Crônica VI: Hospitais de Belo Horizonte

Hospitais de Belo Horizonte

Ana Esther

O espírito da Mochileira Tupiniquim é fiel. Ele a acompanha sempre, não apenas em viagens de turismo e passeio mas também nas de visita a familiares, negócios, estudos... Foi assim, então, que a mochileira, fez uma viagem hilariante, depois de passada a tragédia, é claro, para Belo Horizonte: um Congresso de Professores Universitários de Inglês na UFMG. Aproveitaria de quebra para rever uma grande amiga pois esta oferecera-se para hospedar-me durante o congresso.

A viagem começou então em Florianópolis onde pegou o ônibus para Curitiba ao meio-dia. Em Curitiba, passou o resto do dia matando a saudade com amigos queridos que até a levaram a passear para lá e para cá. Foram até num hospital falar com o médico da filha da amiga que se operara há poucos dias. De noite levaram-na para a rodoviária onde a sua longa, bem longa, viagem começou até a capital mineira.

Após tantas emoções naquele dia não conseguiu pegar no sono, nem a vizinha de banco e tiraram a oportunidade para conversar pelos cotovelos! Até capotarem de sono quase ao raiar do dia. Bem na hora de chegarem ao destino. Ela estava exausta, mal via a hora de ir para casa da amiga e dormir de verdade. Na rodoviária, lá estava a amiga Sônia sorridente esperando alegre, acompanhada por um amigo dela. Os dois prontos para levarem-na a curtir os atrativos de Belo Horizonte num lindo domingo de sol!

Só passaram em casa para largar a mochila, tomar um banho e sairem para o passeio. Lá se tocou ela um pouco reanimada pelo banho. Deixo os detalhes do que aproveitaram para outro momento, mas garanto que retornaram para casa quase meia-noite, bem faceiros, pois tiveram a oportunidade até de visitar um senhor amigo da Sônia que estava no hospital se recuperando de uma operação no coração.

O congresso começava às 8:00h, ela levantou às 6:30, pois tinha que descobrir os caminhos e o ônibus para a UFMG que a Sônia explicara. Chegoui à Universidade bem empolgada! Mas morrendo de sono... tudo transcorreu maravilhosamente bem, até antigos colegas dela ela reencontrou. Os trabalhos do congresso somente terminaram às 20:00 e quando então retornou de ônibus para casa onde chegou em torno de 21:15.

Chegou com um início de dor de garganta: o extremo cansaço, o ar-condicionado que transformara as salas em verdadeiras geleiras... Alérgica que é a remédios resolveu gargarejar com uma pitada de sal... Não, como ela teria um dia seguinte super intenso, resolveu trocar a pitada por uma colher de sopa de sal, aumentando assim a potência curativa. Com a garganta já inflamada o sal bateu ali e... Foi o início do suplício! Com uma dor lancinante sentiu uma micro bolha no céu da boca formar-se e transformar-se numa bolha gigantesca.

Pânico! Chamou a amiga berrando, chorando, apavorada. A amiga, ao ver a enorme bolha de sangue no céu da boca desesperou-se. Foram correndo para a Emergência do primeiro hospital que ela achou. Infelizmente havia ocorrido um acidente e a emergência estava lotada. Foram para outro hospital, o mesmo drama. A caminho do o terceiro hospital a bolha de sangue explodiu!!! Ela Gastou um rolo inteiro de toalhas de papel e o sangue não parava. Nesse terceiro hospital, conseguiram um médico de plantão que depois de meia-hora a atendeu. A essas alturas o sangue já havia parado de jorrar mas o céu da boca estava em pandarecos.

Resultado, pobre Mochileira Tupiniquim, passou a semana mal da garganta, tomando homeopatia, e não podendo comer sal nem açúcar, nada quente nem gelado... ou seja, aqueles maravilhosos quitutes mineiros que o congresso ofereceu em passeios e visitações, ela só ficou olhando com água na boca. E em Ouro Preto que houve um almoço típico de confraternização, então? Ah, aí ela não resistiu e atacou os manjares... doeu o que deu, ela quase morreu de dor no céu da boca, mas valeu a pena!

Ah, antes de deixar Belo Horizonte ainda foi a outro hospital, visitar a avó da Sônia que estava com sérios problemas. Ela nunca havia "passeado" tanto em hospitais como nesta viagem! Essa maratona hospitalar ficou para a história da Mochileira Tupiniquimm – e gargarejar com uma colher de sopa de sal, nunca mais!!!

*Eu, Ana Esther, escrevi essa crônica da Mochileira Tupiniquim em 14/11/2009.