo: Incompatibilidade de gênios. Taí uma resposta que não engulo. O casamento é um grande desafio e uma engenhosa tarefa de conjugar os opostos, os gênios antagônicos, as pessoas diferente, pois quer queiramos ou não somos diferentes nos mínimos aspectos. A ideia de perfeição dois dois é extremamente utópica e não cabe nesse contexto. Precisamos ser criativos e tirar proveito dessas diferenças. Não para nos aproveitarmos das situações, mas para construirmos com o material disponível. Tiraria o chapéu se tratássemos o matrimônio como os recicladores de lixo.

Quanta arte brotando de todos os descartes! Por que não reciclaríamos nos nossos lixos emocionais? Quanta paz, amor e felicidade poderíamos colher se cultivássemos essa arte de reciclagem. Notem que os recicladores não colhem do lixo simplesmente para tornar as coisas mais inúteis e indesejáveis. Não! Mas descobrem as preciosidades que teimamos descartar e redescobrem sua preciosidade e dar-lhe o devido destaque e lugar de honra. Se os casais assim não fizerem, correm o risco de outro 'reciclador' descobrir o diamante bruto que você descartou, pensando tratar-se uma pedrinha sem valor. E sua dor será ainda maior em ver o que perdeu e como o outro é bem feliz. Pior é ver os seus filhos chamando a outro de papai.

Considero ainda o casamento, embora seja pobre a comparação, a um jogo de paciência jogado a dois. Quando jogamos paciência, a maneira como conduzimos as cartas pode determinar situações de bloqueio do jogo. Daí tenho duas opções. Abortar o jogo, ou simplesmente dar sucessivos "CTRL-Z" até reencontrar o caminho para a solução do jogo. Gosto de visualizar nas estatísticas as vitórias que conquistei e quase nenhuma derrota. Se tivéssemos o mesmo proceder no casamento, deixando o orgulho e o falso "amor próprio” de lado, e déssemos tantos "CTRL-Z" fossem necessários para reencontrar o rumo certo do nosso romance, certamente o matrimônio não se desgastaria como acontece, mas a cada dia se robusteceria e seríamos muito mais felizes. E os nossos filhos mais ainda, pois quer queiramos ou não, eles sempre pagam o pato já em decomposição que nem compraram.

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 29/09/2010
Reeditado em 24/02/2011
Código do texto: T2526938
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