Ditadura Eletrônica, o desabafo de um Internauta

Caros amigos, que perdem seus preciosos minutos me lendo. Dessa vez, peço encarecidamente, alguns minutos de sua atenção para ler esse desabafo, que o faço com toda a sinceridade e revolta momentânea.

Muito se tem lido, ouvido, discutido, "twittado" sobre essas leis anti-piratarias, mais conhecidas como SOPA (Stop Online Piracy Act) e PIPA (Protect IP Act), que nada mais são do que leis que dão carta branca ao governo americano, para combater todo e qualquer site que veicula conteúdo com direitos autorais sem permissão.

Enfim, deixando todo essa explicação de lado, pois já há informação suficiente na rede sobre o que essas leis são e podem fazer, venho por meio deste texto, discutir as ações arbitrárias que foram realizadas essa semana (19/02/2012), que nada mais foi o fechamento do Megaupload e hoje (22/02/2012) o fechamento voluntário do Filesonic, sites habitualmente usados por milhares de pessoas para baixar seus arquivos, sejam eles músicas, documentos ou programas.

É inegável que a pirataria, através de seus meios físicos (entendo por pirataria, algo que se comercializa sem permissão) irritou profundamente a indústria fonográfica mundial e a de cinema, que não soube o que fazer para combater esse mal. Desde quando o saudoso disco de vinil foi abolido de nossas vidas, o CD foi inventado e logo após o NAPSTER veio para mostrar que os meios digitais e virtuais de áudio e vídeo vieram para ficar. MP3, FLAC, Lossless, RMVB, ISO e todas os outros formatos de arquivos de mídia nasceram para nos dar versatilidade e facilitar nossas vidas.

No Brasil, especialmente, comprar um trabalho de um artista, seja ele qual for, é algo relativamente caro, devido a absurda tributação que incidem sobre esses trabalhos, que em nada, ou melhor, em pouco mudou com a aprovação da PEC da música.

Eis então, que eu, como bom amante do rock e do blues, vi nos compartilhamentos, uma forma de conhecer novos artistas e admirar os velhos. Que atire a primeira pedra aquele que nunca baixou, compartilhou com seus amigos ou viu naquele Blog, aquela raridade e não resistiu, tomou à si um trabalho para ouvir e se deleitar.

Compartilhamento, não é pirataria. É divulgação e muito se percebe, que vários artistas atuais, remanesceram e estouraram através do compartilhamento na Internet, por milhares e milhares de pessoas. Acha que Justin Bieber se tornou o ícone que é porque apareceu em algum programa do Jay Leno? - Adele foi reconhecida como voz do ano porque ganhou algum concurso de canto? - Lady Gaga é a popstar da década porque lançou algo semelhante ao disco "Thriller" de Michael Jackson? - "The Walking Dead" se tornou um dos melhores seriados de 2011 por que foi bastante comprado nas magazines e lojas? - A resposta para todas essas perguntas é: todos eles nasceram como verdadeiros fenômenos da internet, movendo milhares e milhares de pessoas a divulgarem seus vídeos, baixarem alguns discos seus ou coisas do tipo. E eles deveriam se orgulhar disso.

Não existe pirataria, definitivamente. A internet é a nova maneira de comunicação e os engravatados tem que admitir isso. Não se pode voltar atrás em meio à essa revolução digital. Todos os dias saem novidades nas redes, um anônimo se torna um fenômeno como um simples ato de beber um copo de água, as informações correm numa velocidade absurda, como se nunca viu antes.

É preciso ciência daqueles que trabalham com o meio artístico, sejam eles gravadoras, artistas, produtores de cinema e outros, de que a internet é a "solução" que eles insistem em não enxergar. No momento, não se trata de vender o seu trabalho, logo, o que se vende para um, o mesmo compartilha para outros. A ordem é divulgar, fazer publicidade, tornar conhecido em todo o canto do mundo.

A rede é poderosa e deve-se fazer bom uso desse poder. Recentemente, o FBI, que estava na sua caçada infernal ao Osama Bin Laden, agora resolveu, da noite pro dia, caçar os hospedeiros de arquivos, seja ele de que tipo, que mantinham serviços pagos por nós usuários, como se fossem verdadeiros terroristas capazes de tirar milhares de vidas insanas.

Isso é revoltante. Estão, gradativamente, monitorando nossos movimentos, o que é dito e compartilhado e como quem não quer nada, estão instaurando uma verdadeira ditadura cibernética. Isso mesmo, se você posta que está bem, eles sabem, se você fez algo de errado, também saberão... e darão um jeito de te pegar.

Os homens de preto estão te controlando e te vigiando, onde quer que esteja. Download, algo que era simples e rotineiro, tornou-se algo potencialmente criminoso. Os norte-americanos, que sempre pregaram a liberdade, o espírito aventureiro de ser livre, o "Born To Be Wilde" agora mostra sua real intenção em mexer com as estruturas básicas, desse mundo que se chama internet.

Isso é o fim? - Pode ser que não... mas é o começo do "cale-se e faça o que mandamos", que por mais incrédulo que isso seja, é a lavagem cerebral nos internautas e usuários de toda a rede.

Sei que o que digo, pode ser paranóia. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas esse texto eu escrevo, para aqueles que realmente querem fazer algo para que isso não aconteça. Nada de Tango Down, ou qualquer coisa de hacker. Tem que se protestar com algo que machuque, e muito, o bolso dos empresários e governantes desse mundo. Não é solução fechar sites e controlar o que visitamos, isso não é democracia. Não se pode impedir o curso natural da comunicação da humanidade. Os meios virtuais vieram para ficar. Que tal se você deixasse de assistir aquele seriado que você tanto gosta, deixasse de ouvir sua banda favorita, não comprasse nenhum trabalho de nenhum artista, elaborasse uma greve de mídia? - Parece difícil e é, vivemos de arte e ela é importante nas nossas vidas. Mas tem que se dar um "stop" para aqueles que acham que irão, como deuses, controlar nossas vidas e nos alienar.

Aos que discordam completamente comigo, entendam, é um desabafo de quem realmente está cansado dessa sociedade fajuta e economicamente cruel. Não se pode haver opressão, não podemos aceitar opressão. Devemos combatê-la, com unhas e dentes, da maneira que for possível, tal qual esse texto o faz, que mostra o desabafo de uma "pequena formiga" na sociedade, mais um dos milhões de internautas desse mundo.