ELE, NERUDA, E SUAS BELAS MULHERES

Recentemente voltei à casa do poeta chileno Pablo Neruda. Trata-se de um belíssimo Museu, um interessante ponto turístico, cujo passeio já o realizei muitas vezes acompanhando amigos e familiares. Há uma dinâmica nesse tour com a qual não estou completamente de acordo, mas essa história já foi narrada no me conto surrealista TOMANDO VINHO COM NEFTALI.

Dessa vez, ao ingressar naquele recinto, decidi observar com mais atenção algum detalhe, algum objeto de arte, algo importante e íntimo que antes tivesse me escapado aos olhos. Não demorei muito em poder encontrá-lo.

Retirando-me do quarto matrimonial e caminhando por um corredor, encontrei uma pequeníssima habitação, cujas paredes e a porta estavam completamente forradas com uma coleção de cartões postais dos anos 20 e 30. Nessas fotos em branco e preto (naturalmente com aquele maravilhoso tom envelhecido e amarelado) podiam-se apreciar belíssimas e esculturais figuras femininas (cantoras, atrizes ou escritoras famosas). Realizando uma breve pesquisa, pude comprovar que colecionar esses postais, principalmente de atrizes francesas, tratava-se da moda mundial naquela época.

Haverá leitores que poderão discordar de minha opinião ao descrevê-las com o adjetivo “escultural”, talvez por uma questão de diferença nos conceitos de padrões de beleza. Dentro de minha percepção, os fotógrafos dessa época foram magnânimos, capazes de entregar-nos a essência e o âmago da mulher.

Gostaria de convidá-los a que fechem os olhos por um minuto, e imaginem Ele, Neruda, e suas belas mulheres.

...” Corpos moldados como gesso de carne e osso, em posições de verdadeiras estátuas. Olhares profundos, tristes. Sensualidade expressada com um leve toque nostálgico, delineado numa forte maquiagem nos olhos e na boca. Rebeldia e transgressão.

Algumas delas (pouquíssimas, mas presentes), com finos tecidos de seda enrolados estrategicamente nos corpos, entregando propositalmente uma nudez elegante e artística que seduziria aos olhos do grande poeta do século XX...”

O mais fácil seria que nos colocáramos a imaginar o que nosso respeitável poeta pensava enquanto admirava essas belas mulheres. Mas quando saí daquele lugar, sendo a guia turística também uma mulher, mutuamente nos olhamos, nos sorrimos e de forma quase simultânea, exclamamos:

“ Oh, meu caro poeta! Concentremo-nos e fiquemos com a beleza que essas mulheres lhe inspiraram para o canto e a voz latinoamerica em suas poesias...”.

Agradecimentos as belas palavras, inspiradas nessas belas mulheres:

Fernando A Freire

“...Se não puderes ser uma estrada,

Sê apenas uma senda

Mas sê o melhor no que quer que sejas...

Se não puderes ser o Sol

Sê uma estrela

Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...”

Ciro Fonseca

“...E nesse território, de teus pés à tua fronte, andando, andando, andando eu passarei a vida...”

Inezteves

"...Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio

Ou flechas de cravos que propagam o fogo:

Te amo como se amam certas coisas obscuras,

Secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva

Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,

E graças a teu amor vive escuro em meu corpo

O apertado aroma que ascendeu da terra..."

Gelci Agne

.."Quer desenhar, fecha os olhos e canta!...'

Millarray
Enviado por Millarray em 13/10/2011
Reeditado em 16/10/2011
Código do texto: T3274103
Classificação de conteúdo: seguro